Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
A pergunta é: a Audi vai seguir homenageando Christiane?
Esta é parte da newsletter do Flavio Gomes, enviada ontem (30). Na newsletter completa, apenas para assinantes, o colunista também comenta sobre o acordo entre Red Bull e FIA pelo estouro no teto de gastos e o "fico" de Lewis Hamilton na Fórmula 1 e na Mercedes. Quer receber antes o pacote completo, com a coluna principal e mais informações, no seu e-mail, semana que vem? Clique aqui.
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A Audi oficializou na quarta-feira a negociação com a Sauber, que todo mundo já sabia que estava em andamento. A montadora das quatro argolas entrará na F1 pela porta da equipe nascida e criada na Suíça, que hoje opera na categoria sob o nome/patrocínio da italiana Alfa Romeo. A ideia da empresa alemã é comprar 75% das ações da Sauber nos próximos anos para estrear para valer em 2026, quando passa a valer o novo regulamento de motores — sustentáveis, com uso de combustíveis renováveis etc.
Mas, como sempre, o rei das irrelevâncias aqui tem uma pergunta que, oportunamente, será feita à turma da Audi que está tocando o projeto da F1: os carros continuarão sendo batizados como C-Alguma-Coisa?
"Nossa, colunista, que importância tem isso?", perguntará o leitor mais mal-humorado. A importância, responderei eu, se chama Christiane.
Vamos lá.
O carro que a Alfa Romeo está usando neste ano atende pelo nome-código de C42. A Alfa, como "inquilina" da Sauber, poderia batizar seus carros como quisesse. Mas numa reverência a Peter Sauber, fundador da equipe, decidiu manter a linha adotada pelo vetusto helvético desde o primeiro carro que construiu, em 1970. Sauber era louco por corridas e começara a carreira, vejam só, disputando provas de subida de montanha com um Fusca. Quando estreou na F1, em 1993, o carro da Sauber era o C12, porque antes dele o time fizera 11 modelos diferentes em outras categorias.
E o que é o C, afinal?
C é a primeira letra de Christiane, sua mulher, essa lindona da foto lá no alto. Peter Sauber, em 1970, desistiu de tocar os negócios da família para se meter com automobilismo. A família tinha uma empresa, vejam só, de semáforos de trânsito. Christiane sempre deu a maior força ao marido. Parceira do início ao fim. Então, nada mais justo: todos seus carros só existem por causa de Christiane, e assim serão todos C. Acabou.
Espero que alguma boa alma em Ingolstadt se lembre disso quando apresentar o primeiro carro da Audi para a categoria. Que poderá ser alguma coisa parecida com essa imagem aí embaixo, divulgada pela própria montadora à guisa de divulgação.
O cronograma agora, para vocês não se perderem:
2023 - Sauber continua disputando o Mundial com o nome Alfa Romeo, já que o contrato da marca italiana com a equipe suíça termina no final da próxima temporada. Os pilotos seguem sendo Valtteri Bottas e Guanyu Zhou.
2024 e 2025 - Sauber seguirá usando os motores Ferrari, que desde 2010 empurram seus carros. Vai disputar o campeonato com seu nome original — Sauber mesmo. Pilotos? Mistério absoluto. Provavelmente a Audi estará envolvida na escolha. É muito precoce, claro, mas o nome de Mick Schumacher tem sido citado. O de Daniel Ricciardo, também. O primeiro, pela nacionalidade; o segundo, pela experiência. Bottas, óbvio, pelo bom trabalho que vem fazendo na Alfa, não pode ser descartado. Mas é bom repetir: é muito, muito precoce ainda falar sobre pilotos. Só que a gente fala, né?
2025 - Audi pretende fazer os primeiros testes de pista com seus motores, que serão produzidos na fábrica de Neuburg, pequena cidade bávara de 30 mil habitantes a 10 km de Ingolstadt, onde fica a sede da empresa. Hoje já há 120 pessoas trabalhando no projeto da F1 e a fábrica, que tem uma pista de testes, será ampliada no ano que vem. Os carros seguirão sendo feitos nas instalações da Sauber em Hinwil, na Suíça.
2026 - Sauber muda de nome de novo e passa a disputar o campeonato como equipe Audi, apenas. Provavelmente já com seu controle acionário nas mãos da empresa, que pertence ao grupo Volkswagen. Hoje a Sauber pertence a um fundo de investimento liderado pelo milionário sueco Finn Rausing.
Curioso é que a Sauber, desde que chegou à F1, já teve associações com Mercedes e BMW também, duas grandes concorrentes da Audi. Chegou à categoria com carros que carregavam na carenagem a inscrição "concept by Mercedes-Benz", usando motores Ilmor — empresa associada à montadora de Stuttgart. Em 1995 e 1996, o time foi de Ford, mesmo, porque a Mercedes se mandou para a McLaren. De 1997 a 2005, os motores passaram a ser comprados da Ferrari, rebatizados como Petronas, patrocinadora do time — estatal de petróleo da Malásia que hoje é patrocinadora da? Mercedes!
Comprada pela BMW no final de 2005, foi time oficial de fábrica de 2006 até 2009, quando os bávaros desistiram da F1 e devolveram a equipe para seu fundador, Peter Sauber. Foi nessa fase que os suíços conquistaram sua única vitória, no GP do Canadá de 2008 com Robert Kubica.
Em 2010, o time voltou a usar motor Ferrari, ainda que oficialmente se chamasse BMW-Sauber, uma daquelas maluquices de nomenclatura da F1. Em 2011, a Sauber pôde voltar a disputar o Mundial com seu nome de batismo, sempre com motores Ferrari. Em meados de 2016, Peter Sauber vendeu a equipe para o fundo de investimento sueco e deixou a organização. A parceria com a Alfa Romeo começou em 2018.
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