Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Novembro reafirma mulheres mudando o jogo no Esport brasileiro
A barreira de entrada para as mulheres no esporte eletrônico diminuiu muito nos últimos tempos - a custo de uma dura e insistente luta de tantas figuras representativas do cenário competitivo, nos mais variados jogos. Ainda que o contexto continue sendo excessivamente desigual, e a batalha contra o machismo e a misoginia sejam constantes, 2022 nos trouxe muitos motivos para acreditar que podemos contemplar um futuro mais igualitário.
Neste mês de novembro, a nível nacional, temos a Ignis Cup, primeiro campeonato feminino oficial de League of Legends do país, e o Wild Circuit Game Changers - o equivalente para o Wild Rift. Ambas as decisões acontecerão em formato presencial, nos estúdios da Riot Games, em São Paulo. Significativo, mas que também deve ser encarado como o próprio lema da Ignis diz: uma "primeira chama", por projetos ainda maiores na próxima temporada.
Um ponto a se destacar na concepção dos torneios em questão é a preocupação da publisher em não somente proporcionar uma experiência competitiva de alto nível para as atletas, mas também formar casters e todo um ecossistema no qual as mulheres tenham oportunidades reais - e não somente pequenos lampejos para comemorar. É sobre ocupar espaços.
Ainda em novembro, também presenciaremos o primeiro campeonato mundial feminino da história do VALORANT. Lançado há pouco mais de dois anos, o FPS tático trabalhou bem a questão de dar a devida atenção, nas palavras da própria Riot, a mulheres e gêneros marginalizados, com o programa Game Changers. De fato, "mudar o jogo" - como diz o lema, em tradução livre do inglês.
Há que se ressaltar também o Circuito Feminino do Rainbow Six Siege, que acontece desde 2018 no Brasil. O torneio foi a principal competição feminina feita pela Ubisoft em todo o mundo. São anos e anos mostrando que basta interesse e real atenção dedicada ao cenário para que ele quebre estereótipos e paradigmas. Uma missão que as publishers deveriam sempre abraçar de forma conjunta - em prol das mulheres que veem no esporte eletrônico suas vidas profissionais.
É sempre importante deixar claro: sim, ter oportunidades igualitárias entre homens e mulheres, independentemente do campo de ação, deveria ser o normal na sociedade. Sabemos que não é. Sabemos que a corrida atual é para tirar, contra o tempo, uma diferença histórica de visão. Não estamos falando somente dos games. Infelizmente, está em todas as modalidades do esporte. O futebol, a mais popular do planeta, não nos deixa mentir.
No dia a dia, o que nos cabe é entender que sempre podemos fazer a nossa parte das mais diferentes formas. Assistindo mais às mulheres jogando ou streamando, consumindo conteúdo, amplificando, criando espaços e jamais permitindo que a credibilidade seja colocada em jogo. É uma obrigação moral para quem realmente quer ver o esporte eletrônico da forma que ele merece ser visto.
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