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Ex-chefão de direitos da Globo pode levar Copa América 2021 ao SBT
Diretor da Globo entre 1994 e 2015, o executivo Marcelo Campos Pinto e sua empresa, a Sportsview, estão intermediando as negociações para a exibição da Copa América 2021 no SBT —a pedido da japonesa Dentsu, dona dos direitos. A coluna teve acesso ao modelo de proposta apresentada ao SBT: US$ 8 milhões (R$ 45,7 milhões de reais no câmbio atual) para exibição em TV aberta, assinatura e streaming.
A Sportsview nega que esteja envolvida —veja nota abaixo. Documentos recebidos pela coluna, porém, mostram que o nome tanto de Campos Pinto quanto da Sportsview fazem parte das discussões do SBT sobre o torneio.
A edição de 2024 também foi oferecida, nos mesmo moldes, mas por valor bem maior: US$ 16 milhões (R$ 91 milhões no câmbio atual) no mesmo modelo de negócio. As duas propostas permitem sublicenciamento para outras emissoras.
O canal de Sílvio Santos foi o único a formalizar uma oferta até agora: US$ 6 milhões (R$ 34,4 milhões) apenas pela edição de 2021. A Sportsview conversa com a Dentsu sobre essa contraproposta. Caso consiga fechar o acordo, a empresa brasileira ganhará uma comissão que gira em torno de US$ 1 milhão (R$ 5,7 milhões).
Ex-homem forte da Globo
Marcelo Campos Pinto trabalhou na Globo de 1994 até 2015. Em 1999, começou a montar o modelo de negócio que fez a Globo soberana na aquisição de direitos de transmissão de eventos esportivos no Brasil. Habilidoso em negociações e com ótima agenda de relacionamentos, Marcelo se transformou no principal pagador do esporte brasileiro e passou a ser reverenciado por cartolas e homens de negócios.
Em 2006, por exemplo, a emissora foi escolhida pela Fifa como a vencedora do leilão pelos direitos de transmissão para o Brasil das Copas do Mundo de 2010 e 2014, mesmo oferecendo US$ 100 milhões a menos que a Record. Já em 2011, com a ajuda de Ricardo Teixeira, então presidente da CBF, e de dirigentes de clubes como o Corinthians, foi um dos pivôs da implosão do Clube dos 13. Com isso, passou a negociar individualmente com as agremiações pelos jogos do Campeonato Brasileiro.
Advogado de formação, foi demitido pela Globo em 2015 seis meses após a prisão de uma série de cartolas, incluindo o brasileiro José Maria Marin. Os dirigentes foram acusados de receberem propina na venda de direitos de torneios no Brasil e no exterior. Na ocasião, comunicado assinado por Roberto Irineu Marinho, presidente do Grupo Globo, relatava que o executivo se aposentaria. "Ao Marcelo, meu agradecimento pelo importante trabalho realizado durante mais de 20 anos de atuação do Grupo Globo".
Em 2017, já fora da Globo, Marcelo Campos Pinto foi acusado de ter autorizado o pagamento de propina à emissora. Os valores teriam sido pagos pela empresa Torneos y Competencias, para facilitar a negociação de eventos, como as Copas do Mundo de 2018 e 2022. O executivo nunca se pronunciou sobre o assunto. A Globo, em nota na época, negou veementemente "que não pratica, nem tolera pagamento de propina".
Desde 2020, Marcelo Campos Pinto é um dos sócios da agência Sportsview, que conta com outros ex-executivos da Globo na sociedade. No ano passado, foi chamado pela Federação de Futebol do Rio de Janeiro para ajudar a tornar o Campeonato Carioca um torneio mais atrativo ao público e para possíveis clientes comerciais. Foi ele quem intermediou o contrato da Record para exibir o torneio até 2022.
Após a publicação da reportagem, a Sportsview enviou o seguinte comunicado: "A Sportsview não participa das negociações envolvendo possível acordo de exibição da Copa América 2021 com o SBT, conforme noticiado pela coluna / blog nesta quarta-feira, dia 14 de abril. A empresa está atenta aos movimentos de mercados de transmissões esportivas no Brasil e exterior, e o foco atual segue na reestruturação do Cariocão, projeto em andamento e muito bem-sucedido até o momento. Os executivos da agência estão à disposição para esclarecimentos sobre os projetos assinados pela Sportsview".
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