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Julio Gomes

Flamengo tem rodada perfeita no Brasileiro e duelo animador na Libertadores

Bruno Henrique, do Flamengo, celebra gol contra o Coritiba - Alexandre Vidal / Flamengo
Bruno Henrique, do Flamengo, celebra gol contra o Coritiba Imagem: Alexandre Vidal / Flamengo

23/11/2020 04h17

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Depois de um sábado trágico e uma eliminação no meio da semana, um fim de semana perfeito. E assim, de repente, o Flamengo volta a ser um dos líderes do Brasileirão e ganha, de novo, o status de favorito maior ao título. A torcida respira e Rogério Ceni ganha um pouco de paz para fazer os ajustes necessários.

A 22ª rodada não poderia ter sido melhor para o técnico. O time dele ganhou bem do Coritiba, no sábado, jogou uma partida completa em que só faltaram mais gols - mas a imposição e o volume estavam lá, como nos bons tempos de Jorge Jesus.

Agora são dois duelos de Libertadores contra um Racing em crise institucional e esportiva. Entre os dois confrontos, um fim de semana de folga para recuperar o time - o Flamengo é o único dos seis clubes brasileiros vivos na Libertadores que terá esse respiro.

Ceni pode ter em campo o quarteto mágico - Éverton Ribeiro, Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol - depois de mais de dois meses e 25 jogos sem começarem uma partida juntos. Só mesmo a linha de defesa que ainda desperta alguma preocupação, mas bastou um ótimo fim de semana para que o copo passasse a ser visto meio cheio, não meio vazio.

TROPEÇOS DOS OPONENTES

Os adversários todos na briga pelo título brasileiro deixaram pontos pelo caminho. O Atlético Mineiro, que já havia perdido no meio de semana o jogo para o Athlético e a chance de abrir na ponta, voltou a tropeçar, agora contra o Ceará. O Covid pegou o Galo em cheio - nem Sampaoli está livre, e a presença dele na lateral do campo é mais importante do que parece.

O Palmeiras, também desfalcado pelo Covid, mas que vinha em um embalo tremendo, perdeu para o Goiás, lanterninha e já virtual rebaixado. Um jogo que escancara toda a aleatoriedade do futebol brasileiro - nenhum resultado pode entrar na conta de véspera.

E é por isso que não dá para olhar os três jogos a menos do São Paulo e colocá-lo na condição de favorito. Porque a matemática é uma, a prática é outra. E vimos isso ontem, com o empate do time de Fernando Diniz diante de um bem organizado Vasco, de Sá Pinto. Depois da classificação na Copa do Brasil e com a chance de ser líder, o São Paulo era o grande favorito para o duelo. Era a hora de assumir a ponta e partir para a arrancada. Não rolou.

De novo com as interrogações em volta do potencial do time, o São Paulo vai para a estrada. Joga fora três partidas seguidas, contra Ceará (quarta), Bahia (sábado) e Goiás (na outra quinta), recuperando dois dos jogos a menos que tem, enquanto os outros voltam as atenções para a Libertadores. É a hora H para o São Paulo. Se vencer em Fortaleza, já assume a liderança isolada nesta semana. Dá para confiar?

E os gaúchos? Estes parecem carta fora do baralho pensando em título. O Inter, desde a saída de Coudet e a péssima escolha de Abelão, coleciona eliminação na Copa do Brasil e duas derrotas no Brasileiro. Se não corrigir o erro rapidamente, vai despencar de vez na tabela. O Grêmio vinha de quatro vitórias seguidas, mas ficou no zero contra um Corinthians com dois a menos. Faltou, em Itaquera, a ambição que sempre falta ao Grêmio e seu treinador no Brasileiro.

Fluminense e Santos estão ali no alto de uma tabela embolada, mas, por mais meritórias que sejam as campanhas, não são ameaças ao Flamengo no campeonato.

RIVAL NA LIBERTADORES EM CRISE

Depois de duas goleadas e uma eliminação na Copa do Brasil, o Flamengo teve uma rodada tão boa que permite visualizar um horizonte mais amigável. São dois jogos contra um Racing que simplesmente perdeu os quatro que fez pelo Argentino neste mês de novembro. Ou seja, apesar da camisa importante, o rival na Libertadores da América não parece que será páreo ao atual campeão do continente.

Neste fim de semana, Diego Milito, diretor esportivo e fiador do técnico Sebastián Beccacece, simplesmente pediu demissão. "Não comparto com o modelo do clube e as ideias do presidente", disse Milito, na despedida. "Por que fazer isso justo antes de um confronto tão importante? Nós não escolhemos os momentos, eles acontecem".

O Flamengo tem uma semana inteira para descansar, treinar e recuperar jogadores entre os dois confrontos contra o Racing (nas duas terças-feiras). É claro que estará de olho no São Paulo, que vai fazer no período três jogos e poderá (ou não) criar alguma vantagem na tabela.

O jogo do fim de semana que vem, contra o Grêmio, foi adiado e, por enquanto, não tem data. O Grêmio sim, fará um jogo contra o Goiás, adiado da sexta rodada, na segunda que vem (os gaúchos enfrentam o Guaraní, do Paraguai, nas próximas quintas-feiras pela Libertadores).

Quando voltar ao Brasileirão, no dia 5 de dezembro, contra um nada assustador Botafogo, o Flamengo terá os mesmos 22 jogos realizados que São Paulo, Palmeiras e Grêmio (os outros terão 23). Estará provavelmente em terceiro lugar no campeonato, nas quartas da Libertadores, recuperando jogadores, com um tempo maior de treino e a confiança mais alta.

Nada como um dia após o outro neste enorme caldo de imprevisibilidade do futebol brasileiro.