Começa a Copa! E quem não quer ter uma seleção como a do Brasil?
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A seleção brasileira começa nesta sexta-feira a caminhada rumo à Copa do Mundo do Catar, em 2022. Eu sei que muitos adoram bater na seleção. Os grupos de jogadores e comissões técnicas pagam o preço, ano após ano, do sucesso estrondoso do passado e da arrogância construída em torno do jogo por aqui. Mas ainda assim, mesmo com a falta de amor que paira sobre a amarelinha, não podemos negar o óbvio: o Brasil é e sempre será um dos mais fortes do mundo.
Que país não gostaria de ter uma seleção com Alisson, Casemiro, Neymar, Firmino??
As eliminatórias começam de uma maneira pouco habitual para nós. Após derrotas em Copas do Mundo, o cenário é sempre de terra arrasada, de "troca tudo". Desta vez, o técnico é o mesmo, o trabalho continua. Não acontecia desde Zagallo, que comandou o tri em 70 e seguiu no comando até 74. Telê também foi técnico em duas Copas seguidas, 82 e 86, mas saiu e voltou no meio disso.
Tite é o protagonista, portanto, de algo muito difícil de ser visto na seleção. Difícil e necessário. Se o Brasil não tem mais a vantagem técnica de outrora para os europeus, que pelo menos compense isso com trabalho tático e continuidade. Não garante vitórias, mas ajuda.
O ciclo anterior de eliminatórias começou com Dunga e sérias dúvidas. O Brasil caminhava para uma situação dramática em termos de classificação. Desta vez, não há dúvida alguma de que o Brasil fará boa campanha e estará no Catar. Aliás, não tenho dúvida alguma de que acabará em primeiro lugar nas eliminatórias.
É uma competição dura, equilibrada e que apresenta desafios importantes em termos mentais, comportamentais e técnicos, mas nem tantos desafios táticos. O fato de as seleções europeias estarem duelando entre elas (Liga das Nações) atrapalha a preparação do Brasil para uma Copa do Mundo. Mas o Brasil tem uma comissão técnica nitidamente preparada e que não irá perder jogos por falta de conhecimento. Pode perder por N razões, mas negligência sobre os adversários não será uma delas.
No meio de tanto negacionismo e falta de coragem entre os técnicos brasileiros, temos um na seleção que busca a excelência através do conhecimento, não de fórmulas repetidas.
O torcedor brasileiro, acostumado a tantas vitórias, precisa se acostumar também com a nova realidade do futebol mundial. Soberba e prepotência não ganharão Copas. Hoje, há 10 ou 15 seleções do mundo em nível parecido, qualquer um pode ganhar de qualquer um. O Brasil nunca deixará de fazer parte deste grupo, mas tampouco voltará a ser o suprassumo.
A seleção de Tite está ali, ao lado de França, Alemanha, Bélgica, Portugal, Inglaterra. É uma das melhores, é uma das mais fortes. Tem o melhor goleiro do mundo, tem sistema defensivo sólido, tem experiência, tem ótimos meias despontando, tem talento na frente, tem jogador que pode decidir jogo, tem um dos melhores do mundo, tem continuidade. Os elementos estão todos ali.
Acredito que um dos grandes desafios para os jogadores é conseguir equilibrar a vontade ganhar com a necessidade de ganhar. Colocam sobre eles mesmos uma responsabilidade tão grande quando chega uma Copa do Mundo que acaba atrapalhando. Passa do ponto. Se Tite conseguir de alguma forma interferir nisso e deixar o vestiário mais leve, o Brasil estará muito bem posicionado para o Mundial de daqui a dois anos.
A Copa começa hoje. E eu vejo muitas razões para otimismo.
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