Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Liga dos Campeões chega às quartas com holofotes voltados a Guardiola
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E lá se vão quase 10 anos. Foi no dia 28 de maio de 2011, em Londres, no estádio de Wembley, que vi de perto o que considero o maior time que já vi jogar na vida. O Barcelona de Guardiola. O placar da final daquela Liga dos Campeões, 3 a 1 contra o Manchester United, não foi condizente com o tamanho do massacre, do domínio, da imposição. Mal sabíamos que aquele seria o último título europeu do genial técnico catalão. Pelo menos, por enquanto.
Desde então, Guardiola disputou mais uma Champions com o Barcelona, três com o Bayern de Munique e quatro com o Manchester City. Nunca mais chegou à decisão. O que contrasta com o incrível domínio que seus times impõem nos campeonatos nacionais de pontos corridos.
Nesta terça, começam a ser disputadas as quartas de final da Liga dos Campeões. Às 16h (de Brasília), o City recebe o Borussia Dortmund pela partida de ida. Ao mesmo tempo, o Real Madrid joga contra o Liverpool, na repetição da final de 2018. Amanhã, no mesmo horário, Porto e Chelsea jogarão em Sevilha (campo neutro) e, em Munique, o Bayern recebe o Paris Saint-Germain, a reedição da última final.
O City é franco favorito para passar do Borussia e chegar à semifinal pela segunda vez em sua história. Mas o City de Guardiola também era favorito contra o Lyon, em 2020; contra o Tottenham, em 19; ou contra o Liverpool, em 18. E nas três vezes acabou eliminado nas quartas de final. Em 17, fez ainda pior: caiu para o Monaco, nas oitavas. Era favorito, claro. Só em 2016, com o chileno Manuel Pellegrini no comando, antes da chegada de Guardiola, o City conseguiu chegar entre os quatro - perderia para o Real Madrid.
Os holofotes estão todos em Pep. Muitos acusam o treinador de "pensar demais" (o tal "overthinking" ou "viajar na maionese", no jargão popular) na hora do mata-mata. Apelam para que Guardiola faça apenas o arroz com feijão. Às vezes, menos é mais, dizem. Mas como exigir que um gênio deixe de pensar em genialidades?
Guardiola tem uma óbvia conta pendente com a Champions League. Não se pode ser tão bom, comandar elencos tão caros, e passar uma década inteira sem jogar uma final. No ano passado, ele tomou péssimas decisões no duelo contra o Lyon. Não dá para colocar a culpa no azar ou arbitragens nem ninguém. A conta está na mesa de Guardiola e ele precisa acertá-la.
Enquanto o City venceu 26 de seus últimos 27 jogos na temporada, já deixando o título inglês encaminhado, o Borussia Dortmund amarga a quinta posição na Bundesliga (já longe do G4), tem um técnico interino e ganhou só um dos últimos cinco jogos que fez. Ninguém acredita no Dortmund.
O que sim, todos querem ver, é Haaland em campo. Até porque o City é um óbvio candidato a contratá-lo. E porque o pai do garoto foi transferido do Leeds para o City justo no ano de seu nascimento. Histórias da bola. Importante notar que o norueguês jogará a partida pendurado e não pode levar amarelo se quiser estar no jogo de volta.
"Todos querem ir longe. Mas uma coisa é o que a gente quer e outra é ir ao gramado e vencer o adversário. Serei honesto: preparei este jogo do mesmo modo que preparei o anterior e o anterior ao anterior e todos os jogos dos últimos meses", disse Guardiola, na entrevista antes da partida. Encarar a Champions como "uma competição mais, entre tantas outras", não é exatamente o que os torcedores do City queriam ouvir. Mas este é Pep.
Quem passar deste duelo enfrentará nas semifinais o vencedor de Bayern x PSG. O clube alemão é o campeão europeu, o time a ser batido e a Europa inteira aguarda o duelo entre os dois melhores times do continente (City e Bayern). Mas Lewandowski, lesionado, não estará em campo na quarta-feira e nem no jogo de volta. E o Paris tem Neymar e Mbappé, os dois mais caros da história e dois dos mais talentosos, mas ainda com muitas coisas a provar.
Neymar chega novamente a esta fase de Champions League sob enorme desconfiança, principalmente após a expulsão de sábado, contra o Lille. Mas Neymar é capaz de tudo. Inclusive de fazer um jogo brilhante e destronar o Bayern. Pode também levar um amarelo e ficar fora do jogo de volta (está pendurado). Veremos.
CLÁSSICO DE CAMPEÕES
Nesta terça, em Madri, Real e Liverpool fazem um jogo que reúne 19 títulos de Champions. São duas das camisas mais pesadas da história do futebol mundial. Mas que vivem uma temporada esquisita.
Apenas dos três títulos seguidos (16, 17 e 18), Zidane não consegue ser unanimidade. As escalações variam o tempo todo, ninguém sabe exatamente a que joga o Real Madrid e a temporada é uma enorme montanha-russa. Além de tudo, há simplesmente um clássico contra o Barcelona no fim de semana, no meio dos dois confrontos contra o Liverpool.
Um enorme problema para o Real Madrid é a ausência do capitão Sergio Ramos, o grande líder do time, a alma madridista em campo. Tem virado moda, e Zidane aderiu, o sistema com linha de três atrás. Assim, Marcelo, tão criticado pela imprensa espanhola ao longo da temporada, pode ser o titular aberto como ala esquerdo. Qualquer tipo de resultado positivo passará obrigatoriamente por Benzema, o grande nome do Real Madrid na temporada.
O Liverpool, apenas sétimo na Premier League, é outro time capaz de tudo. Perdeu Van Dijk no começo da temporada, as lesões se amontoaram e a defesa virou uma peneira. Mas pelo menos o ataque voltou a funcionar, como nos 3 a 0 sobre o Arsenal, no fim de semana. E é bom ressaltar que o ataque tem o português Diogo Jota ao lado de Mané e Salah. Firmino é banco.
Tudo pode acontecer em um clássico como este, mas o momento da temporada parece ser um pouco mais favorável ao Liverpool.
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