Helio de La Peña

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Opinião

Lipoaspiração é passado: te cuida Palmeiras, Bota já teve alta do psicólogo

Botafogo e Palmeiras voltam a se reencontrar. O confronto desta quarta-feira é no Estádio Nilton Santos, o nosso Niltão. Mas, pelos ânimos das torcidas e dos dirigentes, poderia acontecer num octógono.

Ninguém poderia imaginar que, em julho de 2024, estaríamos revivendo a rivalidade que ganhou as manchetes do ano passado.

Na 17ª rodada do Brasileirão, o principal jogo será entre líder e vice-líder. Ambos com 33 pontos e mesmo saldo de gols. Botafogo está na frente por dois gols pró.

Dos três primeiros da tabela, Botafogo é o primo pobre, hoje não tão pobre quanto já foi no passado. A SAF de John Textor nos tirou do fundo do poço e nos permite brigar de igual para igual com as duas forças hegemônicas do futebol brasileiro, Palmeiras e Flamengo.

Ano passado, vivemos intensamente o ditado de que "Tem coisas que só acontecem com o Botafogo". A vantagem era absurda. Chegamos a estar 13 pontos à frente e vimos a gordura derreter na maior lipoaspiração já vista num Brasileirão. E o ponto de inflexão foi justamente o segundo confronto entre os dois, de forma inacreditável.

Depois de um primeiro tempo primoroso, com o alvinegro dando uma aula de futebol, o segundo tempo se revelou um outro jogo. Botafogo, nervoso desde o início, cedeu uma virada histórica, com episódios que até hoje provocam discussão.

Destaque para a expulsão do zagueiro Adryelson num lance pra lá de questionável. Vencíamos por 3x1 e logo em seguida tivemos um pênalti a nosso favor, que o artilheiro Tiquinho Soares desperdiçou. O desespero tomou conta da equipe. Eu estava lá na arquibancada e fiquei até o final paralisado olhando o placar que marcava 3x4.

Dali em diante, foi ladeira abaixo. O time se tornou irreconhecível e, a cada partida, eu tremia quando se aproximavam os 40 minutos do segundo tempo, quando a qualquer momento poderíamos tomar um gol. E tomávamos. Fechamos o ano em quinto lugar, disputando apenas a pré-Libertadores.

John Textor passou a ter uma certeza: o Palmeiras foi favorecido. Sua disputa saiu do campo e foi parar nos tribunais. Nós, botafoguenses, sabemos que o time perdeu o título para si mesmo, com desempenhos lamentáveis. Por outro lado, não sei vocês, mas eu não boto a minha mão no fogo pela competência da arbitragem brasileira.

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Nesse cenário, começamos 2024. O Botafogo parecia precisar de mais 10 anos para se recuperar. As diversas trocas de técnicos não surtiam efeito. Ficamos de fora do quadrangular que decidiu o campeonato estadual. Perdemos as duas primeiras partidas da pré-Libertadores. A impressão era que os psicólogos não estavam dando conta de pôr a cabeça da equipe (e dos torcedores) no lugar.

Eis que chega de Portugal o técnico Artur Jorge. Alheio ao passado recente, armou o time e cobrou um preparo físico mais efetivo. Os reforços foram surgindo. Chamou atenção a vinda do atacante Luís Henrique, a maior contratação da história.

Enquanto isso, a guerra segue nos tribunais. Textor e Leila trocam insultos e acusações diárias. A presidente do Palmeiras não poupa esforços em desqualificar o dono da SAF e tenta bani-lo do futebol brasileiro. Textor contra-atacou e, recentemente, contratou o advogado Paul Tuchmann, o ex-promotor que atuou no Fifagate, a maior investigação sobre corrupção no futebol. Ninguém sabe até onde isso vai, né?

O que me interessa mesmo é o que rola dentro de campo. Estamos vivendo um momento de boas atuações, o que se reflete na liderança do Brasileirão e na classificação para as oitavas na Libertadores e na Copa do Brasil. Aqueles que achavam que a performance de 2023 foi um ponto fora da curva começam a se convencer que o Botafogo vive de fato uma ascensão.

As atuações estão seguras e nos colocam como um dos postulantes ao título deste ano. Se vai vir, não posso garantir - ainda mais que, sendo supersticioso, prefiro continuar desacreditado pela imprensa e pelos adversários. Funcionamos melhor comendo pelas beiradas.

Por conta disso, a expectativa para esta quarta-feira, 17 de julho, é grande. Estarei no Niltão acompanhando de perto a disputa pela liderança na rodada. Consciente de que estamos muito longe de dezembro e que muita água ainda vai rolar. Mas uma vitória poderá consolidar o momento em que estamos vivendo.

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E ainda vai servir de estímulo para outros dois reencontros que teremos com esse que se tornou nosso maior rival atual. Em agosto, vamos lutar por uma vaga nas quartas da Libertadores. E com certeza o bicho vai pegar.

Novos reforços estão chegando. Queremos de fato levar ao menos um troféu relevante para nossa sede em General Severiano. Vamos contar com a estrela de Junior Santos, com a plena recuperação de Tiquinho e de toda a equipe. Podem ter certeza, 2023 é passado. Artur Jorge está no comando, a torcida está comparecendo, apoiando e entendendo que a reconstrução de um clube de tradição gloriosa não é da noite pro dia.

Já deu pra ver que o Botafogo teve alta do psicólogo.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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