Minha Mana

Única menina entre três irmãos, e ainda por cima a caçula, tinha de ser como foi nos últimos 69 anos: virou Mana.

Para os irmãos, para o pai e para a mãe, e para todos, exceção feita aos colegas de trabalho.

Como um problema crônico nos pulsos acabou por impedi-la de tocar violão, transformou sua paixão pela música em pesquisa.

A música brasileira tem grandes pesquisadores e, certamente, entre eles está ela: Maria Luiza Amaral Kfouri que, hoje, descansou, vítima de câncer no pâncreas.

Deixou como legado sua premiada trajetória como diretora da rádio Cultura de São Paulo e o Discos do Brasil, site que criou feito artesã, tão minucioso que elenca todos, rigorosamente todos, os músicos que participaram com sua arte em mais de 7 mil discos.

Padeceu com os três irmãos homens, particularmente com este, quatro anos mais velho, que a aterrorizava com histórias sobre os anticristos, ela com apenas 5, 6 anos.

Deixa duas sobrinhas órfãs, assim como afilhados e afilhadas.

Elis Regina perde fã tão ardorosa a ponto de certo dia, depois de ver Mana pela décima vez em show seu, perguntar se ela não tinha mais nada o que fazer - e decretar que, daí em diante, não pagaria mais ingresso.

Enérgica como é marca registrada da família, faz imensa falta.

E foi embora cercada de enorme carinho.