Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Demos a cara para bater! Valeu a pena!
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Domingo, logo após o resultado da eleição, feliz da vida, emocionado, rumei com minha mulher, minha enteada e alguns amigos para comemorar de alma lavada a vitória de Lula na Avenida Paulista.
Tinha muita gente, muita gente mesmo. Não sei calcular quantos estavam ali, mas fazia tempo que não cruzava com tantas pessoas. E olha que no dia anterior estive no mesmo lugar na caminhada de despedida da campanha de Lula e Haddad.
O clima era de muita euforia e emoção! As pessoas se abraçavam, riam, choravam, cantavam, pulavam, não cabiam em si de tanta alegria. E havia muitos jovens, impressionante, muitos deles com adesivos, camisetas e bandeiras da campanha. Alguns tinham tamborins, surdos e chocalhos.
O que mais me surpreendeu foi como me receberam. Não sou um cara global, estou fora da mídia tradicional faz tempo, tenho um programa diário na TVT, canal UHF, e o podcast Cartão Vermelho, com Juca e Casagrande, aqui mesmo no UOL, além desta coluna semanal.
Foi loucura. Jamais havia recebido tantos abraços, apertos de mãos e beijos em tão rápido espaço de tempo. Quando me viam, mesmo de longe, acenavam, gritavam e cantavam meu nome.
Isso me intrigou.
Falei com o Casagrande. Ele disse que com ele foi igual. Mas tinha certeza que não era porque foi jogador de futebol conhecido e comentarista durante anos da Globo, e sim pela intensa participação como cidadão e ativista nos últimos meses antes da eleição.
Nós demos a cara para bater! E deu nisso!"
O Casão matou a charada. Além de muitos abraços e muitas selfies, a maioria dizia, muitas vezes chorando, "muito obrigado, muito obrigado."
Demos a cara a tapa. E me orgulho! Dei e daria de novo pela democracia. Tinha que publicamente tomar partido, denunciar com firmeza o que o capitão e sua perversa gente armavam contra o povo brasileiro.
Me expus, assinei manifestos, subi em carro de som, fui a mil e uma passeatas e manifestações, não me calei, não fiquei indiferente ao momento absurdo vivido pelos mais pobres, indígenas, negros, mulheres, quilombolas, LGBTQIA+, professores, cientistas, enfim, por todas as camadas da população, onde 33 milhões passam fome, o que representa mais de 15% dos brasileiros.
Não podíamos deixar seguir adiante, um basta era necessário. Assim, nos empenhamos ao máximo para combater o desgoverno do verme, que infelizmente ainda nos governa. Nos empenhamos para ganhar no voto, democraticamente, ao contrário dos seres abjetos que ainda andam pelas ruas como almas penadas clamando por intervenção militar, falando em fraude e perseguição.
Era praticamente impossível não se indignar diante das tragédias ambientais, da falta das vacinas (que provocaram a morte de mais de 600 mil brasileiros), do desmonte da educação, da cultura e da ciência. A ignorância e o ódio tomando lugar da solidariedade e do amor.
Fazia tempo que não ficava tão feliz e emocionado. Valeu a pena dar a cara a tapa.
É Lulalá, torcida brasileira! Ganhamos!
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