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Sem jogar, "tiozão" do City bate recorde com segunda Champions após 18 anos
O Manchester City comemorava o título inédito da Champions League no gramado do Estádio Olímpico Atatürk, em Istambul. Gundogan erguia a taça, De Bruyne esquecia da lesão muscular, Rodri saltava ainda incrédulo pelo gol marcado, Haaland enxugava as lágrimas, Ederson apontava para o céu.
No meio da festa, na última fila da foto que entrou para a história, um homem chamava a atenção: barba grisalha, os dentes incisivos separados e uma coleção de rugas emolduravam o sorriso de Scott Carson, 37 anos, terceiro goleiro do time inglês.
O veterano, com tipo de "tiozão" e uma aparência de alguns anos a mais, carregava um feito único se comparado aos colegas, todos mais jovens que ele: era o único do elenco que celebrava o segundo título.
Em 2004-05, também em Istambul, Carson assistiu do banco de reservas a uma das maiores finais da história da Champions League. O Liverpool saiu perdendo por 3 a 0 contra o Milan, empatou o jogo e ganhou nos pênaltis. O herói da partida foi o goleiro polonês Jerzy Dudek; seu reserva, na época, era Carson, então com 19 anos.
O intervalo de 18 anos entre um título e outro da Champions League é um recorde que o veterano passa a compartilhar com duas lendas do Milan: Paolo Maldini e Alessandro Costacurta, campeões em 1989 e em 2007 (com mais três títulos entre as duas conquistas).
Ao contrário dos dois italianos, Carson teve participações muito mais discretas nos dois títulos. Pelo Liverpool, em 2004-05, disputou uma partida contra a Juventus, nas quartas de final. Nesta temporada, pelo Manchester City, o goleiro "tiozão" não jogou um minuto sequer, em qualquer competição.
A falta de minutos não parece incomodar nem Carson, nem o City. Ele é uma espécie de patrimônio do futebol britânico. Revelado pelo Leeds, passou sem muitas oportunidades pelo Liverpool e depois teve boas sequências em equipes de médio porte: Charlton Athletic, Aston Villa, West Bromwich, duas temporadas no Bursaspor da Turquia, Wigan e Derby County. As boas atuações em times menores o levaram à seleção inglesa --ele foi reserva de Paul Robinson na Copa do Mundo de 2006.
Desde que chegou ao City, o número de partidas praticamente foi a zero. São apenas duas participações, uma como titular: um 4 a 3 contra o Newcastle, na Premier League de 2020-21. Na temporada 2021-22, ele jogou 17 minutos do 0 a 0 contra o Sporting, pela volta das oitavas de final da Champions League; o City havia vencido na ida por 5 a 0.
Medalha, medalha, medalha
A segunda conquista de Carson na Champions League veio seguida de uma pergunta: será que, mesmo sem jogar, o goleiro teria direito a uma medalha de vencedor? A resposta é "depende do clube".
De acordo com documentos da Uefa, a equipe vencedora recebe 40 medalhas, que escolhe como dividir entre seus jogadores e funcionários. Imagens da festa dos vestiários do estádio, na noite de sábado, mostram que Carson estava com a medalha no pescoço.
Durante a comemoração, ele ainda teve tempo para responder a uma provocação no Twitter. Um usuário da rede social escreveu "Scott Carson. Duas vezes campeão da Champions League sem jogar um minuto". O veterano respondeu: "90 minutos nas quartas de final, pesquise melhor", referindo-se ao duelo contra a Juventus, pelo Liverpool, em 2005.
Mesmo sem ser aproveitado em campo, Carson é considerado uma parte importante do vestiário do Manchester City. Ele tem contrato até junho de 2024; depois, a tendência é que receba uma proposta para continuar trabalhando no clube.
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