Quem foram os 5 brasileiros mais importantes fora dos centros europeus?
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Nos últimos dias, o blog preparou listas dos 5 jogadores brasileiros mais importantes de cada uma das principais ligas europeias. Faltava a última delas: os mais importantes fora dos grandes centros. Quem mexeu com países, seja por literalmente levar o jogo até eles, seja por desempenhar de tal maneira que nunca sairá da memória dos torcedores. E não é que saiu uma lista pesadíssima??
As listas dos grandes centros estão aqui, é só clicar: Alemanha, Inglaterra, Espanha, Itália, França e Portugal.
Fora destes seis países, muitos brasileiros desbravaram mercados, às vezes até vestindo camisas de seleções locais. Não podemos nos esquecer, por exemplo, da invasão brasileira na Ucrânia, capitaneada pelo atacante Brandão, seguido de Fernandinho, Jádson, Elano, Willian, Luiz Adriano... uma turma que marcou no Shakhtar Donetsk. Mais recentemente, jogadores abriram as portas da China. Teve gente relevante no México, Costa Rica, Oriente Médio, o futebol brasileiro sempre foi exportador e explorador.
(Com algum delay, após a lembrança do amigo Victor Marques, não posso deixar de citar Silas, que talvez seja o brasileiro mais impactante na história do futebol argentino. Campeão com o San Lorenzo e ídolo local. Poderia entrar no quinto lugar desta lista abaixo tranquilamente).
Mas a lista dos 5 mais importantes fora das grandes ligas europeias ficou assim:
5- DOMINGOS DA GUIA
O "Divino Mestre", pai de Ademir da Guia, ganhou o apelido quando jogou no Uruguai, na década de 30. O zagueiro Domingos da Guia foi titular absoluto do Brasil na nossa primeira grande Copa, a de 1938, e esbanjou classe em uma posição em que só havia tipos, digamos... brutos. Domingos foi campeão pelo Nacional, de Montevidéu, em 1933, e depois foi campeão argentino pelo Boca Juniors, em 1935. Conta a história que os uruguaios, campeões olímpicos e mundiais, questionaram a contratação de um brasileiro na época. Para depois ele ser reverenciado por ninguém menos que Obdulio Varela. Domingos da Guia não mudou a história do futebol no Uruguai e na Argentina, mas mostrou logo cedo aos vizinhos que os brasileiros não estavam no futebol apenas para competir.
4- ROMÁRIO
O Baixinho já entrou na lista espanhola pelo que fez no Barcelona. Mas não poderíamos deixar passar em branco a passagem pelo PSV Eindhoven. Foram cinco anos, três títulos holandeses, três artilharias, algumas polêmicas, muitos gols. Ele não foi um profissional exemplar e nem foi responsável pelo desenvolvimento do futebol na Holanda - um país mais do que consolidado no esporte, que era o campeão europeu de seleções quando ele chegou. Aliás, o PSV também era o então campeão europeu. Aí é que está. A liga holandesa era muito mais forte naquela época do que é hoje, Romário não sentiu qualquer problema de adaptação e saiu com uma média de um gol por jogo. Foi ali que ele se transformou no melhor atacante do mundo (seria eleito em 94) e abriu o mercado para gente como, por exemplo, Ronaldo.
3- ALEX
A Turquia, assim como a Holanda, não descobriu o futebol por causa de um jogador brasileiro. Mas ficou de queixo caído e reverencia até hoje um deles. Após muitas glórias no Palmeiras e no Cruzeiro, Alex foi para no Fenerbahce. Lá ficou por oito temporadas, sendo três vezes campeão turco - aliás, desde que ele se foi, em 2012, o Fener só foi campeão mais uma vez e vê o rival Galatasaray se aproximar. Mais do que números, e eles são significativos, o que faz Alex ter tanta importância é a maneira como ele é idolatrado. 'É um Deus na Turquia, com direito a estátua. Totalmente profissional, comprometido, aprendeu a falar o idioma, se inseriu na sociedade turca. Alex fez história, pela bola e muito mais.
2- PELÉ
Salvo em blogs argentinos, é difícil o Rei não estar no topo de alguma lista! Pelé foi parar no Cosmos, time recém fundado em Nova York, porque precisava de dinheiro. Acabou se transformando no maior salário dos Estados Unidos, do mundo do futebol, mudando os padrões de valorização de jogadores. E cumpriu o seu papel, aumentando a popularidade do esporte e ajudando a romper a última fronteira necessária para o futebol. A média de público explodiu, e a passagem de Pelé pavimentou a estrada para que os EUA recebessem a Copa do Mundo (94) e criassem uma liga séria (a MLS, em 96). O futebol nunca chegou a explodir no país, e talvez esse dia simplesmente não chegue, mas Pelé fez a parte dele.
1- ZICO
O Galinho foi parar no Japão, em 1992, mais ou menos com o mesmo objetivo de Pelé. Levar o futebol a um mercado grande, mas pouco explorado e onde o esporte não "existia". Cumpriu e foi além. A chegada de Zico ao Kashima Antlers marcou o início de uma era profissional do esporte no Japão, a J-League só cresceu desde então e, hoje, o Japão é uma potência regional. Ao contrário dos EUA, onde o futebol desce e sobe como se fosse ação na bolsa de valores, no Japão o esporte foi consistentemente crescendo, a ponto de termos hoje muitos japoneses sendo exportados para o futebol europeu. Como jogador, Zico ficou só três anos no Kashima. Mas depois virou técnico do clube e treinou a seleção japonesa, entre 02 e 06, sendo campeão asiático em 2004. O futebol do Japão tem um AZ, DZ. Antes de Zico, Depois de Zico.
O blog não busca revisionismo histórico, apenas falar de futebol em tempos de quarentena. De todas as listas que fiz, sem dúvida o que mais gerou críticas foi ter deixado Kaká fora do top 5 italiano - na dúvida entre ele e Cafu, talvez eu tenha errado, mas não havia opção fácil. Os comentários deixados por vocês, leitores, enriqueceram demais a discussão. O que mostra o que já sabemos, mas sempre vale ressaltar: o conhecimento está disseminado, não pertence mais a poucos, e é nossa responsabilidade elevar o debate, em vez de nos sentirmos donos dele. As próximas listas serão dos 5 brasileiros que mais decepcionaram nas principais ligas europeias. Será divertido!
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