Qual foi o melhor time do Brasil em 2020?
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E chegamos ao fim de 2020. O ano que não esqueceremos jamais - e na torcida para que não seja "superado" por nenhum outro. Uma pandemia mudou nossas vidas, nossos modos de viver, nossas visões de mundo e de sociedade, nos fez perder gente querida.
Antes de mais nada e de seguir com o futebol - um assunto até mesmo superficial, diante de tudo isso -, quero mandar um forte abraço a todos os que sofreram pelo maldito coronavírus. Que perderam familiares, amigos, conhecidos, que foram parar no hospital, que viram seus negócios quebrarem ou seus empregos evaporarem. E que sofreram duplamente, pois, além de tudo isso, ainda precisam ver, um dia após o outro, políticos politizarem o impolitizável e o líder máximo da nação minimizar, diminuir, desprezar e mostrar toda sua incompetência diante do maior desafio do planeta desde a segunda Grande Guerra.
O Brasil foi, na crise pandêmica, o que somos. Foi o que os dirigentes fazem há anos com o futebol. Gastam mal, se aproveitam do posto de poder que têm em mãos e, claro, não planejam porcaria nenhuma. É um dia após o outro, sem qualquer ação de longo ou mesmo médio prazo.
Qual foi o grande time de futebol do Brasil em 2020? A resposta é muito simples: NENHUM.
É ótimo que o ano acabe sem troféu (exceto os Estaduais), porque assim não nos iludimos e nem temos nossas análises entorpecidas pelo resultado final de uma ou outra competição. Se não nos esqueceremos jamais de 2020 por tudo o que aconteceu, tampouco nos lembraremos pelo futebol praticado por essas bandas.
Vejamos o Palmeiras. Lá está na final da Copa do Brasil e na semifinal da Libertadores da América, mas sem chances reais de título no Brasileirão.
A virtude do Palmeiras é ter um bom elenco, o que já destacamos há tempos, pois é um dos dois orçamentos mais pujantes do Brasil - é claro que não estamos olhando para o dinheiro gasto à toa com más contratações, algo que fica pulverizado no tempo. Qual foi o planejamento? A ideia?
O Palmeiras começa o ano contratando Vanderlei Luxemburgo em nome do reencontro com um futebol mais envolvente e interessante. Acaba com um técnico português que absolutamente nenhum dirigente palestrino conhecia até, sei lá, setembro. Por linhas mais do que tortas, a coisa funciona. Mas seria absurdo considerar o melhor do ano um time com uma trajetória tão instável.
E o Flamengo? Indiscutivelmente o melhor time brasileiro da década foi o Flamengo de 2019. Alguns podem ter vencido mais, mas nenhum jogou mais. Nem Santos, Corinthians, Atlético ou Grêmio, outros campeões de Libertadores nos últimos 10 anos.
O Flamengo dava toda a pinta de que dominaria 2020 com o pé nas costas. Mas aí os erros foram se acumulando. As saídas de Jorge Jesus, Pablo Marí e Rafinha foram mais pesadas do que deveriam, pois as substituições não foram bem feitas. Internamente, havia menos consistência do que o ótimo desempenho no campo nos mostrava. A diretoria flamenguista trabalhou "melhor" forçando a barra para o futebol voltar antes da hora, criando teorias da conspiração ou nas eleições municipais do que propriamente no que tinha que fazer.
Resultado? O Flamengo fracassou retumbantemente no ano em que deveria impor sua clara superioridade (financeira e de elenco). Perdeu para ele mesmo - ainda que ainda possa ser campeão brasileiro.
O São Paulo possivelmente é quem teve mais momentos de bom futebol ao longo do ano. Mas como eleger o melhor de 2020 um time com tantas eliminações em mata-mata? É Mirassol, é Lanús, é Grêmio... Sem esquecer de Binacional e LDU. Talvez a diretoria são-paulina tenha sido a que melhor trabalhou em 2020 ao simplesmente dar continuidade a um trabalho em andamento. Mas pode ter sido apenas uma coincidência, já que a trágica administração Leco chegava ao fim e não tinha mais cabimento ficar mudando peças.
Dado o tamanho que o clube ganhou e as conquistas que se acumularam nos últimos 50 anos, esta foi a pior década da história do São Paulo, quando o torcedor são-paulino aprendeu a sofrer o que os outros todos sofreram em seu momento. Não poderia acabar de outro jeito: com uma melancólica eliminação.
O Grêmio de Renato, ganhou o Estadual, mas foi eliminado de forma vexatória na Libertadores. Acaba na final da Copa do Brasil com um futebol pobrinho, pobrinho, tal qual o discurso do rapaz da boate que conseguiu levar a mocinha para o motel (Renato, o falastrão, não cansa de passar vergonha no século 21). O Internacional se autodestruiu em suas disputas políticas, perdendo a valia tremenda que Coudet trazia e poderia trazer ao clube. O Atlético Mineiro mostrou coisas bacanas com Sampaoli, no futuro saberemos se essa conta vai chegar ou não.
Ah, tem o Santos também! E se você acha que o Santos é o grande time de 2020, por favor, escale-o de 1 a 11, sem pestanejar.
Outro que, por linhas absolutamente tortas, consegue chegar longe em uma competição gigante como a Libertadores. Cuca, na minha opinião, foi o treinador de melhor trabalho no ano - dadas as condições que lhe eram apresentadas.
Se tivesse que dar um voto, talvez desse para o bravo Coelho! Apenas pelo simbolismo. O América Mineiro, de Lisca, já tem acesso à Série A praticamente garantido e vendeu caro a eliminação na semifinal da Copa do Brasil, depois de eliminar times grandes de Série A no caminho.
Resumo da ópera. A massa amorfa que é o futebol brasileiro acabará parindo algum campeão brasileiro, algum campeão de Copa do Brasil e, se bobear, algum campeão de Libertadores. Mas time, time mesmo, daqueles que lembraremos, escalaremos e usaremos como referência? Não, não saiu nenhum.
Os estádios vazios, como o Castelão, ali em cima, são a fotografia perfeita do futebol brasileiro em 2020. Ninguém mereceu público.
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