Até quando vale o Atlético de Madrid investir em Simeone e no 'cholismo'?
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O contrato de Diego Simeone com o Atlético de Madrid, renovado no ano passado, vai até 2022 - mais duas temporadas. Segundo alguns meios europeus, o argentino é o técnico mais bem pago do mundo, à frente até de Guardiola e Klopp. Depois da eliminação de ontem na Champions League, não dá para ignorar o questionamento: até quando o Atlético vai investir no "cholismo"?
Vejam, antes de entrar no debate, algumas premissas são importantes de serem ressaltadas. Diego Simeone é o ser humano mais importante da história do Atlético. É o técnico que fez o clube grande de novo, campeão de novo, adquirir um status que nunca teve na Europa, atingir um patamar financeiro que permite investimentos com os quais o torcedor nem sonhava dez anos atrás.
Esse mérito ninguém vai poder tirar de Simeone.
Mas até quando?
O cholismo é sofrimento. É entrega. É a mentalidade de azarão para buscar a motivação de derrubar gigantes. É treino, repetição, concentração, hierarquia.
O problema do cholismo é que falta jogo ofensivo aí. Falta um pouquinho de anarquia. Falta um pouquinho de amor pelo improvável. Falta um pouquinho de conexão com outro tipo de beleza que o futebol pode proporcionar.
No "pacote Simeone", está eliminar o Liverpool em Anfield de forma histórica. No mesmo pacote, está deixar João Félix no banco e ser eliminado pelo RB Leipzig quando se tem uma chance incrível de chegar a outra final de Champions.
Será que os jogadores mais talentosos gostam do cholismo? Porque uma coisa é um sofrimento eventual. Outra é passar o ano inteiro sofrendo. Chega uma hora que cansa.
O modo de ver e sentir futebol de Simeone elevou o Atlético. Mas agora, com o poder de fogo do clube, o mesmo cholismo irá levar a outro salto? Até onde vai a gratidão? Até que ponto o discurso de Simeone irá beneficiar o clube? Ou terá o discurso ficado pequeno?
Entre 2014 e 2016, os anos em que o Atlético foi à final da Champions, houve um movimento de evolução futebolística ali. Jogadores mais técnicos, jogo jogado, não só batalhado ou defendido. Mas não houve sequência, houve um retorno à raiz, ao futebol mais duro original. Diego Costa, que estava em 2014, está de volta, por exemplo. Eu não consigo ver Simeone alterar seu estilo, transformar-se em um técnico mais abrangente.
O cholismo manterá o Atlético sempre competitivo. Mas existe um desgaste nítido depois de quase nove anos.
Quem toma as decisões no clube vai ter que se perguntar o que quer do Atlético. A Liga do clube tem Real Madrid e Barcelona. Na Europa, além dos dois, tem Bayern, tem Juventus, tem Paris, tem os ingleses todos. O Atlético quer batalhar de igual para igual dentro desse grupo para valer ou ser o eterno azarão?
Outra coisa é pensar: será que o Atlético está no teto? Será que dá para entrar nesse grupo sem o cholismo ou será que não dá para ir além e nós é que pedimos o impossível?
A derrota para o Leipzig, em Lisboa, precisa minimamente gerar a busca por estas respostas.
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