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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Obsessão por dinheiro novo guia calendário recorde da F1 para 2024

Max Verstappen no circuito de Xangai na última visita da F1 à China, em 2019 - Charles Coates/Getty Images
Max Verstappen no circuito de Xangai na última visita da F1 à China, em 2019 Imagem: Charles Coates/Getty Images

Colunista do UOL

05/07/2023 11h43

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Lá vamos nós de novo: a FIA divulgou nesta quarta-feira o calendário para a temporada 2024 da Fórmula 1, com um número recorde de etapas. Pelo planejamento da entidade, serão 24 corridas entre março e dezembro.

A questão é: vai conseguir?

Nas últimas quatro temporadas, a entidade esportiva e a Liberty Media, que gere o lado comercial da categoria, não conseguiram cumprir o calendário original.

Seriam também 24 etapas em 2023. Mas o GP da China foi cancelado por ameaças de retorno da Covid-19, e a corrida de Ímola não aconteceu por causa de enchentes no norte da Itália.

O roteiro não é exatamente novo...

Em 2020, a pandemia transformou um calendário de 22 corridas num campeonato de apenas 17 _concentradas na Europa. Em 2021, cinco eventos foram cancelados ao longo do ano, e o campeonato aconteceu com 22 etapas em vez das 23 planejadas. E, em 2022, a corrida da Rússia foi cancelada após a invasão da Ucrânia. Foram, no fim das contas, 22 etapas.

Mas os executivos da Liberty têm uma obsessão. E colocaram esse "número mágico" na cabeça, 24 GPs, a despeito de reclamações cada vez mais pesadas do estafe das equipes sobre o excesso de viagens e o estresse causado até mesmo em seus familiares.

O calendário divulgado nesta quarta não difere muito dos últimos.

O campeonato vai começar no dia 2 de março, no Bahrein, e terminará em 8 de dezembro, em Abu Dhabi.

Mais uma vez, a F1 tentará correr na China, o que não acontece desde 2019. O motivo, claro, é financeiro. Depois da conquista dos EUA, o próximo alvo da Liberty é o mercado chinês e o "dinheiro novo" que o país pode trazer para a categoria.

A grande novidade é a antecipação do GP do Japão, que normalmente acontece na parte final da temporada. Em 2024, será em abril, formando uma perna asiática com a China.

A etapa brasileira, presente no calendário desde 1973 _e ausente apenas em 2020_, está marcada pra 3 de novembro e será a última de uma perna pelo continente americano. Virá depois de Austin (20 de outubro) e México (27). Duas semanas depois de Interlagos, a F1 voltará aos EUA, para a segunda edição do GP de Las Vegas.

Fazem falta, claro, circuitos clássicos.

Pistas como Hockenheim, Nurburgring, Paul Ricard e até mesmo pistas mais novas, como Portimão e Istambul, poderiam ocupar vagas de lugares como Miami, Jeddah e Abu Dhabi.

Mas aí, mais uma vez, estaríamos falando de dinheiro. Dinheiro novo.

E o F1 não passa ilesa ao fenômeno que se vê cada vez mais em outros esportes. Não é coincidência que as duas primeiras e as duas últimas etapas do calendário serão em países do Oriente Médio...