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Julio Gomes

Liverpool é o primeiro "favoritaço" na Champions desde o Barça de Guardiola

Jurgen Klopp comanda Liverpool em partida contra o Sheffield United no Campeonato Inglês - Reuters/Carl Recine
Jurgen Klopp comanda Liverpool em partida contra o Sheffield United no Campeonato Inglês Imagem: Reuters/Carl Recine

18/02/2020 04h00

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Resumo da notícia

  • Mata-mata da Champions recomeça, e o atual campeão volta a Madri
  • Champions League só teve um favorito destacado nos tempos do Barça de Guardiola
  • Liverpool está em "oto patamá" pelo que fez e pelo que faz. É o time a ser batido

Quando o Liverpool subir hoje ao gramado do Wanda Metropolitano (17h de Brasília), o mesmo estádio em que conquistou a Liga dos Campeões oito meses atrás, todos estarão de olho. É o detentor do título europeu e, logo logo, do inglês.

É o time que tem o melhor goleiro, o melhor zagueiro, ótimos laterais e meias, um trio de ataque dinâmico e goleador. É o time que tem o melhor técnico da atualidade, corajoso, carismático, elétrico, inteligente e "dono" do elenco. Dono do show, eu diria. É o time que tem, acima de tudo, um nível de confiança em seu jogo que nenhum outro clube passa perto de ter no momento.

O Atlético de Madrid já botou mais medo. Vive justamente uma crise de confiança, nunca engatou a terceira marcha na temporada e sofre com lesões. Simeone não é Klopp, mas tem títulos, garra, inteligência, é o cara que ousou desafiar Real e Barça, que recolocou o Atleti no mapa, que não vende barato qualquer derrota. Tem material humano de sobra no Atlético. Mas capaz de incomodar o Liverpool? Não parece.

Ninguém parece.

O Liverpool adquiriu um status de "favoritaço" na Champions League que não vemos desde os anos do Barcelona de Guardiola. Na verdade, desde que a antiga Copa dos Campeões virou a Champions, incluindo mais times dos principais centros nos anos 90, o Liverpool de Klopp é só o segundo time que pode ser colocado sozinho na prateleira de cima. O time a ser batido. O mais temido.

Se vai ganhar ou não, aí é outra conversa. Não faltam candidatos a derrubá-lo. Mas falta, neste exato momento, bola para tais candidatos tentarem o feito.

A Liga dos Campeões da Europa é um torneio em que raramente, quase nunca, há UM favorito ao título. Como estabelecer que um, somente um time, esteja acima dos demais? Estamos falando da melhor competição de clubes do mundo, com os melhores jogadores, com os clubes mais ricos, todos eles recheados de profissionais do mais alto nível, seja dentro ou fora de campo. Por isso, sempre que começa a temporada, a lista de "favoritos" é longa.

Ao longo da década, a convenção foi estabelecer o trio formado por Real Madrid, Barcelona e Bayern de Munique como os mais fortes. E eles não deixaram ninguém na mão, dominando a Champions League de forma nítida nos "anos 10".

Todas as finais entre 2009 e 2018 tiveram um deles (sequência quebrada pela final inglesa do ano passado); só não levaram todos os títulos do período porque o Bayern perdeu as finais de 10 e 12; as semifinais entre 2010 e 2018 sempre tiveram pelo menos dois deles (às vezes, os três), exceção feita a 2017; os três estiveram juntos nas quartas de final entre 2012 e 2018, por sete anos seguidos.

No começo deste período, o Barcelona estava inegavelmente à frente de Real e Bayern. Foram as quatro temporadas com Guardiola no comando, com Messi, Xavi, Iniesta, todos no auge. É difícil estabelecer o auge de Messi, mas em 2009, 10, 11 e 12, convenhamos, ele era ainda mais ET do que é hoje.

O Barcelona era tão forte que formou a base da Espanha duas vezes campeã da Europa (08 e 12) e uma vez campeã do mundo (2010).

As Champions League de 09/10, 10/11 e 11/12 começaram com um claro favorito ao título. O time a ser batido era o Barça. E ele foi batido duas vezes, de forma meio que acidental/surreal, pela Inter de Mourinho, em 2010, e pelo Chelsea de Di Matteo (pois é), em 2012. Futebol é futebol, e a lição está aí para quem quiser aprender.

Na década anterior, os "anos 00", o equilíbrio era ainda maior. O trio já citado não chegava sempre, havia outras grandes forças, como Milan e Manchester United, a aparição do Chelsea, enfim. Nunca houve um favoritaço, como o Barça de Guardiola, antes nem depois. Até... agora.

Não dá para não colocar o Liverpool em um patamar acima dos demais, por tudo o que ele vem fazendo no campeonato de clubes mais competitivo que existe. Ninguém joga um futebol tão agressivo na frente, com tanta segurança atrás. As armas para o Liverpool vencer jogos são tão variadas que é difícil estabelecer um padrão.

Vice-campeão em 2018, campeão europeu em 2019 e futuro campeão inglês, quebrando um jejum de 30 anos de forma avassaladora, o Liverpool é, hoje, o melhor time do mundo. Disparado.

É lógico que pode perder para qualquer um, ainda mais em confrontos de ida e volta. Talvez por isso as casas de apostas me desmintam. No Bet365, o maior site de apostas do mundo, o título do Liverpool paga 5 para 1, valor idêntico a um eventual título do Manchester City. Barcelona, Paris e Bayern vêm atrás, pagando 8 para 1. Título da Juventus, de Cristiano Ronaldo, paga 11 para 1, e do Real Madrid, 15 para 1.

Os algoritmos não colocam o Liverpool em "oto patamá". Eu coloco. E você?