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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

ChatGPT: Futebol e Inteligência Artificial

ChatGPT Plus - Reprodução
ChatGPT Plus Imagem: Reprodução

27/02/2023 12h10

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POR BRUNO MAIA*

Seu time vai mal, o treinador não acha a melhor formação. Seria uma boa ideia pedir ajuda a uma Inteligência Artificial? Ou ainda se existe um cenário complexo para avaliar a contratação de um determinado jogador para completar o elenco, será que um ChatGPT da vida pode ajudar?

Calma, muita calma aos torcedores mais entusiasmados. As inteligências artificiais, para o mal ou para o bem, ainda não vão assumir o lugar dos atuais tomadores de decisão. Apesar de terem muito o que contribuir já no curto prazo com o futebol, essas ferramentas que, nas últimas semanas ganharam ares de oráculos, não têm acesso a informações em tempo real. São um modelo de linguagem treinado sobre um conjunto de dados fixos. O citado ChatGPT, por exemplo, nos mostra respostas baseadas em informações geradas para a ferramenta até setembro de 2021.

Porém, há áreas onde as inteligências artificiais já estão presentes e tantas outras em que pode expandir. A primeira é a performance de atletas. Há diversos dispositivos, a maioria em forma de tecnologia vestível, que geram dados sobre o comportamento dos atletas e já são usados para personalizar treinamentos e evitar lesões. Essas, sim, são informações acessíveis em tempo real.

Outra função já bastante utilizada é a de busca por novos talentos, através das plataformas de scouting. O cruzamento das informações do comportamento de um determinado time, apontando suas fraquezas, cruzadas com a de outra equipe com jogadores de perfil semelhantes e que têm melhor êxito nas competições, pode recomendar as características físicas de atletas que podem gerar melhor efeito no desempenho futuro da equipe.

Se por um lado, a cobertura crítica dos fatos do jornalismo esportivo não pode ser substituída, será bastante fácil substituirmos profissionais de baixa capacidade crítica. Os clichês da cobertura esportiva são facilmente gerados por essas máquinas que entendem de maneira rápida estruturas de pensamento e texto repetitivas, podendo reproduzi-las automaticamente e abastecer fontes mais rasas, como as redes sociais de poucos caracteres. Isso pode reduzir bastante os postos profissionais, mas também tende a valorizar aqueles que elaboram e apuram, o que a Inteligência Artificial não faz.

A tecnologia tem muitas respostas pra nos dar, mas ainda é profundamente dependente de quem faça boas perguntas. No esporte, isso não será diferente.

*Bruno Maia é CEO da Feel The Match, desenvolvedora de propriedades intelectuais voltada para streaming e blockchain, e executivo de inovação e novas tecnologias no esporte e entretenimento.