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REPORTAGEM

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Da NFL ao esporte eletrônico, torcedores 'órfãos' viram realidade

Torcida Flamengo CBLoL - Riot Games/Divulgação
Torcida Flamengo CBLoL Imagem: Riot Games/Divulgação

Colunista do UOL

20/09/2022 04h00

Torcer para um time, independentemente da modalidade esportiva, é praticamente um ritual. Consumir produtos, se programar para assistir a todos os jogos, fazer amigos... É intrínseco ao torcedor tornar a equipe de coração uma parte de si. Imagine, da noite para o dia, não ter mais esse prazer? Ter de escolher outro ou migrar, por conta de negócios? Acontece no esporte moderno. No eletrônico, é uma prática que tende a se tornar cada vez mais usual.

Um exemplo recente, e repleto de polêmica pela proporção massiva que envolve as respectivas torcidas, foi o do Flamengo Los Grandes no CBLOL. Campeão da Segunda Etapa do torneio em 2019 e quatro vezes finalista, o Rubro-Negro disputou pela última vez o torneio neste semestre, quando teve a vaga, antes administrada pela norte-americana Simplicity Esports, comprada pela Los Grandes. Mas... E os torcedores do Mengão que gostam de LoL? O que fazer?

Obviamente, não há aqui um manual do certo ou errado. Certamente há quem vá abandonar o campeonato e viver da nostalgia. Há também quem vá seguir a equipe quando ela for apenas Los Grandes, sem o nome do Flamengo, no ano que vem. À parte de reações passionais e repletas de identificação (ou não) com os times em questão, há que se analisar que esse é um caminho para o qual todos precisamos estar preparados, enquanto fãs do esporte eletrônico.

Um exemplo clássico nesse sentido é a NFL. O atual campeão, Los Angeles Rams, até dias atrás era de St. Louis. Os Chargers deixaram San Diego para partir para a mesma LA. O Indianapolis Colts antes era de Baltimore - e abandonou a cidade literalmente na calada da noite, deixando para trás uma legião de fãs que se tornaram órfãos. Sim, esporte é paixão, mas também é negócio. E o dinheiro fala alto nessa balança.

Voltando aos Esports: a INTZ, um dos times mais antigos do cenário de Rainbow Six Siege, vendeu sua vaga no Campeonato Brasileiro para a Tropicaos em meio à temporada - herdando pontos e mantendo a base do time, com a permanência de três jogadores. Curioso, não? Novamente, fica o questionamento sobre como ficam os torcedores nisso. Mesmo sem a mudança geográfica que pode mandar para milhares de quilômetros no esporte tradicional, soa estranho.

De certa forma, assim como em qualquer bancada de negócios, investimentos mais altos e interesses que vão muito além do servidor acabam predominando em diversas esferas. Há diversas peculiaridades como falamos sobre torcer nos Esports —e que renderiam longas explicações por si só. E, claro, cada um aprecia o grande show, dentro do respectivo game, da forma que melhor lhe atende— escolhendo, ou não, um time específico para torcer.

Movimentações entre lines, organizações, jogadores... Tudo isso é muito constante nos Esports. O conceito de ídolo vinculado a uma equipe específica ainda é bem raro. Há quem torça mais para os atletas, especificamente, e migre junto com ele em uma eventual transferência. Entender o processo é parte da realidade de quem vive o cenário competitivo, goste-se disso ou não.