Hamilton faz história e eterniza sensacional pista de Portugal

Era questão de tempo. Lewis Hamilton superou Michael Schumacher e chegou à vitória de número 92 na carreira na Fórmula 1. O recorde foi batido em uma nova pista, estreante na categoria: o circuito de Portimão, no Algarve, sul de Portugal.

A pista é simplesmente espetacular! Não à toa, ganhou o apelido de "montanha russa". Os caras quebram a cabeça para fazer pistas novas mundo afora e foram arquitetos portugueses, vejam só, que projetaram a melhor de todas.

Portugal recebeu por acidente a corrida, devido ao ano todo alterado pela pandemia do coronavírus. O país, dos que melhor cuidaram de sua população neste ano trágico, aproveitou a chance e se meteu ali no calendário. E ainda permitiu a presença de 27.500 pessoas nas arquibancadas.

Que venha para ficar! O traçado tem subidas, descidas, pontos cegos, permitiu um monte de ultrapassagens e uma largada alucinante. Tem tanta pista chata na Fórmula 1, espero que pelo menos uma vez os donos da categoria tomem uma decisão pensando no lado esportivo e no show, não apenas na grana que vai para o bolso deles. Não dá para abrir mão de Spa, de Interlagos, de Mônaco, de Silverstone... e agora não dá para abrir mão de Portimão.

Não seria justo que Hamilton ficasse eternizado com arquibancadas vazias. Que bom que algumas pessoas tenham tido a chance de ver, ao vivo, história sendo escrita.

São 92 vitórias. Eu estava lá trabalhando na primeira, naquele 10 de junho de 2007, em Montreal, Canadá. Depois daquilo vieram seis títulos, o sétimo está a caminho. Quando ele estreou na F-1, parecia que algo especial estava ocorrendo. Além, claro, da raridade imensa de termos um negro pilotando - uma tendência que infelizmente ainda não foi revertida -, havia algo bem além disso.

Hamilton era rápido, muito rápido. Tão rápido que quase fez enlouquecer o então bicampeão do mundo, Fernando Alonso, que havia acabado de se transferir para a McLaren e deveria ser o piloto número um da equipe. Só não foi campeão logo no ano de estreia porque falhou nas corridas finais, mas teve a chance.

Os anos se passaram, e Hamilton nos mostrou que aquela temporada de estreia não era acidente. Era realidade. Já foi campeão do mundo no segundo ano. Quando Hamilton encontrou na Mercedes um carro superior e dominante, não sobrou migalha para mais ninguém - a exceção foi 2016, quando Nico Rosberg conseguiu superá-lo e logo se aposentou, para não sofrer mais.

Sempre haverá argumentos a favor e contra na hora de eleger os melhores da história. Um dos mais comuns é falar: "o cara tinha o melhor carro". Todos os caras que ganharam muito tinham melhores carros. Schumacher na Ferrari, Senna na McLaren, Vettel na Red Bull, Hamilton na Mercedes. O domínio ocorre quando a história vê a união de melhor piloto no melhor carro, não tem como fugir disso.

Parabéns, Lewis. Parabéns, Portugal!