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Flavio Gomes

OPINIÃO

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Palco de decisões históricas, Suzuka merece título

Sergio Pérez faz a festa na Red Bull: vitória merecida em Singapura - Divulgação/Red Bull
Sergio Pérez faz a festa na Red Bull: vitória merecida em Singapura Imagem: Divulgação/Red Bull

Colunista do UOL

03/10/2022 04h00

Esta é parte da newsletter do Flavio Gomes, enviada ontem (2). Na newsletter completa, apenas para assinantes, o colunista também discute a confusa prestação de contas da F-1 que será divulgada pela FIA e a reação contra o piloto brasileiro que 'ousou' declarar voto em Lula. Quer receber antes o pacote completo, com a coluna principal e mais informações, no seu e-mail, semana que vem? Clique aqui.

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O Japão não vê a Fórmula 1 desde 2019. Três longos anos em que tudo mudou. No mundo, nas nossas vidas. A decisão do título desta temporada pode acontecer em Suzuka, na madrugada do próximo domingo (9). É o palco ideal. O circuito que pertence à Honda — nasceu nos anos 60 como pista de testes para motocicletas — merece consagrar de novo um campeão. É algo que não acontece desde 2011.

O histórico autódromo japonês já consagrou 11 campeões mundiais desde a primeira vez em que recebeu a categoria, em 1987. A lista merece ser lembrada — algumas dessas decisões foram épicas. O primeiro campeão em Suzuka foi Nelson Piquet já na prova inaugural, em 1987. E foi na véspera da corrida. Nigel Mansell, que disputava o título com o brasileiro, bateu nos treinos, ficou fora da prova e o campeonato acabou no sábado. Em 1988, deu Ayrton Senna. Em 1989, Alain Prost. Em 1990 e 1991, Senna de novo. Pois é, quatro dos oito títulos brasileiros na F-1 foram conquistados de madrugada por aqui. Depois vieram Damon Hill (1996), Mika Hakkinen (1998 e 1999), Michael Schumacher (2000, o primeiro pela Ferrari, repetindo a dose em 2003) e Sebastian Vettel (2011).

O GP do Japão, durante muito tempo, foi um dos últimos do Mundial e isso ajudava bastante. Suas etapas eram quase sempre decisivas. Depois que o calendário foi expandido para outras glebas, Suzuka deixou de ser protagonista como era. Tem a chance, agora, de reviver seus melhores momentos.

Depois do resultado de Singapura, neste domingo (2), Verstappen pode fechar a fatura de 2022 numa das mais amadas pelos pilotos da categoria. Além do mais, o Japão é o país onde o público demonstra a paixão mais desbragada pela F-1 em todo o calendário. É onde piloto reserva de equipe do fundo do pelotão é tratado como semideus e mal consegue passar pelos portões do autódromo. É onde anos atrás, com os cabelos pintados de loiro, fui confundido com Jacques Villeneuve num restaurante — a ponto de deixar seu (meu, na verdade) autógrafo nos uniformes dos garçons e cozinheiros.

De quebra, Max pode ser campeão levando na garupa um motor Honda, ainda que oficialmente a montadora tenha deixado a F-1 e ele seja batizado, hoje, como RBPT (Red Bull Power Train). Quem sabe o título faça a empresa reconsiderar sua decisão de tirar o time de campo. Ainda mais agora, já que as negociações da equipe com a Porsche fracassaram.

Na feérica pista de Marina Bay, Verstappen deixou de ganhar pela 12ª vez no ano por uma bobeada da equipe na classificação, sábado. Faltaria gasolina no tanque para a análise da FIA — é preciso um litro de combustível para as checagens de praxe — se ele completasse sua volta voadora, e a pole acabou nas mãos de Charles Leclerc. Ali suas chances de vencer se esvaíram, já que o traçado de Singapura é proibitivo para ultrapassagens.

Na corrida, o outro carro da Red Bull, de Sergio Pérez, dominou as ações desde a largada. O mexicano partiu em segundo no grid, ganhou a ponta nos primeiros metros da prova e só viveria momentos de tensão no fim, porque os comissários perceberam uma irregularidade atrás do safety-car que poderia lhe tirar a vitória. Acabou punido com 5s em seu tempo total de corrida, mas como tinha recebido a bandeirada 7s5 à frente de Leclerc, tudo ficou bem para o segundo piloto do time austríaco. Foi sua quarta vitória na F-1, a terceira em circuitos de rua — ganhou também em Mônaco e no Azerbaijão; a outra vitória aconteceu no Bahrein.

Verstappen será campeão em Suzuka se vencer e fizer a melhor volta da prova, mesmo se Leclerc, o vice-líder na classificação, terminar em segundo. Há outras combinações possíveis, mas fiquemos com a matemática simplificada por enquanto. Tem ótimas chances de conseguir. Se o fizer, o campeonato acaba com quatro provas de antecipação. Problema algum. Todo mundo sabe que o título de 2022 é dele. Que possa comemorar num lugar à altura de seu talento.

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