Se no futebol a seleção não encanta, no basquete a história é outra
A seleção canarinho definitivamente não vive seu melhor momento. Não tem mais bobo no futebol, e o time comandado por Dorival Júnior luta para conseguir uma boa sequência de vitórias e ocupa a quinta posição nas eliminatórias da Copa do Mundo. Foram apenas dois resultados positivos nos últimos cinco jogos (dois empates, duas vitórias e uma derrota).
Já o basquete manteve os 100% de aproveitamento nas eliminatórias da Copa América. Quatro vitórias seguidas, as últimas duas de forma expressiva na última janela, sobre Uruguai e Panamá. Jogando em casa, a seleção brasileira empolgou e sacudiu as arquibancadas em Belém. O Brasil já havia vencido o Paraguai duas vezes em fevereiro e ainda entra em quadra novamente contra Uruguai e Panamá em fevereiro, já classificado para a Copa América, que será realizada na Nicarágua em agosto de 2025.
Brasileiros de volta à NBA?
No primeiro confronto, o Brasil bateu o Uruguai por 71 x 65 e no segundo duelo não tomou conhecimento e atropelou o Panamá por 93 a 67. O basquete apresentado foi muito consciente e contou com show à parte dos pivôs Bruno Caboclo e Mãozinha Pereira.
Com muitas enterradas, pontes aéreas e tocos, a dupla levou o público do Ginásio Mangueirinho à loucura. Caboclo sobrou com 14,5 pontos e 9,5 rebotes de média, e Mãozinha foi o grande nome do elenco com um duplo-duplo de 17 pontos e 11 rebotes por jogo.
Ambos têm passagem pela NBA e acredito que possuem potencial para voltar à melhor liga de basquete do mundo.
Caboclo explodiu pelo Pinheiros ainda muito jovem e foi draftado em 2014 aos 19 anos, pelo Toronto Raptors, onde permaneceu por quatro temporadas, mas não conseguiu uma boa sequência de jogos. Ainda assinou contrato em outras franquias da NBA, mas não chegou a emplacar.
Foi MVP (Most Valuable Player - 'jogador mais valioso') do NBB jogando pelo São Paulo na temporada 2021/22 e se transferiu para a Europa. Atualmente, veste a camisa do Hapoel Tel Aviv.
Alguns problemas de indisciplina extra quadra atrapalharam o bom andamento de Bruno Caboclo, mas sem dúvida sobram atributos para ele estar na NBA.
Mãozinha Pereira se despediu do NBB como líder de rebotes da competição (9,8 rebotes por jogo) atuando pelo Corinthians em 2023. Rumou ao Capitanes da Cidade do México na G League, e suas cravadas e atleticismo em quadra logo chamaram a atenção dos agentes da NBA.
Na última temporada, o ala/pivô assinou dois contratos de 10 dias com o Memphis Grizzlies, onde teve boas atuações, mas acabou não fechando um contrato garantido. Porém, assinou com o time de desenvolvimento da G League chamado Memphis Hustle.
Acredito que sua disposição extraordinária em quadra, somada à capacidade de cumprir sua função na equipe, além das enterradas absurdas, podem lhe render um contrato com alguma franquia da NBA em breve.
A base vem forte
Depois de ficar entre os oito melhores do mundo nas Olimpíadas de Paris, o técnico croata Aleksandar Petrovic, que comanda o Brasil, iniciou um processo de renovação muito interessante. Dos 14 jogadores convocados para as eliminatórias da Americup, nove têm menos de 23 anos.
Diferentemente do futebol, onde poucos atletas que jogam no Brasil são lembrados na convocação, no basquete, nove jogadores fazem parte de equipes desta edição do NBB, gerando assim maior identificação do torcedor.
O jogador mais jovem a vestir a camisa da seleção brasileira
Mathias Alessanco, de 16 anos, se tornou o jogador mais jovem a vestir a camisa da seleção brasileira na história do basquetebol brasileiro.
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Quero receberO jovem ala/pivô começou o jogo como titular contra o Panamá e conseguiu seus dois primeiros pontos, além de agarrar 3 rebotes.
Mathias atua no Real Betis, da Espanha, e é filho do ex -jogador Shilton Alessanco dos Santos, bicampeão do NBB e 3º maior reboteiro da história da Liga brasileira.
Com o basquete no sangue desde o berço, apesar do biotipo de jogador grande com 2,04m, que poderia jogar somente próximo ao aro, Mathias desenvolveu outras habilidades, o que se tornou seu grande diferencial. Têm muita mobilidade, além de facilidade para jogar em mais de uma posição, podendo definir de frente ou de costas para a cesta. Vem encantando os olheiros do mundo todo e já é cotado como um dos principais jogadores para o draft da NBA.
Comandante sem medo de arriscar
O treinador Petrovic tem a enorme virtude de revelar prospectos. Em sua primeira passagem na seleção brasileira no ciclo 2019, 2020, foi quem bancou a convocação do jovem Gui Santos (então com 19 anos e reserva do Minas Tênis Clube) gerando controvérsias na mídia especializada. Gui mostrou que a aposta do croata fazia sentido, aproveitou sua chance e atualmente é companheiro de Stephen Curry no Golden State Warriors.
Além de Mathias, outros prospectos tiveram sua primeira oportunidade na amarelinha sob o comando de Petrovic. O ala Reynan, do Pinheiros, de 19 anos, o ala/armador Lucas Atauri, do Paulistano, de 18 anos, além do armador Adyel Borges, no São José dos Campos, de 22 anos, entraram e fizeram seus primeiros pontos pelo Brasil nessa janela.
O processo de renovação sempre é muito complicado, mas a coragem de Petrovic de colocar novos talentos para jogar é de extrema valia. Os veteranos do time nessas eliminatórias, Elinho Corazza, do Corinthians (35 anos), e Georginho de Paula, do Sesi/Franca (28), também souberam agregar experiência na medida certa e foram fundamentais para servir de referência e dar o suporte necessário para que os garotos pudessem jogar à vontade.
Enquanto a seleção de futebol gera muitas incertezas ao torcedor, a seleção de basquete pode se orgulhar de estar no caminho certo na criação de uma identidade.
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