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Flavio Gomes

OPINIÃO

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Temporada pode encerrar três décadas de domínio Schumi-Hamilton

Schumacher e Hamilton: 30 anos vencendo - Clive Mason/Getty Images
Schumacher e Hamilton: 30 anos vencendo Imagem: Clive Mason/Getty Images

Colunista do UOL

15/08/2022 04h00

Esta é parte da newsletter do Flavio Gomes, que foi enviada ontem (14). Na newsletter completa, apenas para assinantes, o colunista também destaca o leilão do acervo da Newman-Haas e a entrevista de Lewis Hamilton para a 'Vanity Fair', além de lembrar a incrível corrida de Damon Hill no GP da Hungria em 1997. Quer receber antes o pacote completo, com a coluna principal e mais informações, no seu e-mail, semana que vem? Clique aqui.

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O Mundial de Fórmula 1 volta no último final de semana deste mês na Bélgica. Incluindo a corrida de Spa, serão nove etapas até o encerramento da temporada. São nove chances que Lewis Hamilton tem para vencer pelo menos um GP e manter uma escrita que já dura três décadas. Desde 1992, todos os campeonatos tiveram na sua lista de vencedores dois pilotos: o inglês da Mercedes e Michael Schumacher. Se Lewis não vencer, 2022 marcará o fim da sequência construída pelos únicos heptacampeões da história.

Michael ganhou pela primeira vez em 1992, na Bélgica, quando guiava para a Benetton. Voltou a vencer em 1993, apenas uma corrida, e assim foi, ganhando todos os anos até sua primeira aposentadoria, no final de 2006. A lista merece ser esmiuçada: oito vitórias em 1994 (quando foi campeão pela primeira vez), nove em 1995 (ano do bi), três em 1996 (na primeira temporada pela Ferrari), cinco em 1997, seis em 1998, duas em 1999 (quando quebrou a perna num acidente em Silverstone, ficando fora de várias provas), nove em 2000 (primeiro dos cinco títulos seguidos pelo time de Maranello), outras nove em 2001, 11 em 2002, seis em 2003, 13 em 2004, uma em 2005 e sete em 2006.

A passagem do cetro para Hamilton não aconteceu na pista. Não naquele ano, pelo menos. Simbolicamente, aconteceria no final de 2012. Michael ficou três anos sem correr e voltou em 2010 para defender a Mercedes — marca que, em 1991, financiou sua estreia na F-1 ao alugar um cockpit na Jordan. Quando decidiu parar de vez, seu substituto nos carros prateados da equipe alemã foi justamente Lewis — o mais digno sucessor que poderia escolher.

Hamilton estreou em 2007 logo depois de Schumacher pendurar o capacete pela Ferrari. Garoto prodígio preparado pela McLaren desde os 13 anos de idade, o inglês ganhou seu primeiro GP no Canadá. Foi a primeira das quatro vitórias conquistadas naquele ano, em que disputou o título com Kimi Raikkonen e Fernando Alonso até a última prova do campeonato, em Interlagos. O finlandês foi o campeão, com a Ferrari. Alonso e Hamilton, companheiros na McLaren, terminaram empatados, um ponto atrás. O espanhol pegou suas coisas e foi embora. Acusou o time inglês de favorecer o novato ao longo do Mundial e voltou para a Renault.

Lewis seria campeão já em seu segundo ano de F-1, em 2008, com cinco vitórias no bolso. Pela McLaren, ganharia mais duas corridas em 2009, três em 2010, três em 2011 e quatro em 2012. Aí foi para a Mercedes, convencido pelo ex-piloto Niki Lauda, que ocupava um cargo de direção no time alemão. No primeiro ano, apenas uma vitória, na Hungria. Chegou a desanimar. Na época, numa entrevista, disse que já não esperava mais ser um multicampeão na categoria. "Já estou há cinco anos sem ganhar um título. É muita coisa e nenhum dos que foram campeões várias vezes ficaram tanto tempo assim sem disputar títulos."

Ledo engano... Em 2014, as coisas começaram a mudar para Hamilton, com o início da era híbrida da F-1 — motores turbo a combustão acoplados a unidades elétricas. A Mercedes abriu, ali, o mais longo período de hegemonia na história da categoria, ganhando oito taças consecutivas de Construtores e sete de Pilotos. Lewis, então, passou a acumular vitórias e títulos: foram 11 em 2014 (campeão pela primeira vez com a equipe), dez em 2015, dez em 2016 (ano em que perdeu o título para o companheiro Nico Rosberg), nove em 2017, 11 em 2018, 11 em 2019, 11 em 2020 e oito em 2021. Foi só no ano passado que, finalmente, um piloto de outra equipe o derrotou: Max Verstappen, da Red Bull. E numa decisão, em Abu Dhabi, que pode ser definida no mínimo como polêmica — para não dizer roubada, mesmo.

Foram 194 vitórias da dupla Schumacher-Hamilton desde 1992, ininterruptamente. Lewis venceu 103, Michael acumulou 91 triunfos. Juntos, conquistaram 14 títulos e foram vice-campeões seis vezes. Parece não haver dúvidas de que estamos falando dos dois maiores nomes da história da F-1 em todos os tempos.

Hamilton tem até o dia 20 de novembro, em Abu Dhabi, para incluir um 31º campeonato nessa lista de temporadas em que ele ou Schumacher ganharam pelo menos uma vez. Não está fácil, mas a Mercedes já vê, sim, alguma luz no fim desse túnel que parecia tão escuro quando começou o Mundial. O inglês vem de cinco pódios consecutivos. Verstappen, o líder disparado na classificação, chega à reta final do campeonato podendo correr em "modo de segurança" — seus 80 pontos de vantagem para o segundo colocado, Charles Leclerc, fazem com que nem precise vencer mais até o fim do ano para ser campeão de novo ainda que o monegasco ganhe todas elas, incluindo a Sprint de Interlagos.

Com o título de 2022 virtualmente decidido, a busca de Hamilton por uma vitoriazinha, que seja, tem tudo para ser uma das atrações do campeonato até o fim do ano. Minha aposta? Acho que ganha. E, se conseguir, vai festejar como se fosse a primeira da vida.

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