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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Pílulas do Dia Seguinte: Verstappen foi frio, como sempre, mas saudou Senna

O holandês Max Verstappen no pódio do GP do Canadá, sua 41ª vitória na F1 - Dan Mullan/Getty Images
O holandês Max Verstappen no pódio do GP do Canadá, sua 41ª vitória na F1 Imagem: Dan Mullan/Getty Images

Colunista do UOL

19/06/2023 04h00

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Verstappen não se emocionou, não chorou, não tremeu ao falar de Senna. Não devemos nunca, aliás, esperar isso dele. O holandês é dos campeões mais frios de todos os tempos e esse é um de seus grandes trunfos. Mas, à sua maneira, homenageou o brasileiro;

"Detesto comparar gerações diferentes. Do meu lado, a única coisa que posso dizer é que, quando eu era um garoto pilotando karts, sonhava em ser piloto de F1. Mas nunca poderia imaginar vencer 41 GPs", disse. "Empatar com Ayrton Senna é algo incrível. Estou orgulhoso. Mas, claro, espero que não pare por aqui. Tenho 41 das 100 vitórias da Red Bull, então talvez seja a hora de a gente falar sobre um novo contrato", finalizou, em tom de brincadeira;

Há também uma questão geracional com a qual nós, veteranos, precisamos nos acostumar. Verstappen não era nascido quando Senna morreu. O brasileiro é tão distante dele como Stewart, Clark ou Fangio;

A centésima vitória da Red Bull, diga-se, foi mais comemorada no paddock do que o empate com Senna. Porque é algo absoluto, um número redondo, uma conquista só da equipe, sem nenhuma necessidade de comparação. Na F1 desde a temporada de 2005, a Red Bull disputou 355 GPs e venceu quase um terço disso. É uma marca impressionante e que leva as digitais de um trio de ferro: Horner, Newey e Marko;

Não por acaso, Newey foi mandado para o pódio. Marko definiu o número comi "inacreditável" e lamentou que seu amigo Mateschitz não tenha testemunhado isso _o fundador do império Red Bull morreu em outubro do ano passado. Horner era dos mais eufóricos: "Podemos vencer todas as corridas do campeonato? Quem sabe? Há tantas variáveis em jogo, por isso nós sempre abordamos cada GP de uma vez, sem perder muito tempo pensando no futuro";

Quem também estava exultante, cena cada vez mais frequente, era Alonso. O espanhol travou um duelo acirrado contra Hamilton durante todo o GP, tomou de volta a segunda posição com uma bela ultrapassagem na 22ª volta, mas não sossegou até a linha de chegada;

Nas entrevistas pós-GP, o clima era de total camaradagem. "Lewis é o último piloto que você quer ver nos seus retrovisores", disse Alonso. Hamilton brincou, falando alto para o espanhol ouvir: "Na idade dele, as reações são mais lentas. É uma questão de idade", lançou, referindo-se à largada. "Áustria daqui a duas semanas", rebateu o bicampeão, dando tapinhas nas costas do inglês. Nada como o tempo e o amadurecimento para melhorar as pessoas...;

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Fernando Alonso, Adrian Newey, Max Verstappen e Lewis Hamilton no pódio de Montréal
Imagem: Clive Mason/Getty Images

E o Albon? Largando em nono com um carro problemático, o tailandês fez uma corridaça e terminou em sétimo. Ganhou o "Driver Of The Day" da transmissão internacional e mudou a história da sua equipe no Mundial. Antes do Canadá, a Williams tinha apenas 1 pontos no campeonato de Construtores e era a última colocada. Graças aos seis pontos que ele conquistou em Montréal, o time superou a AlphaTauri e está a apenas um da Haas;

Albon não tem marketing nenhum, mas é dos grandes pilotos de sua geração. Escanteá-lo da maneira rude que fez foi dos grandes erros de Marko no seu cargo na Red Bull;

Por outro lado, Sargeant segue sem pontuar. Ele já chegou a Montréal dizendo que não tinha "nenhum motivo de satisfação" com seu desempenho neste ano de estreia. Ao fim da corrida, com mais um abandono, declarou que ainda não sabia o que tinha acontecido no carro. Como assim? Enfim, nada disso surpreende. O americano não fez nada na F2 que justificasse a vaga na F1. Está lá pela nacionalidade. E pode não durar até o fim do ano. A cada etapa cresce o zunzunzum de que Schumacher pode assumir sua vaga, cedido pela Mercedes. Faz sentido;

O que aconteceu na Ferrari? De repente, não mais que de repente, acertou na estratégia! Com os pilotos largando em 10º e 11º, Vasseur e seus colegas desenharam uma tática agressiva de apenas uma parada, prolongando ao máximo o uso dos pneus médios no primeiro trecho da prova. Deu certo. Leclerc cruzou em quarto e Sainz em quinto. Foi a primeira vez desde o GP do Azerbaijão que a escuderia italiana marcou mais pontos do que Mercedes e Aston Martin;

Vou vagabundear por alguns dias. Mas, se a notícia chamar, prometo aparecer.