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José Trajano

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Ainda bem que temos Rony, Pedro, Cássio e Fred!

A perseverança inspiradora de Rony: enfim, o gol de bicicleta - Marcello Zambrana/AGIF
A perseverança inspiradora de Rony: enfim, o gol de bicicleta Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Colunista do UOL

08/07/2022 04h00

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Ah, se o futebol fosse sempre assim! Sem nada de torcedor fazendo gesto racista ou nazista, nada de pedras atiradas nos ônibus dos adversários, nada de jogador sendo ameaçado de morte, nada de meia dúzia de vândalos ameaçando jogadores nos aeroportos e nos centros de treinamento, nada dos terríveis conflitos de torcidas que causam morte, nada de erros das arbitragens e do VAR, nada do preconceito contra as mulheres no apito e no microfone, nada, nada disso!

É praticamente impossível em um país onde 11 milhões passam fome, onde a insegurança alimentar atinge três em cada dez dos brasileiros, onde a desigualdade só aumenta, onde há mais de 11 milhões de desempregados, onde há mais de 180 mil pessoas em situação de rua, onde há estímulo à violência, onde incentivam a invasão das terras indígenas, onde aumenta a venda de armas, onde impera a ignorância dos governantes, onde a cultura e a educação são tratadas com desprezo, onde o racismo estrutural está enraizado, onde há milhões de pessoas que acham o capitão corona um sujeito legal.

Diante de tantas mazelas, barbaridades e tragédias, de vez em quando a gente se alegra, se anima, se emociona.

Seja ouvindo "Que tal um samba" do Chico, vendo as escolas de volta à avenida cantando resistência e cultura negra, indo às exposições de fotos de Sebastião Salgado e Walter Firmo, comemorando com Gil os seus 80 anos muito bem vividos, aplaudindo o Congresso por derrubar o veto às leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo, vendo o ex-presidente da Caixa e o ex-ministro da Educação serem desmascarados. E batendo palmas quando a pressão popular consegue algumas vitórias, como no caso da menina de 11 anos impedida de fazer aborto legal por juíza e promotora.

E também — por que não? — assistindo embasbacados ao enfim gol de bicicleta do Rony; à emoção do Fred ao marcar gol na pré-despedida no Maracanã junto com a enlouquecida torcida tricolor; aos quatro gols do jovem Pedro com a camisa do Flamengo; e à mais uma incrível atuação do extraordinário Cássio.

Ah, se o futebol fosse sempre assim! Pena que não seja. As coisas podem melhorar. Quem sabe até com o Brasil hexacampeão! Para que isso aconteça, 1 de janeiro de 2023 tem que chegar logo.

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