Mercado da F1 espera decisão de Hamilton a qualquer momento para se mexer

O novo contrato de Hamilton com a Mercedes é "questão de dias, não de semanas", segundo Wolff. O anúncio oficial talvez venha até antes do GP do Canadá, no fim de semana.

"Estamos conversando. Basicamente, falamos sobre isso a cada corrida", disse o dirigente à emissora canadense CNBC, numa entrevista para aquecer a prova. "Nossa relação é tão boa que ficamos evitando o momento de falar em dinheiro. Mas vai acontecer logo."

Questionado se o acordo sairá antes do fim de semana, foi claro: "Estamos tentando muito".

Valem aqui uma ressalva e uma reflexão.

A ressalva: não é a primeira vez que Wolff fala isso.

A lenga-lenga já dura seis meses. Em janeiro, tentando tranquilizar os fãs, o austríaco declarou que a "fumaça branca" surgiria ainda no inverno europeu, antes dos primeiros testes para 2023. "Será uma conversa de poucas horas", afirmou, na ocasião.

Não foi bem assim.

Em Miami, no mês passado, disse que não havia dificuldades nas negociações, que e-mails estavam "indo e voltando" e que a qualquer instante surgirá uma assinatura. Ainda não surgiu.

De lá pra cá veio à tona, com força, a história do interesse da Ferrari, prontamente negada por todos os envolvidos nos dias que antecederam Mônaco. Mas que havia alguma coisa, havia... Nem que tenha sido apenas para enchouriçar a vida de Wolff.

Sim, a renovação parece próxima, até porque o relógio está correndo, a Mercedes já pensa mais em 2024 do que no atual campeonato e o carro, enfim, encontrou um caminho de evolução. Mas convém tomar cuidado com as declarações otimistas do austríaco.

Isso posto, a reflexão: a decisão de Hamilton vai moldar o grid dos próximos anos. Um heptacampeão se mexendo é o tipo de coisa que não acontece toda hora. Será o primeiro passo para começarmos a entender como as peças vão se mover daqui pra frente.

O inglês quer ficar na Mercedes até o fim de 2025, quando terá 40 anos. Depois disso, deve parar. Menos pela idade, mais pela mudança de regulamento prevista para 2026 _de onde arrancar paciência e foco para começar tudo de novo?

Abrir-se-á, assim, uma vaga das mais importantes no grid. E certamente tem muito piloto e muito empresário já fazendo esse planejamento de longo prazo, preferindo esperar até lá a fazer um movimento errado agora.

Norris, por exemplo. Será que o inglês realmente vê futuro na McLaren? Ou está apenas esquentando o assento do cockpit, esperando o tempo passar?

E Leclerc, já elogiado tantas vezes por Wolff no paddock? O que passa por sua cabeça a cada confusão de estratégia da Ferrari, mesmo com um novo chefe no comando?

Pérez seria um bom escudeiro para Russell? Sainz também não faria bem esse papel? E Ocon, que já foi do programa de desenvolvimento da Mercedes? Ou essa posição já está prometida para Schumacher, que terá três anos para se preparar nos simuladores em Brackley?

Não sabemos ainda a precisão do vaticínio de Wolff. Mas a efervescência do mercado, acreditem, vai começar no exato momento do anúncio oficial.