Topo

Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

O dia em que Verstappen igualou Senna

Max Verstappen comemora sua 41ª vitória na F1, em Montréal - Minas Panagiotakis/Getty Images
Max Verstappen comemora sua 41ª vitória na F1, em Montréal Imagem: Minas Panagiotakis/Getty Images

Colunista do UOL

18/06/2023 16h37

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Há dias que serão sempre lembrados na F1. Este domingo foi um deles.

Aos 25 anos e em seu 171º GP, Verstappen atingiu sua 41ª vitória na categoria.

É um número que carrega consigo uma chancela de grandiosidade. É uma marca que se tornou referência de excelência. É uma chave para a galeria dos grandes da história.

Uma conquista que ganhou todo esse simbolismo por causa de Senna.

No GP do Canadá, Verstappen igualou o número de vitórias do brasileiro, que demorou 158 corridas para atingir o feito. Torna-se assim, ao lado do tricampeão, o quinto piloto que mais venceu na F1.

À frente deles, apenas Hamilton (103), Schumacher (91), Vettel (53) e Prost (51).

Foi, ainda, sua sexta vitória em oito etapas no ano e o 100ª triunfo da Red Bull. Com o resultado, a equipe mantém sua invencibilidade na temporada: ganhou todas até agora.

Alonso, com a Aston Martin, foi o segundo colocado. Hamilton, da Mercedes, foi o terceiro.

Um pódio de campeões mundiais. Uma festa com 11 títulos, como que para lembrar que o holandês, sim, corre contra grandes pilotos. E os vence.

"Eu nunca imaginei conquistar esses números na carreira. Vamos continuar trabalhando duro, hoje foi um dia muito especial", disse o holandês.

max11 - Rudy Carezzevoli/Getty Images - Rudy Carezzevoli/Getty Images
Largada do GP do Canadá, em Montréal, com Max Verstappen puxando o pelotão
Imagem: Rudy Carezzevoli/Getty Images

"O dia em que Verstappen igualou Senna", como será lembrado, foi um belo domingo de sol em Montréal. A corrida começou com 18°C no ar, 31°C no asfalto.

Hamilton foi o grande nome da largada. Acelerou feito um louco e ultrapassou Alonso logo nos primeiros metros do GP, assumindo a segunda posição. Russell também tentou mergulhar, mas não conseguiu. Verstappen? Como de hábito, não deu chance para a concorrência.

Ao fim da primeira volta, o top 10 tinha Verstappen, Hamilton, Alonso, Russell, Ocon, Hulkenberg, Piastri, Norris, Leclerc e Albon.

Na quinta volta o holandês já tinha 1s6 sobre o inglês, que era acossado pelo espanhol. Faminto para dar o troco e recuperar a posição da largada, Alonso chegou a acertar o muro da curva 4. Orientado pela equipe, Russell tentava se manter no pelotão.

Na oitava volta, Sargeant ficou pela pista com problemas no carro. Safety car virtual rápido.

Na décima volta, a vantagem de Verstappen sobre Hamilton já era de 3s5. Impotente, com um carro que melhorou mas ainda não é páreo para o RB19, o inglês claramente deixou de tentar se aproximar e começou a fazer uma corrida tática, para garantir o pódio.

Na 11ª, Gasly, único a largar com os macios, abriu a primeira janela de pits. Hulkenberg, De Vries e Stroll fizeram o mesmo na volta seguinte.

Instantes depois as câmeras mostraram a Mercedes de Russell se arrastando pela pista, sem um pedaço da asa dianteira e com o pneu traseiro direito destruído. Ele perdeu a traseira do carro na zebra da curva 9 e acertou o muro de lado, com força.

Safety car.

Muita gente que ainda não tinha passado pelos boxes, aproveitou a deixa. Na saída do pit, Hamilton cortou a frente de Alonso, que chiou muito pelo rádio. Apenas Leclerc, Sainz, Pérez, Magnussen e Bottas preferiram ficar na pista para ganhar posições momentâneas _os três últimos foram os únicos a largar de pneus duros.

A relargada veio na 17ª volta, sem mudanças nas primeiras posições.

Pouco depois veio o troco de Alonso. Na caçada a Hamilton, foi se aproximando, abrindo asa, se aproximando... Até que deu o bote na 22ª volta, por dentro, no fim da reta oposta, e reconquistou a vice-liderança. O heptacampeão não teve como se defender.

Na metade da corrida, 35ª das 70 voltas, os três primeiros estavam tranquilos. Verstappen tinha 5s3 sobre Alonso, que abria 3s5 para Hamilton. Ninguém ameaçava ninguém.

Lá atrás, Russell fazia uma alucinante corrida de recuperação. Depois de cair para último, já era o 11º colocado.

A Ferrari, então, resolveu aprontar. Sainz segurou os pneus médios até a 39ª volta. Leclerc, por uma a mais. Ambos colocaram duros para ir até o final, com apenas um pit stop.

ferrari1 - Reprodução/F1TV - Reprodução/F1TV
Carlos Sainz deixa os boxes após seu único pit stop no GP do Canadá
Imagem: Reprodução/F1TV

(Sim, acreditem, a Ferrari acertou na estratégia! Mais um motivo para fazer deste domingo um dia histórico! Que soem os trompetes em Maranello!)

A Mercedes imediatamente reagiu. Chamou Hamilton para a segunda parada e colocou médios em seu carro, na tentativa de abrir vantagem para a dupla da equipe italiana.

Alonso entrou na 42ª. Verstappen, na seguinte.

Estratégias definidas, cartas na mesa, a corrida ficou nas mãos dos pilotos.

E aí, Verstappen, como de hábito, fez um trecho final de prova impecável. Conservou os pneus médios até o fim e mesmo assim conseguiu abrir vantagem sobre Alonso, que estava de duros.

A Ferrari não conseguiu se aproximar dos três primeiros, mas merece aplausos. Lembrando: Leclerc largou em 10º no grid, seguido pelo companheiro.

Na 55ª, Russell voltou a aparecer nos boxes. Desta vez para abandonar, sem condições de seguir com o carro tão avariado.

As últimas voltas tiveram como grande atração Hamilton tentando se aproximar de Alonso, mas sem conseguir em nenhum momento a distância necessária para acionar o DRS.

Verstappen cruzou a linha de chegada com 9s570 para Alonso, que colocou 4s598 pra cima de Hamilton.

Fechando o top 10, Leclerc, Sainz, Pérez _que fez a melhor volta_, Albon, Ocon, Stroll e Bottas.

"Foi uma batalha contra a Mercedes, não pude descansar por nenhuma volta. Foi uma corrida com 70 voltas em ritmo de classificação", definiu Alonso. "Demos mais um passo à frente neste fim de semana", resumiu Hamilton.

Com o resultado, Verstappen foi a 195 pontos no Mundial contra 126 de Pérez. No Mundial de Construtores, a Red Bull tem agora 321 pontos, 154 a mais do que a Mercedes, a vice-líder.

Assim foi "o dia em que Verstappen igualou Senna".

A corrida pode até não ter sido das melhores, mas lembraremos para sempre deste domingo.