Fábio Seixas

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ReportagemEsporte

FIA deve aprovar duas novas equipes na F1 e acirrar crise com a Liberty

A FIA deve dar sinal verde para que duas novas equipes entrem na Fórmula 1 já em 2025.

Mas nada é simples, direto e reto na categoria. O que seria uma notícia a ser comemorada precisa ser encarado com cautela. A primeira consequência do anúncio, se realmente vier, será mais um abalo na já conturbada relação da entidade esportiva com a Liberty Media.

Ben Sulayem, presidente da FIA, e Domenicali, que comanda o lado comercial da F1 pelo grupo americano de entretenimento, discordam frontalmente sobre a inclusão de novos times.

Para o emirático, grids mais cheios movimentarão o esporte, atrairão novos personagens e marcas, tornarão as corridas mais agitadas e cheias de variáveis. A visão do italiano é estritamente financeira e alinhada à da maioria das atuais equipes: cada participante a mais vai implicar fatias menores para todos na divisão dos lucros da categoria.

Mesmo ciente da resistência da Liberty, Ben Sulayem bancou, no início do ano, a abertura de uma concorrência para prospectar novas equipes. Em bom português, pagou pra ver.

O processo foi lançado formalmente em fevereiro, "com a intenção de identificar um ou dois times com capacidade para disputar o campeonato a partir de 2025, 2026 ou 2027".

O registro da candidatura exigia um pagamento de US$ 20 mil (cerca de R$ 100 mil) além de informações detalhadas sobre as empresas envolvidas: identidades de sócios e investidores, plantas da sede, números de funcionários, listagens de recursos técnicos, histórico no automobilismo...

O prazo inicial para o anúncio dos resultados eram fim de junho. Houve atrasos. Agora, segundo a "Auto, Motor und Sport", da Alemanha, duas eleitas devem ser divulgadas.

Mohammed ben Sulayem, presidente da FIa, e Stefano Domenicali, CEO da Formula One Group
Mohammed ben Sulayem, presidente da FIa, e Stefano Domenicali, CEO da Formula One Group Imagem: Lars Baron - Formula 1/Formula 1 via Getty Images
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A primeira seria a Andretti, que tenta entrar na F1 há anos e que, meses atrás, conseguiu uma aliada de peso. Na mesma semana em que Ben Sulayem lançou a concorrência, aliou-se à General Motors, que quer ver a marca Cadillac na principal categoria do automobilismo.

Além de sua forte história na Indy, a Andretti construiu nos últimos anos uma relação sólida com a FIA ao apostar na Fórmula E. Faltando uma rodada dupla para o fim do campeonato de carros elétricos, a liderança é justamente de um piloto da Andretti, o inglês Jake Dennis, que venceu a etapa de Roma no domingo.

A outra seria a Hitech, time forte e tradicional dos campeonatos de base e que no mês passado vendeu 25% de sua operação para o bilionário Vladimir Kim, empresário do ramo da mineração e homem mais rico do Cazaquistão.

São duas candidaturas de respeito, com planos bem estruturados.

Como a Liberty vai reagir?

Provavelmente criando obstáculos.

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Hoje já há um mecanismo para impedir a entrada de aventureiros na categoria. Qualquer candidata a uma vaga no grid precisa depositar US$ 200 milhões _cerca de R$ 1 bilhão. Esse fundo é usado por dois anos para compensar os dez times existentes por eventuais perdas.

Como essa taxa não deve ser problema nem para a GM nem para Kim, a Liberty pode partir por um caminho político, por uma decisão mais drástica: exercer seu poder de veto.

Torço para ser surpreendido. Grids cheios trariam novas cores e novas histórias ao campeonato. E, indo ao xis da questão, produzem corridas melhores. Este deveria ser o único critério a ser considerado.

Veremos. As cartas de Ben Sulayem logo estarão na mesa.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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