Precisamos falar sobre Thiago Alcântara
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
"Procurei o Américo Faria (ex-supervisor da CBF) e fui informado que quem era formado no exterior não voltava. Como brasileiro e ex-jogador da seleção, para mim isso foi um absurdo". A frase é de Mazinho, tetracampeão do mundo em 1994 com a seleção brasileira. O jogador é o filho dele, Thiago Alcântara.
Thiago começava a surgir bem nas bases do Barcelona, mas nunca foi nem mesmo avaliado pela CBF. Na Espanha, não tiveram dúvida. Ele aceitou a convocação, e a seleção, a nossa, ficou sem um jogador excepcional, acima da média.
Infelizmente para ele, pegou uma situação de entresafra na seleção espanhola, que não tem conseguido repetir as grandes campanhas da Copa de 2010, Euros de 2008 e 2012. Mas segue nos planos e está presente na convocação de Luís Enrique, uma lista cheia de renovação e novidades, para os jogos contra Alemanha e Ucrânia, em setembro.
Thiago também foi preterido pelo Barcelona, que perdeu um jogador que seria titular por anos. Isso aconteceu em 2013, quando o Barça achava que o dono da posição por muitos anos seria Cesc Fabregas. Que erro.
E, agora, pode estar de saída do Bayern de Munique para o Liverpool - o contrato com os alemães acaba no ano que vem, não será renovado, e o clube inglês deve pagar 30 milhões de euros por ele. Outro erro.
Depois das partidas de Thiago do "final eight" da Champions League, em Lisboa, é difícil entender como o Bayern pode deixar sair um jogador como este, de 29 anos de idade. Na minha opinião, o dirigente que toma tal decisão se passa por bobo.
Entre tantos elogios nos últimos dias, eu li um ou outro comentário na linha "Thiago é um jogador comum". Eu não sei que futebol é visto pelo público brasileiro para que alguém ache Thiago um jogador comum. Não, não é comum. Muito pelo contrário. É um jogador difícil de encontrar, que dá ao time presença defensiva e muita, muita, mas muita mesmo, qualidade de passe.
No futebol de bola longa, realmente ele não tem muita utilidade. Mas no jogo jogado...
Thiago tem um domínio com a parte exterior do pé que lhe dá vantagem sobre o marcador e a posição perfeita para o próximo passe. É daquelas coisas que se repetem, mas os adversários não conseguem evitar. Não tem medo da pressão e está acostumado a sair dela, o que é importantíssimo no futebol de hoje. Não é um cara de muitos gols ou assistências, mas é um cara de fluxo de jogo.
Como vimos na final, ele encaixa perfeitamente no plano de jogo do Bayern. No Liverpool, tem tudo para crescer ainda mais, acrescentar elementos ao seu jogo, vai abusar dos passes verticais.
Será que o Brasil teria conquistado duas Copas do Mundo se tivesse Thiago? Esta é uma pergunta estúpida, sem resposta, extrema. Não é aí que quero chegar. O ponto é que a arrogância do futebol brasileiro (impregnada) faz com que a seleção perca gente como Deco ou Thiago. Jogadores absolutamente acima da média. Mas que, para fazerem o talento prevalecer, precisavam (no caso de Deco) ou precisam (Thiago) estar em times que gostem de jogar a bola. E não só de encontrar maneiras duras e pragmáticas de ganhar jogos.
Técnicos deveriam se sentir abençoados por existirem jogadores como ele. Mas, para alguns, jogadores assim representam mais dor de cabeça do que soluções. Já sabem, tem que montar um time que jogue, troque passes, etc, etc.
O que queremos para o futebol brasileiro? Volantes eficientes? Ou Thiagos?
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.