Gustavinho Lima

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Opinião

Qual conquista do basquete equivaleria ao Globo de Ouro de Fernanda Torres?

A atuação magistral de Fernanda Torres no belíssimo filme "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, e o prêmio pela obra são um marco e um reconhecimento histórico não só para o cinema nacional, mas para o país como um todo.

Uma vitória da cultura, das mulheres de todo Brasil e uma exaltação à memória. E no basquete, qual história se equivaleria a esta conquista da Fernanda Torres?

Seleção feminina campeã mundial de basquete

De bate pronto, me vem à cabeça a conquista do Mundial em 1994 pela seleção feminina de basquete. A primeira vez que uma seleção - sem ser os Estados Unidos ou a União Soviética - ganhou a medalha de ouro em um mundial.

Foi uma geração histórica formada por feras como Hortência, Magic Paula, Janeth, Helen Luz, Leila, Alessandra, e dirigida por Miguel Ângelo da Luz. Naquela campanha, a seleção brasileira bateu na semifinal os Estados Unidos - as então bicampeãs mundiais - em um jogaço épico. A seleção americana tinha estrelas do gabarito de Lisa Leslie,Teresa Edwards e Dawn Staley.

Mas o trio de ferro do Brasil foi sublime, somou incríveis 83 pontos na vitória de 110 a 107. Hortência marcou 32 pontos, Magic Paula, 29 e Janeth, 22.

Na grande final, as brasileiras venceram a China com segurança por 96 x 87, com novo show do "Big Three", com 27 pontos de Hortência, 20 de Janeth e 17 de Magic Paula. Na ocasião, Hortência foi eleita MVP do Mundial.

Ouro no Pan de 1987

Dentro da casa dos americanos, em Indianápolis, Indiana, a seleção brasileira comandada nomes como por Oscar, Marcel, Israel, Guerrinha, Gerson, Paulinho Villas Boas, Pipoka, Cadum e, dirigida por Ary Vidal, chocou o mundo ao vencer a seleção americana por 120 a 115.

Conquistamos a medalha de ouro nos Jogos Pan Americanos de 1987. Maior pontuador da final com 46 pontos, Oscar Schmidt foi eleito MVP da competição.

Leandrinho Barbosa eleito melhor 6° homem da NBA

É verdade que o sexto homem é como se fosse o prêmio de melhor ator coadjuvante, mas como o basquete é coletivo, considero um feito extraordinário.

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Leandrinho foi o primeiro brasileiro a vencer um prêmio individual na melhor Liga de Basquete do Mundo. Conhecido por sua velocidade explosiva, o ala/armador encaixou como uma luva no esquema do Phoenix Suns na temporada 2005/06, liderado por Steve Nash, Amar'e Stoudamire e dirigido por Mike D'Antoni.

Esse time foi um dos responsáveis por revolucionar o basquete com o famoso "seven seconds or less" (sete segundos ou menos), um estilo de jogo de altíssimo ritmo para os padrões da época.

O Phoenix foi vice-campeão da NBA e Leandrinho foi eleito o melhor 6° homem da liga. Ele ficou por 14 temporadas na NBA e também se sagrou campeão pelo Golden State Warriors.

Marcelinho Huertas na Liga Espanhola

Com sua capacidade única de enxergar o jogo e fazer seus companheiros jogarem melhor, o brasileiro Marcelinho Huertas, atualmente no Lenovo Tenerife, da Espanha, se consolidou como um dos maiores jogadores da liga. Ele superou a marca de Pablo Laso como maior assistente da história da liga espanhola.

Brasil bicampeão mundial

O basquete brasileiro viveu seu auge o no final dos anos 50 e início dos 60, com o Brasil bicampeão mundial em 1959 e 1963. O bicampeonato foi liderado por Wlamir Marques e Amaury Pasos, que foi eleito MVP em ambas as finais.

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Esses feitos históricos ajudam a tentar dimensionar o que foi um prêmio da magnitude como o de Fernanda Torres no Globo de Ouro.

Fernanda Montenegro, Fernanda Torres, Hélio Rubens e Helinho Garcia

O reconhecimento de Fernanda Torres com o Globo de Ouro 25 anos após sua mãe, a extraordinária Fernanda Montenegro, ter sido indicada pelo filme Central do Brasil é extremamente simbólico.

"Essa é uma prova que a arte pode perdurar pela vida", disse Fernanda Torres no agradecimento.

No basquete brasileiro alguns ciclos mostram que o esporte também pode perdurar.

Pai e filho, Hélio Rubens Garcia e Helinho Garcia também são provas que o basquete tem a força para permanecer no sangue e como estilo de vida.

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O francano Hélio Rubens foi multicampeão como jogador, e se tornou um dos maiores e mais vitoriosos treinadores de todos os tempos no basquete brasileiro. Helinho Garcia seguiu os passos e ensinamentos do pai e, além de ter defendido a seleção brasileira como jogador, hoje se mostra um excelente treinador no comando do Sesi/ Franca, atual tricampeão do NBB.

A arte e o esporte podem e devem perdurar mesmo nos momentos mais difíceis.

Viva Fernanda Torres, viva a memória!

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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