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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Nova "guerra dos pneus", com custos sob controle, faria bem à Fórmula 1

Pneus da Pirelli, fornecedora única da Fórmula 1 desde a temporada 2011 - Pirelli
Pneus da Pirelli, fornecedora única da Fórmula 1 desde a temporada 2011 Imagem: Pirelli

Colunista do UOL

07/06/2023 11h40

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A Bridgestone pretende voltar à F1, dizem as boas línguas do paddock.

A marca japonesa estaria disposta a participar da concorrência aberta pela FIA para fornecimento de pneus à categoria a partir de 2025. Inicialmente, o contrato irá até 2027, mas pode se estender por mais uma temporada.

"A Pirelli quer continuar, a Bridgestone planeja voltar", escreveu Roger Benoit, do suíço "Blick", talvez o mais veterano e certamente um dos mais bem informados jornalistas da F1.

Existe aí um dilema bobo, ultrapassado. E abre-se uma grande oportunidade.

Desde 2011, quando a Pirelli retornou ao esporte substituindo exatamente a Bridgestone, a F1 vive um monopólio no fornecimento de pneus. Não é lei de mercado. É decisão dos dirigentes.

À época, FIA e FOM _que foi sucedida pela Liberty Media_ começavam a tomar medidas mais drásticas para reduzir os custos das equipes, que só faziam escalar. E uma das principais culpadas para isso nos anos anteriores foi a "guerra de pneus" entre diferentes marcas.

Depois de alguns ensaios nos anos 70, a Bridgestone entrou pra valer na F1 em 1997, concorrendo com a Goodyear. A empresa americana deixou a categoria no fim de 1998, a marca japonesa reinou sozinha por duas temporadas, mas voltou a enfrentar concorrência a partir de 2001, com a entrada da francesa Michelin.

Foram seis temporadas de competição feroz, de corrida tecnológica, de testes com novos materiais e até de acusações de trapaça e espionagem industrial. Em qualquer setor, quando a coisa chega a esse ponto, começa-se a queimar dinheiro. Não foi diferente na F1.

Lembro da pista de testes da Ferrari, em Fiorano, funcionando quase que diariamente. Schumacher, Barrichello, Badoer, Salo, Burti... Era raro o dia em que um deles não estava em ação, testando compostos para a Bridgestone.

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Rubens Barrichello, em Fiorano, no seu primeiro teste pela Ferrari, em 1999
Imagem: Reprodução

Pelos lados da Michelin, havia um acordo com a Williams, que cedeu um carro para a fabricante e criou uma área específica para testes. O alemão Jorg Müller (lembram?) era o piloto responsável pelo desenvolvimento dos pneus.

Hoje os tempos são outros. Desde 2021 há um teto de custos na categoria, com regras bem claras e escrutínio minucioso dos contadores da FIA. O arcabouço, para usar uma palavra da moda, está pronto. É só incluir os pneus no caldeirão.

Seria ótimo voltar a ver mais de uma marca de pneus na F1.

Afinal, estamos falando de uma competição, por mais que muitas vezes pareça só negócio.

Já houve temporadas, acreditem, com seis fabricantes de pneus abastecendo as equipes.

Quanto mais competição e mais variáveis houver, em todos os níveis, melhor.

A Liberty, tão empenhada em melhorar o espetáculo, deveria olhar para isso com carinho. Taí uma bela oportunidade...