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Julio Gomes

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Verstappen precisará ter mais paciência se quiser bater Hamilton

Hamilton resistiu à pressão de Verstappen nas últimas voltas para vencer o GP do Bahrein - Clive Mason - Formula 1/Formula 1 via Getty Images
Hamilton resistiu à pressão de Verstappen nas últimas voltas para vencer o GP do Bahrein Imagem: Clive Mason - Formula 1/Formula 1 via Getty Images

28/03/2021 14h46

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Max Verstappen tinha o melhor carro, os pneus mais novos e tempo. A corrida de abertura da temporada da Fórmula 1 estava nas mãos do jovem holandês, o candidato único a acabar com o domínio de Lewis Hamilton, campeão dos últimos quatro campeonatos e seis dos últimos sete.

Hamilton liderava após uma estratégia arrojada, de adiantar pit stops para ganhar no box a ponta - que foi de Verstappen desde a largada até a primeira parada para troca de pneus. Mas o risco da estratégia era exatamente aquilo que estava acontecendo no fim da corrida. Verstappen chegaria mais inteiro às voltas finais.

Bastava ao holandês ultrapassar o inglês. E ele fez isso a três voltas do fim, mas usando uma parte da pista que era proibida. Precisou devolver a posição. Restava pouco tempo, o ritmo de "caça" já tinha ido embora, a desacelerada logicamente atrapalhou. Se Verstappen tivesse esperado mais meia volta, teria passado Hamilton na reta principal, com asa traseira aberta, sem grandes dificuldades.

Faltou paciência. Verstappen ainda é jovem, mas está demorando um pouco para encontrar o equilíbrio entre arrojo e inteligência, agressividade e paciência. Para ser campeão, não basta ser o mais rápido. É preciso usar a cabeça.

Que ele é o sucessor de Hamilton, parece claro. Mas a F-1 é dinâmica, o carro ótimo de hoje é ruim amanhã, surgem pilotos novos, situações mudam. Verstappen tem, em 2021, a clara chance de ganhar o título em cima do inglês. Mas vai precisar ter mais cabeça do que teve no Bahrein.

De resto, só elogios para a transmissão inaugural da Band - com equipe global, que tem know-how e conhece do riscado. É maravilhoso ouvir Reginaldo Leme novamente. Parece estar acabando a agonia de quem sempre soube que a Fórmula 1 poderia ter mais horas na grade em um canal de televisão.

A Globo estava acomodada demais com a F-1, não trabalhava mais o produto. Quando nos acomodamos, paramos. Serve para nós, para um time de futebol, para um canal, para um piloto. Se Hamilton se acomodar, tem um carinha ali pronto para tomar o lugar dele. Hamilton não irá se acomodar. Vamos ver se Verstappen estará à altura.