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Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Pílulas do Dia Seguinte: McLaren renasce e hoje tem o 2º melhor carro da F1

Oscar Piastri (esq) e Lando Norris celebram os resultados da McLaren em Silverstone - McLaren
Oscar Piastri (esq) e Lando Norris celebram os resultados da McLaren em Silverstone Imagem: McLaren

Colunista do UOL

10/07/2023 08h53

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A história da corrida foi a McLaren. Norris largou em segundo, ultrapassou Verstappen, liderou por quatro voltas, resistiu aos ataques de Hamilton no fim da prova, terminou em segundo. Piatri, um novato, largou em terceiro, ameaçou Verstappen na primeira volta, deu azar com a entrada do safety car quando havia acabado de passar pelos boxes, caiu para quarto, conseguiu seu melhor resultado até agora na categoria. Mas de onde veio isso?

Sem alarde, até porque ninguém levava muita fé, a McLaren estreou um novo pacote aerodinâmico em Spielberg. Lá, as novas peças foram colocadas apenas no carro de Norris. O inglês largou em quarto e terminou em quarto, tremendo salto para uma equipe que vinha dando vexame no campeonato. Até então, a McLaren somava 17 pontos e havia passado 5 das 8 corridas em branco. Dois GPs depois, são 59 pontos na tabela, uma ultrapassagem sobre a Alpine e, principalmente, a esperança de dias melhores;

Acredite se quiser: a MCL60 já é hoje, em termos de eficiência aerodinâmica, o segundo melhor carro da F1. Os engenheiros de Woking conseguiram preparar um pacote que ao mesmo tempo gera boa pressão aerodinâmica e pouco arrasto. Isso fica mais evidente principalmente em circuitos com curvas de alta velocidade, como Spielberg e Silverstone;

Os dois pontos fracos do carro são o equilíbrio ruim em curvas de baixa velocidade e o alto desgaste dos pneus quando faz muito calor. Em Silverstone, o primeiro ponto não existe. E, no fim de semana que passou, as temperaturas foram amenas. Voilà!

O desempenho foi tão bom que mitigou o erro de estratégia no pit stop de Norris. Enquanto Verstappen e Hamilton colocaram pneus macios, o garoto foi de duros para o trecho final do GP. "Lindo! Maravilhoso!", ironizou pelo rádio, quando soube das escolhas dos adversários. Stella, o chefe de equipe, explicou que o pit wall foi pego de surpresa com a mudança do safety car virtual para o real. "Estávamos felizes com os pneus duros sob safety car virtual, já que não haveria problema para aquecê-los. A mudança para o safety car real veio quando Lando já estava entrando nos pits. Mudar de opção naquele momento causaria um problema, com os mecânicos correndo para pegar os pneus macios... Perderíamos mais tempo", disse;

O momento-chave de Norris foram as primeiras curvas após a saída do safety car. Justamente porque a McLaren não precisa de muita temperatura nos pneus, ele conseguiu se defender de Hamilton. Já o heptacampeão, após os primeiros ataques, avisou pelo rádio que iria recuar, que os pneus já estavam sem condições _o jogo colocado no seu carro era usado. Há dias em que tudo dá certo. Foi assim com Norris no domingo, para delírio da torcida local;

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Lewis Hamilton, da Mercedes, terceiro colocado no GP da Inglaterra, em Silverstone
Imagem: LAT Images/Mercedes

"Eu ainda não tinha tido uma disputa com a McLaren, então não sabia o quanto eles estavam fortes. Coloquei por dentro e tentei passá-lo, mas tínhamos mais arrasto nas retas e nas curvas de alta, e foi aí que eles nos mataram", explicou Hamilton, que lamentou a ineficiência da nova asa da Mercedes em Silverstone. "Para nossa decepção, não foi o avanço que esperávamos";

Escrevi aqui na sexta-feira sobre a alternância de equipes no posto de "melhor do resto" nesta temporada. O ano começou com a Aston Martin como grande sensação, candidata a vice-campeã mundial. Depois foi a vez de a Ferrari mostrar um brilhareco. Veio então a Mercedes. E agora é a McLaren que ameaça incomodar. Dá até para fazer um exercício de imaginação: o Mundial estaria muito bom se a Red Bull não existisse, com disputas entre Hamilton, Alonso, Leclerc, Norris, Russell... Mas haja poder de abstração. Porque a Red Bull existe. E é enorme;

São 11 vitórias seguidas desde o GP de Abu Dhabi de 2022, dez nesta temporada. Verstappen liderou 467 das 610 voltas do ano até agora, o que dá 76%. Somando as voltas lideradas por Pérez, temos a dimensão do domínio da Red Bull: 95% das voltas;

Pérez? Ele ainda está lá? Em Silverstone, o mexicano largou em 15º e terminou em sexto. Mais um desempenho apagado, mais um fim de semana para esquecer. Mas não, não acredito que ele perderá o emprego no meio do ano. Acho até que ele ficará para 2024, cumprindo seu último ano de contrato. Tudo vai depender de Verstappen, e não me parece que o holandês esteja incomodado. Para ele, tanto faz. A Red Bull poderia colocar um espantalho no carro 11. O bicampeão continuaria dominando, brilhando, fazendo o dele...

Não dá para encerrar essa edição das Pílulas sem falar de Albon. O tailandês foi oitavo colocado na prova, marcando mais quatro pontos para a Williams. Com isso, a equipe inglesa superou Alfa Romeo e Haas, pulando de nono para sétimo no Mundial. Ao lado de Verstappen, Albon é a prova viva de o quanto um piloto ainda pode fazer diferença numa equipe.