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Julio Gomes

Neymar lidera com bola e raça, PSG avança "contra tudo e contra todos"

11/03/2020 19h03

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Eram quatro situações bastante adversas ao Paris Saint-Germain para que o time de Neymar voltasse às quartas de final da Liga dos Campeões da Europa.

Primeiro, claro, o resultado. A derrota por 2 a 1 para o Borussia Dortmund na partida de ida, na Alemanha. Depois, ter de jogar com portões fechados, por causa do coronavírus. Terceiro, reverter tudo isso sem Mbappé. Por último, parar o quentíssimo Haaland.

O Paris fez um ótimo primeiro tempo, abriu 2 a 0, depois conseguiu se segurar no segundo para avançar às quartas de final, no melhor estilo "contra tudo e contra todos".

Depois das eliminações para Real Madrid e Manchester United nos últimos anos, sempre sem Neymar na hora H, o Paris finalmente volta às quartas de final da Champions.

Já chegou nesta fase quatro vezes em sua fase "novo rico", mas só atingiu a semifinal uma vez, em 1995, anos de Weah e Raí, na velha Copa dos Campeões - antes da globalização e da criação da Champions League.

Neymar fez o primeiro gol de forma improvável, de cabeça após escanteio - um clamorosa falha de marcação da defesa do Borussia.

O brasileiro foi o grande maestro do Paris no primeiro tempo. Do jeito que eu considero que ele melhor rende, da esquerda para dentro, com liberdade de ação. Fez o gol, criou jogo, volume, deu carrinho e foi aplaudido - o lance pode parecer trivial, mas com a história dos portões fechados conseguimos ouvir tudo.

O lance defensivo de Neymar, sendo ovacionado pelos companheiros de banco de reservas, mostra uma química interessante com o elenco. A comemoração do gol, aliás, foi no banco, abraço efusivo em Mbappé.

No finalzinho do primeiro tempo, Bernat rouba uma bola e depois conclui a jogada, que também passou por Neymar. Um detalhe: Neymar jogou desde os 10min de jogo com o ombro dolorido, após um tombaço de mau jeito.

No segundo tempo, o Borussia avançou as linhas e foi o melhor time em campo. Até poderia ter chegado ao gol que levaria para a prorrogação, mas Haaland não estava inspirado. O Paris mostrou alguma fragilidade defendendo, mas, no fim, passou. Era um barreira que precisava ser superada.

Sei lá com quem o Paris vai jogar e quando o Paris vai jogar essas quartas de final. Mas esse time está diferente. Neymar está diferente. Mais sério e coletivo, passou de mais uma prova, desta vez com espírito, sacrifício e liderança. Falar menos e jogar mais? É a receita. Desse jeito, dá para chegar.