Pílulas do Dia Seguinte: qual recorde da Red Bull vale mais?
Qual recorde vale mais? O total de 12 vitórias seguidas da Red Bull, incluindo o GP de Abu Dhabi do ano passado, ou a série de 11 triunfos numa mesma temporada?
Horner preferiu comemorar o primeiro. Disse, após a corrida, que cresceu vendo a Fórmula 1 dos anos 80 e que "é incrível bater o recorde de Senna e Prost". Muitos colegas, muita gente boa, seguiram o mesmo caminho. Preferi, no meu texto pós-GP da Hungria, destacar o segundo número, o fato de a Red Bull ter igualado a McLaren de 1988. E explico o porquê;
Os números não mentem. Mas às vezes são frios demais. Sim, 12 vitórias em série são um feito inédito. São 12 GPs em que uma só equipe subjugou todas as outras. É muita coisa, é um massacre. Em suas duas primeiras décadas, a F1 tinha menos corridas do que isso por ano. O Mundial de 1970 foi o primeiro com mais de uma dúzia de GPs. Como disse Wolff, também ontem, a Red Bull parece um carro de F1 correndo contra um grid de F2. Isso é ponto pacífico;
Meu argumento começa justamente na referência de Horner à McLaren de Senna e Prost, uma equipe que habita os sonhos e o imaginário de todo fã de F1. Pois bem, aquele time mágico só foi formado em 1988. No ano anterior, quem deu as cartas foi a Williams, que fez Piquet tricampeão, e quem venceu a última corrida do ano foi a Ferrari, com Berger, em Adelaide;
Um time não é formado só por pilotos. Pra começo de conversa, ele precisam de um carro. Em 1987, a McLaren MP4-3 corria com motor TAG/Porsche e venceu três GPs. As chegadas de Senna e da Honda mudaram tudo. Foram 15 vitórias em 1988. É este o ponto. Considero mais relevante e mais justo comparar carro com carro, temporada com temporada, time com time;
Na Hungria, o RB19 de Newey igualou o MP4-4 de Murray e Nichols como o carro mais hegemônico em 74 Mundiais de F1. Isso já basta para proclamar que a história foi feita;
A discussão é boa, mas já nasce com os dias contados. A Red Bull deve ganhar o GP da Bélgica, no próximo domingo, batendo também o recorde numa mesma temporada. As marcas seguintes a buscar, para se firmar com a maior equipe de todos os tempos, serão as de total e de percentual de vitórias num ano. A primeira vai acontecer, são favas contadas. A segunda é dura, mas parece mais factível a cada show de Verstappen nas pistas: será preciso vencer 21 das 22 etapas do ano para superar os 93,75% da McLaren de 1988. Alguém duvida?;
Budapeste marcou a metade da temporada. Onze corridas já foram, há mais onze até o fim do campeonato. É um bom momento para fazer um balanço. Além das 11 vitórias, a Red Bull emplacou 9 poles, 8 melhores voltas e 650 voltas na liderança, ou 95,58% das voltas disputadas _o alvo segue sendo a McLaren de 1988, com 97,28%;
Há um último número que merece reflexão. Verstappen venceu com 33s731 sobre Norris. É a maior vantagem de um vencedor no ano, superando os 24s0s90 dele mesmo sobre Hamilton na Espanha. Ou seja, a distância da Red Bull para a concorrência só faz aumentar...
Noves fora a numeralha, o assunto pós-GP em Budapeste foi Norris quebrando o troféu de Verstappen ao abrir sua garrafa de champanhe. A cena inusitada virou meme, viralizou, provocou risadas mundo afora, mas deve ter doído nos artesãos da Herendi Porcelanmanufaktura, a empresa húngara que produz os troféus mais bonitos da temporada. Cada um leva seis meses para ficar pronto e tem valor estimado em 40 mil euros, cerca de R$ 210 mil. Os promotores da corrida anunciaram que darão um troféu novo para Verstappen, mas eu recusaria. As cicatrizes do troféu quebrado contam uma história;
Saindo na pole, Hamilton sabia que logo seria ultrapassado por Verstappen. Mas não imaginava que o choque de realidade viria tão cedo e que seria tão duro. Na primeira curva ele já era o quarto, atrás também das McLarens de Piastri e Norris. "A realidade é que não somos rápidos o suficiente. Nossa luta não é com o Max", afirmou;
Aliás, e a renovação do contrato de Hamilton com a Mercedes? Em Budapeste, Wolff disse que "já está emocionalmente assinado". Alguém aqui sabe o que isso significa?
A McLaren nega que tenha tentado favorecer Norris ao chamá-lo para o primeiro pit antes de Piastri. Stela alega que só antecipou a parada do inglês para evitar que ele levasse um undercut de Hamilton. Fato é que Norris ganhou a posição do companheiro naquele momento, o que foi fundamental para seu segundo pódio no ano;
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Quero receberSe ficou chateado, Piastri disfarçou bem. Nas entrevistas, preferiu falar nas dificuldades que sofreu com desgaste de pneus e com o assoalho danificado. A maturidade do australiano, de apenas 21 anos e estreante na F1, é impressionante. Eis uma futura estrela do esporte;
Desde que estreou seu pacote de atualizações, no GP da Áustria, a McLaren marcou 70 pontos no Mundial, atrás apenas da Red Bull, com 131. No mesmo período, a Mercedes marcou 56. A Ferrari, 45. A Aston Martin, que parou no tempo, apenas 30. Entre os pilotos, Norris é o segundo que mais pontuou nesses três GPs, 48, só atrás de Verstappen, claro, com 86;
E Ricciardo? Largando em 13º caiu para 18º após ser acertado pro Zhou na primeira curva, recuperou-se e fechou a prova onde começou. Enquanto isso Tsunoda largou em 17º e terminou em 15º. Em seu primeiro fim de semana na AlphaTauri, o australiano superou o companheiro na classificação e na corrida. É outro nível;
Gabriel Bortoleto foi segundo colocado na primeira prova da rodada dupla da F3 em Budapeste e ampliou de 36 para 43 pontos sua folga para o vice-líder do campeonato, agora o inglês Zak O'Sullivan. Faltam duas rodadas, na Bélgica e na Itália. O brasileiro pode garantir o título no próximo domingo mesmo se sua vantagem cair para 40 pontos. Agenciado por Alonso, o paulistano de 18 anos vem fazendo tudo certinho até aqui.
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