Problema do VAR no Brasil é que a arbitragem gosta mesmo é de aparecer
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Mais uma noite de futebol, mais uma noite de VAR. Não acontece na Inglaterra, na Alemanha, em Portugal, na Itália, em ligar algum. É só no Brasil. Por que?
Será que os caras usam um computador errado? Câmeras ruins e de pouca definição? Não, não é nada disso. É simples. Os caras gostam de aparecer, gostam de interferir no jogo, gostam de ser protagonistas.
O VAR não é a máquina. Aliás, tem muita gente confundindo. Eu, quando falo do VAR, falo do "video assistant referee", ou seja, árbitro assistente de vídeo. Falo de pessoas, não de tecnologia nem de máquinas. Falo de quem toma as decisões.
Em nenhum lugar do mundo os árbitros de vídeo interferem tanto quanto no Brasil. A Europa rapidamente encontrou o caminho: pouca interferência. Esta é a ordem da Fifa desde que isso apareceu.
Vejo pelas redes sociais muita gente que acredita mesmo que o VAR existe para ver tudo, encontrar tudo, consertar tudo. Não é isso! O VAR existe apenas para evitar erros clamorosos, absurdos, aqueles que não podem acontecer. O futebol é um jogo cheio de subjetividade, de velocidade, de ângulos de corpos. Lances subjetivos e milimétricos não devem e não podem ficar sofrendo interferência de árbitro assistente.
Existe, sim, margem de erro e o futebol já aprendeu a conviver com isso ao longo de mais de 100 anos. O que está acontecendo no Brasil é absurdo, pois o VAR não está resolvendo nada, está confundindo ainda mais, dando ainda mais margem para dúvidas e falação das torcidas.
Se um lance gera dúvidas e é polêmico, é simples: basta seguir a lei do campo. Se o cara da salinha de vídeo fica chamando toda hora, passamos a ter dois árbitros, duas interpretações, reinterpretações e mais margem ainda para polêmica.
Se no lance do gol anulado do São Paulo há tanta dúvida sobre a posição de Luciano, então que se siga o que o bandeira viu no campo (impedimento). Se no lance do possível pênalti para o Atlético-MG, já com 2 a 0, o árbitro está de frente para o lance, vê o toque no braço e resolve não marcar, por que raios o jogo precisa parar? Se no lance do gol do Sport contra o Grêmio temos um CLARO erro da bandeira, o VAR, aí sim, entra em ação para corrigir. Porque não é lance polêmico nem milimétrico. É lance de erro grande.
Nós deveríamos passar um jogo inteiro sem VAR. Deveríamos lembrar que ele existe em momentos raros. Mas não. Passamos jogos inteiros com ritmo quebrado, com confusão, com árbitros tendo suas decisões de campo sendo colocadas em dúvida, perdendo confiança.
Imaginem a briga de egos que é uma relação árbitro de campo-árbitro de vídeo no Brasil? Às vezes, um querendo ajudar o outro, às vezes um querendo atrapalhar o outro, às vezes um querendo aparecer mais do que o outro.
Os árbitros deveriam ser seres quase translúcidos em uma partida de futebol. Nunca foi assim aqui. Antes, tínhamos um sujeito querendo aparecer. Agora, temos dois. E um deles ainda fica trancado em uma salinha, sem ninguém para vê-lo ou xingá-lo. É muito forte a tentação de querer interferir.
Menos é mais, senhores.
Vamos tentar esquecer que existe VAR por uma semana? Vamos reler protocolos? Vamos recuperar o espírito do que a Fifa quis ao implementar o sistema? Não percam o foco! O VAR serve apenas para lances claríssimos, indiscutíveis, e não para gerar polêmica em cima de polêmica.
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