Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Renato, de 'selecionável' a dispensável, se perdeu no próprio personagem
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Em quase cinco anos como técnico do Grêmio, Renato Gaúcho foi de homem mais desejado do futebol brasileiro a dispensável. De certeza a dúvida. Enquanto o futebol melhorou no Brasil, principalmente com o ar fresco trazido pelos técnicos estrangeiros, Renato foi ficando para trás.
Ele chega ao Grêmio, é campeão da Copa do Brasil em 2016, da Libertadores em 17 e faz seu time jogar bem o futebol por algum tempo. Claro que não foi tão bom quanto ele falava que era e nem durou tanto tempo como as declarações dele fazem parecer. Mas sim, a Renato o que é de Renato. O Grêmio ficou mais forte com ele.
Neste momento, Renato era o sonho de consumo do Flamengo, mas preferiu ficar no Grêmio. Após a Copa de 2018, quando muitos pediam a cabeça de Tite, Renato era o primeiro da fila para assumir a seleção brasileira caso houvesse uma troca. Ele era a bola da vez.
Mas, a partir de 2019, as coisas começaram a mudar. Chegaram Jorge Jesus ao Flamengo, Sampaoli ao Atlético, depois vieram outros. E começamos a ver algo diferente aqui. É claro que o futebol brasileiro se esforça para seu produto ser pior, principalmente em termos de calendário. Mas o fato é que o jogo melhorou.
E Renato não acompanhou. O Grêmio seguiu sendo competitivo nos mata-matas, mas no caminho levou 5 do Flamengo, 4 do Santos...
Quando "quis" jogar os pontos corridos, a limitação ficou evidente. Era um bom álibi não "ter que" priorizar os pontos corridos quando o Grêmio tinha, efetivamente, chances de ganhar o Brasileiro, não é mesmo? Mas, isso, só vimos depois. Antes, o mito Renato alimentava a imagem de que, "se quisesse", o Grêmio chegaria. Estava escolhendo outros caminhos, mas, bola por bola, era "quem melhor jogava".
Ele é bom de lábia. Convenceu muita gente. E, como bom "malandro", outra imagem que gosta de cultivar, sempre arrumava boas desculpas pelos fracassos. A principal, lógico, apontar para as arbitragens. O fato é que, enquanto o futebol brasileiro ia dando passos adiante, Renato se perdia no personagem que criou.
No discurso externo, Renato é o típico "eu ganho, eles perdem". Detestável. Nunca concede méritos aos adversários. Flerta com o desrespeito constante. Um péssimo exemplo.
No discurso interno, parece óbvio que Renato é outro bicho. Muito mais inteligente e coletivo, soube tomar conta do vestiário gremista, ajudar o clube a fazer dinheiro (chegando longe em competições) e trazer atletas da base para o time de cima. Apesar do discurso sempre em primeira pessoa, as informações dão conta de que ele é um bom "team player" e nunca abriu mão do conhecimento trazido pelos outros departamentos do clube.
E agora, qual será o futuro?
No Flamengo, portas fechadas depois das negativas da parte dele. Pensar em seleção brasileira é um devaneio, até porque este papo ficou para 2023. Dos maiores clubes do país, só o Corinthians parece ter uma porta aberta - e nem parece ser uma boa. Se pensarmos em orçamentos, temos de lembrar que ele recusou pegar o Atlético Mineiro - um erro de julgamento grave, pois era claríssimo que o ciclo no Grêmio estava terminando.
Renato fará falta para o futebol brasileiro? Para quem gosta das bravatas dele, sim. Para quem está preocupado com o nível de futebol, a resposta é "não". Seria diferente dois anos atrás, mas a última imagem foi bem feia. De "selecionável", Renato desceu a ladeira e hoje é "dispensável".
E para o Grêmio? Creio que era a hora da troca. A queda técnica não apaga o que ele é: o maior ídolo da história do clube. Olhando o conjunto da obra, talvez o maior ídolo que qualquer clube possa ter no futebol brasileiro. Não é pouco.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.