Inter imita o Palmeiras ao trazer Abel. Chance de sucesso é mínima

Coudet se deu conta da bagunça em que estava metido e se mandou na primeira oportunidade. E a bagunça não é para amadores! O Internacional fez, no ano passado, o que o Palmeiras não quis fazer neste ano: esperou. Mas, agora, faz exatamente o que o Palmeiras fez em 2019: resolveu entrar no DeLorean e ir resgatar as alegrias do passado. Tirando que a viagem no tempo não existe.

No ano passado, o Inter decidiu colocar o projeto esportivo nas mãos de Eduardo Coudet, argentino, campeão com o Racing, um técnico promissor e já com experiência. Como Coudet queria pegar o clube só em 2020, o Inter aceitou esperar e colocou Zé Ricardo como tampão até o fim do Brasileiro. Uma decisão que mostrava que havia confiança no projeto e no casamento. O divórcio ocorreu hoje e o mais provável é que a culpa seja dos dois.

O Palmeiras, por exemplo, não quis esperar Miguel Ángel Ramírez, do Independiente del Valle, outro promissor e já com alguma experiência e títulos, e partiu para a próxima.

Se o Inter fez o que o Palmeiras não quis fazer, agora tudo se inverteu e o Colorado fez exatamente o mesmo movimento que o Palmeiras fez no fim do ano passado. Ao contratar Abel Braga, campeão da Libertadores e do mundo no longínquo ano de 2006, o Inter olha para o passado, não para o futuro. Exatamente como o Palmeiras fez quando trouxe Vanderlei Luxemburgo.

E deu errado. Deu errado porque esses caras foram grandes no passado, mas não souberam ou não quiserem entender que o futebol de hoje em dia demanda outra coisa. Outro tipo de conhecimento, outro tipo de treinamentos, outro tipo de equipe de trabalho, outro tipo de relacionamento com dados e com a ciência. Eles não são ultrapassados por causa da idade. Eles são ultrapassados porque não foram baixando, ao longo dos anos, os softwares de atualização.

O Palmeiras nos mostrou que o passado não resolve os desafios do presente e, consequentemente, não garante sucesso no futuro. Aliás, o próprio Flamengo, no começo do ano passado, nos mostrou a mesma coisa com a curta experiência com Abel Braga no comando.

Por tudo isso, soa inacreditável a tentativa de o Inter ser campeão brasileiro, da Copa Libertadores e da Copa do Brasil apostando em Abel Braga. Inacreditável, amadora, surreal, decepcionante. Escolham o adjetivo.

Pode dar certo? No futebol brasileiro, tudo pode acontecer. Mas é altamente improvável.