O tri é nosso cartão de visitas! Meu 'obrigado' a quem mudou nossas vidas
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Neste domingo, o tri mundial faz aniversário. 50 anos atrás, o Brasil era campeão pela terceira vez em quatro Copas, tornava-se o maior vencedor de Mundiais e consolidava um domínio que nunca havia sido visto e que, eu ouso dizer, nunca mais será visto. O futebol globalizado é muito mais equilibrado do que cinco décadas atrás, quando alguns poucos países eram potências destacadas do esporte. Aliás, havia bem menos países naquele mundo, em tempos de Guerra Fria e ditaduras para todos os lados.
Eu tive a chance de morar fora do Brasil e a profissão, somada à vontade de conhecer o mundo, já me levaram a mais de 50 países. Digo com convicção: o tri de 70 é nosso cartão de visitas, estampado na testa de qualquer brasileiro que pisa fora do Brasil. Ele determina a primeira impressão que geramos.
Todas as nacionalidades geram um tipo de impressão inicial. Um pré-conceito - na maioria das vezes, infelizmente, acaba (ou começa) em preconceito. Fulano é alemão? Então ele é assim, assim e assado. Beltrano é chinês? Então é assim, assim e assado. E, claro, a experiência pessoal de cada um vai gerando outros tipos de generalizações e rótulos - ou pós-conceitos.
Mas de cara, quando chegamos a outro lugar, somos conectados ao futebol em quase 100% dos casos. E a imagem de futebol que geramos é a imagem que a seleção de 70 gerou. A primeira Copa a cores, televisionada, a primeira seleção a dominar daquela maneira. Uma inspiração para todas as escolas. Os europeus entenderam ali quem é que mandava. E era uma geração, convenhamos, espetacular. Há farto material à disposição, não preciso me alongar sobre o quão bons eram aqueles caras.
Não acho que essa imagem seja justa, 50 anos depois. Ela foi reforçada na Copa de 82 e, claro, pelo fato de nossos melhores jogadores terem sido os primeiros a ocupar espaço no futebol europeu. No primeiro momento, exportamos matéria prima de primeiríssima qualidade. Hoje, claro, vai qualquer coisa.
E um futebol "qualquer coisa" é o que se joga aqui há mais de duas décadas. A seleção é competitiva e sempre será, mas não encanta ninguém. Quem espera "jogo bonito", então, pode entrar até em depressão. Mas nossa queda não foi suficiente para mudar nossa imagem.
Pisem fora do Brasil e lembrem-se sempre de Pelé, Jairzinho, Tostão, a turma toda. O que eles fizeram é a razão de nos tratarem bem na maioria dos casos, do México à Índia, do Zimbábue à Suécia. A partir daí, é com vocês. Cada um constrói seu caminho. Mas é muito melhor ser recebido em qualquer lugar com sorrisos do que com pedras, não é mesmo?
Deixo aqui, portanto, meu "muito obrigado" aos campeões de 70.
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