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Fábio Seixas

REPORTAGEM

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Para reduzir spray, F1 vai testar paralamas traseiros em Silverstone

Carro de Max Verstappen levanta spray durante o GP do Japão de 2022, em Suzuka - Mark Thompson/Getty Images
Carro de Max Verstappen levanta spray durante o GP do Japão de 2022, em Suzuka Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Colunista do UOL

04/07/2023 11h19

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Não foi na F1, não foi em Spielberg. Mas a morte de um jovem piloto em Spa, no fim de semana, reforçou um alerta no paddock da principal categoria do automobilismo.

A visibilidade dos pilotos na chuva, desde as categorias de base, hoje é uma temeridade.

O holandês Dilano van't Hoff morreu no sábado após um acidente múltiplo no final da segunda prova da rodada dupla da Freca, a Fórmula Regional Europeia, em Spa-Francorchamps.

Chovia, o safety car havia acabado de sair da pista, e ele ficou atravessado em plena reta Kemmel após colidir com um adversário. É o trecho mais veloz do circuito, que vem na sequência da Eau Rouge e da Raidillon. Foi acertado em cheio, de lado, uma batida em "T".

Van't Hoff tinha apenas 18 anos e era considerado a nova esperança da Holanda no esporte.

Ele foi o segundo piloto a morrer em Spa em quatro anos. Em 2019, o francês Anthoine Hubert não resistiu após um acidente em circunstâncias bem parecidas, metros antes, na Raidillon.

"Entre tantas medidas de segurança que estão sendo pensadas, a questão da visibilidade na chuva precisa ser o próximo grande tópico", disse Norris, no fim de semana de Spielberg.

"Quem não está no carro não entende o quão ruim é. Você não consegue ver nada. Então, se há um carro atravessado na pista, você não tem tempo para reagir. Pode acontecer em Spa, pode acontecer em qualquer outro circuito", concluiu o piloto da McLaren.

De Vries, da AlphaTauri, compatriota de Van't Hoff, enfatizou a necessidade de uma solução para reduzir o volume de spray gerado pelos pneus traseiros e a importância da direção de prova em situações extremas. "O perigo é real. Muitas vezes criticamos os diretores dos GPs, dizemos que eles são muito conservadores... Mas isso não é brincadeira", afirmou.

O alerta já havia sido acionado na F1 há dois anos, naquele infame GP da Bélgica que, na prática, não aconteceu. Foi reforçado após aquele caótico GP do Japão do ano passado em que Gasly quase acertou um trator e que foi encerrado depois de apenas 28 voltas.

Por isso, a F1 já tem uma tentativa de solução no horizonte.

Na terça-feira da semana que vem, depois do GP da Inglaterra, a categoria vai testar em Silverstone uma espécie de paralamas traseiro _caso não chova por lá, a pista será molhada com caminhões-pipa.

A ideia é que a peças sejam apenas encaixadas nos carros em situações de muita chuva, e o objetivo é justamente reduzir o spray.

Segundo Nikolas Tombazis, que comanda o departamento técnico de F1 da FIA, os paralamas já foram testados em simuladores e agora é o momento de dar o próximo passo.

Caso sejam aprovados, serão incorporados ao regulamento já para 2024.

É um começo.

Mas, como disse De Vries, a direção de prova tem papel fundamental em situações de muita chuva. Autorizar a relargada da Fórmula Regional, naquelas condições, foi um erro.

Aos fãs e aos jornalistas cabe também um pouco mais de paciência e compreensão quando GPs foram suspensos por questões de segurança. Às vezes a gente esquece, mas cada cockpit leva uma vida.