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OPINIÃO

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Ocelote e a G2: a prova de que rede social não é brincadeira

Ocelote, CEO da G2 - Riot Games/Divulgação
Ocelote, CEO da G2 Imagem: Riot Games/Divulgação

Colunista do UOL

09/10/2022 04h00

As redes sociais são os principais canais de informação quando falamos de esporte eletrônico. Concebidos no ambiente virtual, os games viram o cenário competitivo crescer, se expandir e tomar forma fincando as raízes de suas conversas com intensidade nas mídias digitais. Porém, toda essa acessibilidade é uma faca de dois gumes. Uma reputação construída ao longo de anos pode se esvair por meio de um post errado. E não é exagero.

Carlos Rodríguez, mais conhecido como Ocelote, é CEO da G2 - uma das maiores organizações de Esports do planeta. Ganhou muita notoriedade nas redes sociais com um senso de humor próprio e se tornou "a cara" de sua equipe. Era tratado como exemplo de gestão neste sentido. Nas últimas semanas, a reputação do executivo desmoronou após uma série de decisões pessoais que esbarraram no profissional.

O vídeo acima mostra Ocelote festejando com Andrew Tate, um ex-kickboxer que ficou famoso na internet e acabou banido de redes sociais por múltiplas polêmicas - que incluem misoginia, racismo e homofobia. Um dia depois, extremamente questionado no Twitter, o executivo achou por bem escrever: "Ninguém nunca poderá policiar minhas amizades [...] Eu festejo com quem diabos eu quiser". Conseguiu ampliar o próprio erro.

Não vamos nos alongar nos detalhes do caso e de tudo o que representa Tate. Uma busca simples na internet pode mostrar a você, leitor, quem é o indivíduo. Há aqui, porém, uma reflexão importante: Ocelote esqueceu que ele era a cara da própria organização. Ou seja: quando acha normal se envolver nesse contexto, automaticamente está colocando ali, junto, a G2. E não se trata de misturar pessoal e profissional, mas sim de saber como um impacta o outro.

Ocelote tem o direito de se colocar na situação que bem entender, assim como os fãs da G2 têm o direito de questionar quando o principal representante da equipe pela qual torcem se porta de forma lamentável. Fãs, estes, que consomem, apoiam e colocam a organização no patamar em que ela está. Ou o executivo acha que o patamar da G2 é única e exclusivamente fruto do seu trabalho?

Uma reportagem do Washington Post, inclusive, disse que a postura de Ocelote teve influência direta na ausência da G2 entre as equipes selecionadas para a Liga Internacional de VALORANT - competição, esta, na qual a Riot selecionou apenas 30 equipes (10 de cada macrorregião) para a disputa. Pois é. Além da própria imagem, o empresário colocou em xeque também a própria equipe - pela qual tanto lutou ao longo dos anos.

Afastado do cargo de CEO, Ocelote se desculpou e disse que "sua vida sempre foi cheia de aprendizados". Admitiu a falha e as consequências do próprio ato. Porém, além do significado a curto prazo, é preciso entender: sim, um simples post representa muito mais do que parece. Na era das distâncias encurtadas, os canais de comunicação são simplificados, mas carregam consigo tanto significado quanto quaisquer outras formas de se manifestar.

Um texto de poucos caracteres pode definir o destino e o futuro de muito mais que uma só pessoa. É preciso responsabilidade e bom senso ao avaliar o equilíbrio da balança entre pessoal e profissional. Um interfere no outro, é inevitável. Ocelote optou por pagar caro para entender.