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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Surra de Verstappen sobre Pérez já vale aula de psicologia no esporte

Sergio Pérez após o GP da Espanha, em que foi o quarto colocado - Mark Thompson/Getty Images
Sergio Pérez após o GP da Espanha, em que foi o quarto colocado Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Colunista do UOL

14/06/2023 13h47

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Há pouco mais de um mês, a Fórmula 1 corria a quinta etapa da temporada, em Miami, com alguma expectativa sobre troca na liderança do campeonato.

Vice-líder do Mundial com 105 pontos e vencedor de metade dos GPs até então, Pérez largava na pole position. Verstappen, que liderava a tabela com 119, era apenas o nono no grid.

Jornalistas já fazíamos contas, torcedores latinos no circuito vibravam com a possibilidade de ver história diante de seus olhos, a família do mexicano estava em peso por lá...

Não aconteceu.

Verstappen teve exibição de gala naquela corrida. Adotou uma estratégia agressiva, acelerou feito um louco, ultrapassou o colega a nove voltas do fim. Venceu e colocou pingos no is.

Pérez ficou abalado. Murchou desde então. Sumiu.

Mônaco foi um desastre. Voltando ao circuito em que conquistou sua maior vitória, o mexicano errou logo no início da classificação: perdeu a traseira na Sainte-Dévote e arrebentou a suspensão no muro. Largou em último, terminou em 16º, primeira vez de um piloto Red Bull fora dos pontos desde o GP do Canadá do ano passado.

Veio Barcelona. Pérez errou de novo na classificação, não passou do Q2, largou em 11º. Terminou em quarto lugar, atrás do companheiro e dos dois pilotos da Mercedes, Hamilton e Russell.

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Capacetes de Sergio Pérez nos boxes da Red Bull no fim de semana do GP da Espanha
Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Os maus resultados, claro, tiveram reflexo na tabela do Mundial.

Hoje, está a 53 pontos de Verstappen e tem só 19 de folga para Alonso, o terceiro colocado. O sonho da liderança ficou distante _para não dizer impossível. E, por lógica, embalo e mérito, todos esperam a qualquer momento ver o espanhol na segunda posição do campeonato.

"Sei o que preciso fazer para voltar à boa forma e, como equipe, sabemos como acertar o carro de uma forma em que eu possa extrair o melhor desempenho dele", disse Pérez, claramente sentindo a pressão, às vésperas do GP do Canadá.

"Fiquei em Milton Keynes desde o GP da Espanha trabalhando junto com meu time. Fizemos um bom trabalho, tivemos conversas muito produtivas. Quando passamos por momentos assim, é ainda mais importante trabalhar em união para lutar pela vitória", completou.

Todos já leram frases assim de esportistas em má fase ou em comunicados internos de empresas que passam por momentos turbulentos...

O que está acontecendo com Pérez desde a surra de Miami é didático, vale uma aula de psicologia esportiva.

É uma demonstração prática de jogo mental, de círculo vicioso, de como um companheiro de equipe pode aniquilar o outro num estalar de dedos.

Como diz um velho colega das redações, daria para ilustrar o verbete "pressão" no dicionário.

Não por acaso já começa um zunzunzum no paddock sobre seu futuro na Red Bull. Ver Alonso em segundo talvez seja demais para uma equipe que tem um carro tão superior...

Taí uma história para ficarmos de olho no fim de semana.