Topo

Fábio Seixas

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

De Vries é excelente piloto, mas caiu numa velha armadilha da Fórmula 1

O holandês Nyck De Vries no grid do GP da Inglaterra no último domingo - Peter Fox/Getty Images
O holandês Nyck De Vries no grid do GP da Inglaterra no último domingo Imagem: Peter Fox/Getty Images

Colunista do UOL

11/07/2023 13h09

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Talvez não seja melhor momento para esta opinião, mas lá vai: De Vries é excelente piloto.

Foi campeão da Fórmula 2 em 2019 e da Fórmula E em 2021. Alçado ao posto de reserva da Mercedes em 2022, testou também com Williams e Aston Martin e causou sensação no GP da Itália ao substituir Albon e marcar dois dos oito pontos que a equipe conquistou em todo ano.

Especialmente no título da Fórmula E, o holandês brilhou. Era imparável. Quando largava na frente, dominava as corridas com maturidade de veterano. Quando saía mais atrás, escalava o pelotão com arrojo e técnica admiráveis. Não por acaso, Wolff foi vê-lo em algumas etapas, num momento em que buscava um substituto para Bottas _a vaga acabaria com Russell.

Mas por que não deu certo?

A resposta é batida, mas implacável em se tratando de Fórmula 1: porque caiu na equipe errada na hora errada.

A Red Bull, historicamente, não tem paciência com pilotos novatos. Este temperamento está personalizado em Marko, eterno consultor da fabricante de energéticos no automobilismo e comandante do seu programa de desenvolvimento de jovens talentos.

A lista de garotos fritados pelo austríaco é gigantesca. Liuzzi, Alguersuari, Klien, Speed, Chandhok, Doornbos, Friesacher, Kartikheyan, Jani, Bortolotti, Albuquerque, Edwards, Hartley, Dillimann, Coletti, Ammermüller, Aleshin, Felix da Costa, Sette Câmara, Bianchini...

Todos eles em algum momento foram adotados pela Red Bull para depois serem largados no mercado, sem muitas explicações.

O desafio de De Vries, portanto, já seria grande de qualquer forma. E ele sabia disso quando assinou o contrato. Mas tornou-se insuperável quando a equipe lançou o AT04.

O modelo da equipe para este ano é uma bomba. É ruim demais. É um carro sobre o qual, depois de 10 etapas, não é possível extrair nenhum comentário positivo. Parece uma reencarnação de alguns Minardis que um dia saíram da mesma fábrica de Faenza.

Não por acaso, a AlphaTauri é a última colocada no campeonato, com apenas 2 pontos. No ano passado, à esta mesma altura, a equipe tinha 27.

Chefe impaciente, carro ruim. Equipe errada na hora errada.

Sobrou para De Vries.

(É importante lembrar desse causo sempre que um novato promissor estiver às portas da F1. Antes de qualquer vaticínio, vale a análise. É a equipe certa na hora certa? Vários destaques de categorias de base sucumbiram a essa armadilha, e cito dois brasileiros: Zonta e Pizzonia.)

Ricciardo vai colocar ordem na casa?

Não, ele não vai fazer milagres. Mas chega com status de primeiro piloto, busca um recomeço na F1 e, sim, é muito provável que marque mais pontos do que Tsunoda a partir de agora.

Quanto a De Vries, talvez nunca saibamos o que poderia fazer na F1. Trajetórias como a de Albon, chutado pela Red Bull, resgatado pela Williams e hoje cotado pela Ferrari, são exceções.

Equipe errada na hora errada. Eis uma armadilha tão velha quanto imperdoável.

Miniaturas de carros de F1 para quem é fã

Ferrari SF 1000 - Charles Leclerc

Mercedes AMG W10 - Lewis Hamilton

Red Bull RB16B - Max Verstappen

McLaren MP4/4 - Ayrton Senna

Jordan 194 - Rubens Barrichello

Lotus 72D - Emerson Fittipaldi

Rodapé content commerce -  -