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José Trajano

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Viva o Japão! Viva o Seu Paulo!

Seitaro Miyashiro, o Seu Paulo massagista, celebra a vitória do Japão sobre a Alemanha - Arquivo pessoal
Seitaro Miyashiro, o Seu Paulo massagista, celebra a vitória do Japão sobre a Alemanha Imagem: Arquivo pessoal

Colunista do UOL

25/11/2022 04h00

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Seitaro Miyashiro não veio no Kasato Maru, o navio que atracou no porto de Santos em 1908, com os primeiros 781 imigrantes japoneses de três famílias. Chegou em 1957, com 28 anos, e imediatamente foi encaminhado para uma colônia agrícola, nos arredores da Baixada Santista, onde pegou pesado na roça.

Ganhou o nome de Paulo para poder casar nos anos 1960, porque o padre exigiu que fosse batizado para realizar a cerimônia. E é desta forma que é conhecido por toda a sua clientela: Seu Paulo massagista.

Sim, Seu Paulo aprendeu com os mais velhos a arte da massagem. Pratica espécie de do-in com shiatsu, entremeadas com pitadas e falas de Seicho-no-ie. E desde que largou a agricultura e se mudou para a capital paulista virou requisitado massagista. Vai de casa em casa.

Aos 83 anos, continua firme e mantém muitos clientes. Eu sou um deles.

Vira e mexe falamos um pouco de futebol. Ele tem adoração pelo Zico, o Deus do futebol japonês.

Zico foi para o Japão em 1991, já com 38 anos, e jogando pelo Kashima Antlers na J-League contribuiu e muito para fomentar o esporte no país.

Virou ídolo e até hoje é venerado pelos torcedores japoneses. Depois de pendurar as chuteiras, virou dirigente do clube, onde permaneceu até o ano passado. Uma história que durou 30 anos. Zico é estátua na porta do estádio do clube.

Seu Paulo não acompanha muito futebol, mesmo assim cita Rui Ramos, brasileiro que chegou a jogar pela seleção japonesa, e também Morais, atacante que se mandou para o Japão na mesma época de Zico, e ficou por lá dando aulas em escolinhas de futebol.

Nessa quarta-feira, enquanto me fazia massagem, Seu Paulo e eu assistimos à vitória do Japão sobre a Alemanha. Jamais o vi tão alegre e feliz, e olha que está sempre sorrindo.

Aplaudimos as defesas do Shuichi Gonga, gritamos juntos no gooooll de virada do Asano! Dei parabéns pela vitória histórica!

Até agora é o meu momento mais emocionante da Copa. Obrigado, Seu Paulo!

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