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Julio Gomes

Champions volta como se fosse extensão da última. Como estão os favoritos?

Coman comemora o gol do título do Bayern na final da Liga dos Campeões 19/20 - Pool/Getty Images
Coman comemora o gol do título do Bayern na final da Liga dos Campeões 19/20 Imagem: Pool/Getty Images

19/10/2020 13h15

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Nunca uma Liga dos Campeões da Europa começou tão parecida com a anterior. Também, convenhamos. 2020 segue sendo o ano mais esquisito de nossas vidas, e a Champions 19/20 acabou outro dia, há menos de dois meses, na bolha de Lisboa.

Um mercado cheio de interrogações, uma janela curta, clubes que não sabem bem se podem confiar nos planos orçamentários traçados. E chegamos à Champions 20/21 com as grandes forças europeias em situação bem parecida, sem mudanças significativas da temporada anterior para a atual - seja de jogadores, seja de atitude ou jogo.

Na verdade, contando as fases preliminares, a Champions 20/21 começou antes mesmo de acabar a 19/20. Mas, a partir desta terça, começa a fase de grupos. Entram em campo as grandes potências, é o que consideramos, de forma geral, o início do torneio de futebol mais importante do mundo.

Nas casas de apostas, o Bayern de Munique e o Manchester City são colocados como os favoritos ao título. Eles são seguidos por Liverpool e Paris Saint-Germain. O resto vem mais atrás. Convenhamos, não é muito diferente do cenário que tínhamos quando começou o mata-mata, em meio ao início da pandemia do coronavírus, e, depois, quando foi formada a bolha em agosto.

Vamos repassar a situação dos grandes favoritos e o que mudou de uma temporada para outra (a ordem abaixo é o ranking de forças na opinião deste blog):

1- BAYERN DE MUNIQUE

O atual campeão é, para este blog, o destacado favorito ao título. Mas todos sabemos que o torneio só será decidido no ano que vem e é mata-mata, então a coisa fica muito aberta. No momento, o Bayern é o melhor time do mundo, o mais consistente, o mais forte em todos os setores. Perisic voltou para a Inter e Thiago foi para o Liverpool, são duas perdas, sem dúvida. Mas chegaram Sané e Douglas Costa (de volta), então o time não perde profundidade. Segue o técnico (Flick), segue Neuer, segue Kimmich, segue Lewandowski...

2- PARIS SAINT-GERMAIN

Foi-se embora Thiago Silva, já tinham saído Meunier e Cavani. Chegaram bons jogadores para compor o elenco: Rafinha (Barcelona), Florenzi (Roma), Danilo (Porto) e Kean (Everton). A fase final da Champions evidenciou um elenco curto do Paris, teve até o famoso jogo do "Neymar sozinho" contra a Atalanta. O Paris pouco a pouco vai renovando o grupo de jogadores, mas faltam peças de nível mais próximo aos de Neymar e Mbappé, as grandes estrelas. A temporada será igual: passeio na França, fase de grupos tranquila na Champions e o bicho pega no mata-mata, que é quando os caras têm que dar a resposta que deles se espera.

3- LIVERPOOL

Foi o grande time da primeira metade da temporada passada. Neste momento, um ano atrás, colocávamos o Liverpool no topo do mundo - e era mesmo. Sem dúvida, é dos grandes favoritos. Mas perder Van Dijk para a temporada toda não é nada trivial, nada mesmo. O Liverpool mudou de patamar com as chegadas de Alisson (que também está machucado, mas sem a mesma gravidade) e Van Dijk. Klopp terá muitos pepinos defensivos para resolver. Por outro lado, o meio de campo está mais poderoso com a chegada de Thiago, e o ataque ganhou um reserva de garantias para o trio titular - o português Diogo Jota.

4- MANCHESTER CITY

Tem Guardiola na parada, tem favoritismo. Mas vamos lembrar que o badalado técnico catalão, de quem também sou fã, não chegou à final europeia em nenhuma das últimas nove participações. O City perdeu Sané, David Silva e Otamendi (perdeu?), trouxe para a defesa Rúben Dias, Ferran Torres, Aké. Não são nomes de impacto, são a tentativa de Guardiola encontrar soluções defensivas e de construção. É o mesmo time, basicamente, e já vemos alguma instabilidade no início da temporada, tal qual vimos na passada. É um dos favoritos, mas não desperta mais a mesma confiança de outros anos.

