Brasil na NBA: Gui Santos no Golden State é referência de perseverança
O esporte é incrível e a gente pode mesmo usá-lo como exemplo para todos os aspectos da vida. Essa semana assisti a um vídeo que era o corte de uma jogada de um jogo universitário de futebol americano. O jogador perde a bola, consegue recuperar e, com a ajuda dos companheiros de equipe, cruza o campo até a linha do touchdown.
É mágico, a trilha ajuda, claro, mas observar o esforço coletivo e individual num momento de crise e ver o time alcançando o objetivo final são os motivos que me fazem amar o esporte.
É na adversidade que o ser humano prospera. Pode ser papo de coach, mas não tem como melhorar sem sair da zona de conforto. Kobe Bryant está aí para ensinar a todos. Era o primeiro a chegar e o último a sair, acordava às 3h da manhã e treinava mais que qualquer um no Lakers. Ele mesmo falava que era proposital e que se colocava nesse lugar porque o corpo dele não queria, mas sabia da importância para o seu mental. Com fatos a gente não pode discutir. Kobe foi um dos melhores que já pisaram numa quadra de basquete.
Outro ponto importante é ficar no desconforto, encontrar formas de suportar o incômodo e perseverar. É claro que estamos tirando a lesão muscular da equação, mas qualquer preparador físico vai te falar que para aumentar a massa magra você precisa criar um desconforto no músculo. O mesmo vale para o mental, como jogar sob pressão se você não se coloca nessa situação?
Stephen Curry tem uma sequência específica de arremesso em que a bola não pode encostar no aro, são mais de cem bolas de três pontos diárias que precisam ser precisas. É um exercício mental fundamental e que responde à pergunta que todos: como um jogador pode ser tão bom na linha dos três?
O que muita gente não fala, mas que para mim é igualmente importante, é aprender a estar também sempre pronto. O basquete possibilita mais oportunidades porque o rodízio de jogadores é maior, o que não acontece tanto no vôlei ou no futebol, mas permanecer no banco sem perspectiva de nada não é fácil.
Eu vou usar o exemplo do Gui Santos porque ele é bem didático e um exemplo a ser seguido por nós, pessoas normais e que não são atletas de elite. Gui foi draftado pelo Warriors e jogou a G-League, a liga de desenvolvimento da própria NBA. Ele foi chamado para jogar no time principal por alguns jogos, mas foi na temporada passada que tudo mudou.
Gui refez o contrato com o time principal e ele agora faz parte de um dos maiores times da NBA. Isso inclui treinar com um dos maiores jogadores da NBA que já citamos neste texto, Stephen Curry. Ele não ia ter muito espaço, mas entendeu a oportunidade que tinha nas mãos.
Entre altos e baixos, Gui ficou fora da zona de conforto e se manteve focado em esperar a oportunidade chegar. Pode parecer fácil mas o jogador quer estar na quadra e, quando possível ajudar os companheiros. Ele entendeu e esperou. Em dezembro começaram a circular boatos de troca envolvendo o jogador. Ele tinha cada vez menos espaço na rotação e quase não entrava.
Não preciso nem dizer o que aconteceu porque se você está aqui é porque acompanha a NBA. Gui conseguiu uma oportunidade e agarrou com unhas e dentes. Não tem ninguém mais aplicado que ele em quadra, ele defende intensamente, escuta os companheiros, o técnico; o comportamento em quadra dele é contagiante.
Steve Kerr, técnico do Golden State Warriors, confiou no atleta e o que antes era um boato de troca, se tornou um jogador que joga entre 10 a 20 minutos todo jogo.
É insano ver um brasileiro na NBA, mas o mais incrível é ver como o Gui se manteve firme e ético durante todo o período que ficou no banco.
Ainda é cedo para afirmar qualquer coisa, em 24 horas você pode ser trocado, por exemplo, mas podemos aprender muito com essa atitude do Gui Santos.
Onde há crescimento emocional ou físico pode ter certeza que tem alguém fora da zona de conforto.
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