Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Meninas do futebol feminino carioca, não desanimem!
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Quero prestar homenagem sincera às jovens do time de futebol do meu America, que disputaram a primeira divisão do Campeonato Carioca. E não só a elas!
Fiquei sabendo que depois de levar de 7 a 0 do Fluminense e 7 a 0 do Botafogo, elas tomaram de 17 (dezessete!) a 0 do Flamengo.
A princípio fiquei envergonhado, triste, muito chateado. Com o passar dos dias, examinei a tabela. Não foram somente derrotas acachapantes. Teve uma vitória aqui, outra ali, e até goleada de 9 a 0 sobre o Rio São Paulo e 10 a 0 sobre o Brasileirinho.
E aí vi que são guerreiras. Em um clube onde os funcionários estão em greve, sem receber salários há um ano, elas enfrentaram times muito mais fortes sem medo de serem felizes.
Não foram somente as jogadoras rubras que sofreram enormes e históricas goleadas, outras equipes também. Para se ter uma ideia, em apenas sete jogos, o Rio São Paulo levou 85 gols (34 a 0 do Flamengo) e o Brasileirinho, 105 (28 a 0 do Flamengo). E não marcaram nenhum.
Fico imaginando como devem ter sido esses jogos. Deu pelo menos para as jogadoras colocarem o pé na bola, à exceção da saída do jogo e dos gols? Será que ficaram muito tristes ou divertiram-se, porque sabiam que seria impossível jogar de igual para igual contra os times poderosos?
Seja como for, quero exaltar a coragem e dar parabéns a todas às jogadoras do America, Brasileirinho e Rio São Paulo. Que toquem pra frente, entrem em campo, não tenham receio, divirtam-se! Vocês fazem parte da história do futebol feminino que cresce, que ganha cada vez mais visibilidade e apoio. Quem sabe na próxima temporada, com mais treino e experiência, possam marcar pelo menos um golzinho? Não desanimem!
Como consolo, quero dizer que quando joguei no time infantil de basquete do America, na estreia do Campeonato Carioca, perdemos de 52 a 2 do Clube dos Aliados, de Campo Grande, time que revelou o inesquecível Algodão, um dos maiores jogadores brasileiros de todos os tempos, campeão mundial em 1959.
Anos depois, já como juvenil, voltamos a Campo Grande. E vencemos por 45 a 39. Comemorei como nunca!
Boa sorte, meninas, e bola pra frente!
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