5- REAL MADRID

Incrível pensar que Real Madrid e Barcelona tenham quatro times na frente deles na lista de favoritos. Mas essa é a realidade. Os dois gigantes estão juntos na transição, buscando a formação de um novo esquadrão dominante. O Real Madrid contratou um total de zero jogadores para a temporada 20/21, um dado alucinante. Saíram os "encostados" James e Bale, entre outros nomes menos importantes. É basicamente o mesmo time, mas mais maduro. O Real Madrid está investindo pesado na renovação do Santiago Bernabéu e preferiu ser conservador na pandemia, então o projeto está nos pés de jovens como Rodrygo e Vinícius Jr. Não consigo ver o Real em uma final de Champions, mas já sabem: não convém duvidar.

6- BARCELONA

O ambiente é muito mais conturbado que o do Real, é uma crise política e institucional profunda e por isso está atrás no Power Rankings do blog. Haverá, ao longo da temporada, a sombra da saída de Messi. Ele pode assinar com outro clube já em janeiro e sair de graça ou pode esperar as eleições, em março, para decidir se continua no Barcelona. Dos clubes mais poderosos, é um dos que mais mudou, sem dúvida. Tem técnico novo, Koeman, voltou Coutinho, Dembélé parece estar recuperado, chegaram Pjanic, Trincão e esse jovem Pedri, do Las Palmas, tratado como o "novo Iniesta". Saíram Rakitic, Arthur, Vidal, Suárez. Como eu disse, muitas mudanças, só não está mudando o essencial: o futebol pobre e pouco inspirador. Se Koeman der um jeito nisso, o Barça escala posições.

7- ATLÉTICO DE MADRID

Pegue um time consistente, competitivo, duro e acrescente Luis Suárez. Piorar não vai, certo? Não esperem do Atlético de Madrid um futebol de encher os olhos. O que Simeone e seu time entregam é muita raça, muito comprometimento, muita concentração. Nos jogos grandes, já sabemos que são capazes de derrotar qualquer um (eliminaram o Liverpool na última Champions). O problema são os jogos em que o favoritismo recai sobre o Atlético (perderam do RB Leipzig na bolha). Uma das chaves para resolver esse problema é torcer pela explosão de João Félix.

8- JUVENTUS

A Juventus poderia estar acima ou abaixo dos espanhóis. É um bloco secundário, que vem atrás de Bayern, PSG, Liverpool e City. Assim como o Barcelona, mudou de técnico e é a hora de Pirlo. Cristiano Ronaldo está logicamente ficando mais velho e menos móvel, o time precisa ajudar mais. Chegaram Arthur, Morata, Chiesa, ninguém que vá mudar tanto o patamar do time e é por isso que não considero a Juve tão forte como poderia ser. Saíram Pjanic, Higuaín, Matuidi, Douglas Costa.

TERCEIRO BLOCO

O terceiro bloco já teria uma mistura de times de tradição, como Manchester United, Chelsea, Inter de Milão e Borussa Dortmund, e outros da "nova ordem" europeia, como Sevilla, Atalanta ou RB Leipzig.

Talvez a pandemia tenha ajudado a Atalanta a não ser dizimada no mercado. Seguem o mesmo time e espírito, com goleadas dadas e sofridas. Será divertida a nova aventura europeia. O Dortmund também mudou pouco e agora temos Haaland no time desde o início da temporada. Sevilla e Inter, finalistas da última Europa League, são outros que mantiveram treinadores e a base da temporada passada e ganharam alguns reforços pontuais.

Os que mais mudaram são os ingleses. O Chelsea foi quem mais atacou o mercado, até porque estava banido dos anteriores, e trouxe dois jovens alemães muito cobiçados na Europa: Havertz e Werner. Thiago Silva, por enquanto, não trouxe o esperado impacto defensivo. E o United se reforçou com Cavani, Van de Beek e Alex Telles.

Qualquer um desses times do terceiro grupo pode, no ano que vem, se dar bem no mata-mata e beliscar, de repente, uma semifinal. Mas pensar em título é um pouco exagerado.

A ordem entre eles, segundo as casas de apostas, é: Chelsea, United, Dortmund, Inter, Atalanta, Sevilla e Leipzig. Eu acredito que Chelsea, Inter, Dortmund e Sevilla podem ser os mais perigosos no ano que vem.