Quem foram os 5 brasileiros que mais impactaram o futebol italiano?
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Resumo da notícia
- A Itália foi, ao longo da história, o principal destino dos grandes jogadores brasileiros
- Ronaldo foi enorme por pouco tempo, suficiente para sacudir o calcio e virar Fenômeno
- O número 1 da lista é conhecido pelo apelido no Brasil, mas pelo sobrenome na Itália
A explosão mais recente de grandes craques brasileiros no Real Madrid e no Barcelona pode nos enganar. Mas é para a Itália, não para a Espanha, que tivemos o maior fluxo de grandes jogadores ao longo da história. Hoje, é verdade, a realidade é outra. O calcio não é mais o principal centro europeu, ficou financeiramente para trás de Inglaterra, Alemanha e Espanha e contrata menos jogadores. Mas a lista de grandes craques que vestiram camisas enormes, médias e pequenas na Bota é imensa.
Uma busca rápida na Internet vai nos mostrar que o primeiro jogador brasileiro a ir jogar fora foi justamente para a Itália - Paulo Innocenti, que deixou o Paulistano para atuar no Virtus Bologna, em 1925. Grandes nomes, como Dino Sani, Amarildo, Julinho Botelho e Jair da Costa, saíram de clubes importantes do Brasil para brilhar na Itália, no meio do século. Uma relação muito mais antiga do que a do futebol brasileiro com a Premier League, por exemplo, que, salvo poucas exceções, só foi começar mesmo neste milênio.
O top 5 de jogadores brasileiros mais importantes na história do futebol italiano foi dificílimo de fazer, bem mais do que o top 5 da Alemanha e o top 5 da Inglaterra, que publiquei no início desta série. Pensei até em ampliar para um top 10! Mas aí seria um recurso para fugir do desafio da escolha e sairia do padrão proposto pelo blog. Nada disso, é top 5 mesmo. Vamos conviver com as escolhas e passar pelo crivo de vocês, leitores.
Como das outras vezes, já começo fazendo menções para lá de honrosas, quase que pedindo desculpas a alguns nomes que ficaram de fora. Especialmente, Kaká, Aldair e Cerezo.
Kaká teve uma passagem importantíssima pelo Milan, sendo o grande jogador de uma máquina campeã da Europa e, claro, da Itália. Chegou sem expectativa alguma sobre ele, um desconhecido, e muito rapidamente virou titular, como se tivesse jogado lá a vida toda. A inteligência de Kaká, suas arrancadas, mudanças de direção e velocidade, caíram como uma luva para o tipo de jogo do Milan de Ancelotti.
Aldair, por sua vez, fez um punhado de jogos pela Roma... uns 400, só. Foram 13 anos! Mais de uma década chefiando a defesa romanista. Ao longo de sua trajetória, teve a grandeza de ceder a faixa de capitão a um tal Francesco Totti. Foi campeão italiano e é um dos jogadores mais respeitados da história da Roma e do calcio. Cerezo também está no hall da fama romanista e foi campeão italiano com a Sampdoria em 91. O único Scudetto da Samp na história!
Zico também ficou fora do meu top 5. Sim, ele é um grande ídolo da Udinese, teve um ano espetacular (o primeiro dos dois que jogou na Itália, antes de voltar ao Flamengo). Mas Zico é Zico. A Itália viu Zico fazer e ser tudo o que Zico poderia ter feito e sido? É claro que não. Outros nomes da seleção de 82 também fizeram muito bonito na Itália, como Júnior e Edinho.
Outros que merecem ser lembrados são os goleiros. Júlio César foi o melhor do mundo em 2009/2010, peça fundamental na Inter da tríplice coroa. Dida foi indiscutível no Milan por toda uma década, duas vezes campeão da Champions. E Taffarel, titular de um grande Parma nos anos 90, foi quem abriu as portas para os goleiros brasileiros não só na Itália, mas em toda a Europa.
Mas escolhas são escolhas! Aqui vai meu top 5, os cinco brasileiros mais importantes do calcio italiano.
5- CAFU
O capitão do penta brilhou na Roma e conquistou um Scudetto, assim como Aldair, e brilhou no Milan campeão da Europa, assim como Kaká - e tantos outros brasileiros que faziam parte destas equipes. Cafu dispensa comentários. Um exemplo de profissionalismo, perseverança, sempre foi um líder dentro dos vestiários - não com gritaria, mas com diálogo, atitude e comportamento. Não há quem não goste de Cafu. Nos tempos de Roma, auge da forma, ele atuava como um ala mais ofensivo e ganhou o apelido de Pendolino, o nome do trem bala na Itália. No Milan, onde já chegou com 33 anos, atacou menos, mas foi importante para compor uma das linhas defensivas mais fortes da história.
