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Julio Gomes

Tiago Nunes precisa subir o tom, entender o tamanho da irritação corintiana

23/02/2020 11h48

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Na entrevista coletiva de Tiago Nunes, ontem, após a derrota para o Água Santa, o técnico fez a leitura correta do que havia acabado de acontecer em campo.

O adversário não marcou tão bem, deu espaços, nunca foi uma ameaça. Faltou ao Corinthians contundência e aproveitamento - só discordo um da crítica ao aproveitamento, porque nem criar o time criou.

O que não gostei? Do tom.

Vamos falar o português claro: o torcedor corintiano está puto. Me desculpem a falta de classe, mas precisamos falar a real.

Acaba de ver seu time ser eliminado em casa pelo Guaraní do Paraguai. Enquanto Palmeiras, São Paulo e até o Santos estarão jogando a Libertadores no mês que vem, o Corinthians estará jogando contra Novorizontino, Ituano, Oeste...

Não bastasse isso, o time perde do Água Santa no Paulistão! É muita gozação para pouco período de tempo.

O torcedor sofre isso no dia a dia, assim é o futebol e assim são as relações humanas no que toca o futebol - por isso digo, a chateação pelas derrotas, no Brasil, é maior até do que a alegria das vitórias. A relação do torcedor não é direta com seu time, ela é indireta, no meio estão todos os amigos/familiares/conhecidos/memes/grupos de WhatsApp.

O que não gostei na entrevista de Tiago Nunes foi o tom. Achei muito calmo e muito professoral. Não estou pedindo aqui para ele forçar nada e menos ainda apontar o dedo para os jogadores. Mas o torcedor, P da vida, quer ver seu técnico P da vida também, quer perceber que o cara percebe e compartilha do sentimento.

Lembram do Flamengo de anos atrás? Perdia e parecia que tudo bem. Isso enervava demais a torcida, jogadores e dirigentes não pareciam compactuar da mesma irritação.

A semana será difícil para Tiago Nunes e logo tem jogo difícil contra o Santo André, quarta-feira. A pressão será grande em Itaquera, haverá xingamentos e ameaças. Tiago precisa mostrar, o mais rápido possível, que faz parte do bando de loucos. Tite era assim? Ele também tinha o ar professoral, mas dava seus soquinhos na mesa quando necessário.

No Corinthians, não basta ser bom. Tem que ter perfil.