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Julio Gomes

Tem quem não goste de bola. O Bayern de Munique gosta

Coman comemora seu gol com seus companheiros na final da Liga dos Campeões  - Pool/Getty Images
Coman comemora seu gol com seus companheiros na final da Liga dos Campeões Imagem: Pool/Getty Images

23/08/2020 18h02

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Quando um técnico tenta fazer o time sair jogando no Brasil, mesmo que corra riscos de entregar o ouro, chovem críticas. Bem, sinto informar aos críticos que é assim que o futebol é jogado já há um tempinho. Não é a posse de bola pela posse de bola, é a posse de bola pela importância de ter a bola, o outro não tê-la. E, afinal, é ela que entra no gol, não é mesmo?

Nos acostumamos a ver chutões e bolas quebradas no Brasil como jeito mais fácil de chegar ao gol. É também o jeito mais pobre. O "final eight" da Liga dos Campeões em Lisboa nos mostrou, entre outras coisas, que o futebol da elite mundial é jogado com a bola, não com medo ou nojinho dela.

O Bayern de Munique não dá chutão. Vez ou outra, tenta um lançamento para os lados, pois joga com profundidade e campo esticado. O plano de jogo é respeitado, pois é treinado e os jogadores acreditam nele.

No primeiro tempo da final contra o Paris, o Bayern errou umas quantas saídas de de bola. O jovem Davies, de apenas 19 anos, não conseguia fazer a saída funcionar pela esquerda. Às vezes com roubos, às vezes ganhando divididas e bolas loucas no meio, o Paris teve suas chances - uma com Neymar, três com Mbappé. Não aproveitou.

E se tivesse aproveitado? Bem, o jogo seria igual. Porque o Bayern gosta da bola. O Bayern tem um plano. Pode dar certo ou não, mas tem um plano. E isso é muito importante no futebol (e na vida). Ter um plano e trabalhar nele e por ele, em vez de ficar confiando na sorte ou em ajudas celestes.

O plano do Paris era contratar craques. OK, é um plano. Só não sei se o melhor no futebol. Pode dar certo, já deu algumas vezes, não deu outras. Para ganhar do Bayern de Munique em partida única, não bastou.

Porque o Bayern tem Neuer, tem Kimmich, foi buscar Davies lá na MLS (qualquer clube brasileiro poderia), porque trabalha com seriedade em todas as esferas do futebol no clube. E o Bayern gosta da bola.

Posse de bola? 62% a 38% para o Bayern. Resultado? 1 a 0. Muitas vezes, quem tem a bola também ganha.