4- CARECA
Não são muitos os jogadores que podem se gabar de terem sido parceiros praticamente perfeitos dos maiores gênios da história do futebol mundial. Alguém pode argumentar que jogar ao lado de Pelé, Messi ou Maradona é fácil, difícil é jogar com perna de pau. Tem sentido. Mas compreender o gênio, se aproveitar do futebol dele e potencializá-lo, ou seja, ajudá-lo a ser ainda melhor, é para poucos. Careca foi o melhor parceiro que Diego Maradona já teve e eles formaram, no Napoli, uma das grandes duplas da história do futebol mundial. Campeão no Guarani e no São Paulo, Careca mostrou na Itália o enorme centroavante que era. Conquistou a Copa da Uefa em 89 (naquela época, a Uefa talvez fosse mais difícil de ganhar do que a Copa dos Campeões), com gols em todos os jogos das semifinais e final, e foi protagonista do último título italiano do Napoli, em 1990. Um atacante completo.
3- FALCÃO
Classe. Esta talvez seja a palavra que melhor defina o jogo de Paulo Roberto Falcão. Um meio campista que tratava a bola como ela merece, de jogo refinado, chutes e passes certeiros, inteligência rara, tempo de bola e visão de jogo especiais. Falcão era aquele jogador que, com o mesmo estilo, seria craque 20 anos antes ou 20 anos depois. Sua chegada à capital, após a reabertura do mercado italiano para estrangeiros, simplesmente mudou a história da Roma. O clube voltou a ser campeão da Itália após 41 anos na fila e, em 1984, foi à final da Copa dos Campeões da Europa - para perder nos pênaltis para o Liverpool. Falcão é o Rei de Roma, e o apelido dispensa explicações.
2- RONALDO
Pensem em um apelido que pegou. Il Fenômeno. Apesar de ter destruído no Cruzeiro, no PSV e no Barcelona, foi na Inter que Ronaldinho virou Ronaldo. E virou fenômeno. Ele não foi longevo na Inter, como não foi em nenhum lugar, devido às lesões e, já mais tarde, à falta de interesse. Mas o pouco tempo que Ronaldo teve para jogar bola com a camisa nerazzurra foi o suficiente para colocá-lo na lista de jogadores mais impactantes da história do calcio. Velocidade, drible, inteligência e muito gol. Era o Ronaldo melhor do mundo, aquele que desembarca em Milão em 1997, ainda com 20 anos de idade, magrinho e sem as cirurgias no joelho. A temporada 97/98 acabou com a Inter campeã da Copa da Uefa e vice da Itália, perdendo o título de forma polêmica para a Juve. A partir daí, Ronaldo foi jogando menos e menos, até as lesões graves no joelho estragarem sua carreira na Inter. Foi por pouco tempo, mas o impacto no futebol italiano foi inesquecível. O retorno, anos depois, com a camisa do Milan, foi irrelevante.
1- MAZZOLA
José João Altafini. Nascido em Piracicaba, em 1938. No Brasil, Mazzola. Ídolo do Palmeiras, campeão do mundo em 1958 com a seleção - foi ele que saiu do time para a entrada de um tal Pelé, durante a Copa. Na Itália, Altafini. Ídolo de Milan, Napoli e Juventus, disputou a Copa de 62 com a Azzurra e virou comentarista na TV e voz no PES (vídeo game), uma das figuras mais conhecidas do país até hoje. Mazzola jogou sete temporadas no Milan, com dois Scudettos e um título de Copa dos Campeões da Europa, outras sete no Napoli e mais quatro na Juve, com outros dois títulos italianos. É o quinto maior artilheiro da história da Série A, com 216 gols. Grande no Brasil, grande na Itália, grande na bola, grande no microfone. Altafini jogou muito e tem uma história que ninguém tem. É o número 1 da lista, o brasileiro mais importante do calcio.
Gostaram da lista? Deixem seus comentários por aqui, o top 5 da Itália foi realmente difícil de fazer. Nesta quarta, vamos de Espanha! Outra lista complicada.
Agradecimentos aos amigos Filippo Ricci, Gian Oddi e Ray Molinas, que contribuíram com suas opiniões e conhecimento.
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