Topo

Julio Gomes

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Chelsea domina, mas Real Madrid, como sempre, sobrevive

Real Madrid e Chelsea fazem o jogo de ida da semifinal da Liga dos Campeões - PIERRE-PHILIPPE MARCOU / AFP
Real Madrid e Chelsea fazem o jogo de ida da semifinal da Liga dos Campeões Imagem: PIERRE-PHILIPPE MARCOU / AFP

27/04/2021 17h50

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Já falei mil vezes e possivelmente falarei para sempre. Na Champions League, o Real Madrid nunca pode ser desprezado, subestimado ou descartado. A capacidade de sobrevivência deste clube específico nesta competição específica é realmente notória.

Nesta terça (27), o Real sobreviveu de novo. Empatou por 1 a 1 com o Chelsea, em partida de ida das semifinais da Liga dos Campeões da Europa. O jogo de volta será em Londres, quarta que vem. Quem vencer, estará na final. Empate sem gols beneficia o Chelsea, novo 1 a 1 leva para a prorrogação, empate por dois ou mais gols seria bom para o Madrid.

E por que o Real sobreviveu? Porque o Chelsea foi muito superior. Não foi um massacre, até porque nem é esta a característica deste Chelsea, de Thomas Tuchel (técnico finalista da última Champions, ainda com o PSG). Mas era jogo para o time azul sair vitorioso. Não saiu.

Apesar de ambos os times entrarem em campo com um sistema de três zagueiros, do meio para frente as formações eram diferentes. O Real Madrid com um 3-5-2 clássico, do jeito que vem fazendo na segunda metade da temporada. Alas abertos, trio de sempre no meio, Vini e Benzema à frente. O Chelsea com algo mais parecido com um 3-4-3, com três atacantes e mais ofensividade.

O sistema de Tuchel funcionou melhor do que o de Zidane, até porque Kroos e Modric não tiveram exatamente uma noite muito inspirada. Muito agressivo no meio de campo e com bons lançamentos para os atacantes, o Chelsea machucou demais o Real Madrid nos primeiros 20 minutos de partida.

Courtois fez uma defesa espetacular, à queima-roupa, contra Werner, mas depois saiu que nem louco para tentar roubar a bola dos pés de Pulisic, não conseguiu e levou o primeiro gol desde o clássico contra o Barcelona (foram quatro partidas seguidas sem ser vazado depois daquilo).

O Real "acha" o empate ainda no primeiro tempo, na bola parada e com conexão brasileira. Marcelo cruzou, Casemiro ganhou de cabeça, Militão tirou uma casquinha e a bola sobrou para Benzema empatar. Os três brasileiros que participaram do gol jogaram bem, especialmente Militão - nas últimas semanas, o Real Madrid já superou o "medo" de jogar sem Sergio Ramos. Vini Jr pouco fez.

No segundo tempo, o Chelsea voltou a ser melhor na maior parte do tempo, pressionando a saída de bola do Real, mordendo no meio de campo e atacando com velocidade. Não foram muitas chances de gol criadas, no entanto. Nos minutos finais, o Real Madrid foi superior e chegou mais ao ataque, mas sem sucesso.

Principalmente pelo primeiro tempo, era para o Chelsea voltar para casa com uma vitória, mas o Real Madrid, para variar, saiu vivíssimo do confronto. Até porque o fator casa não tem feito diferença alguma no mata-mata da Champions (12 vitórias dos visitantes contra 9 dos mandantes).

O Chelsea leva pouquíssimos gols desde a chegada de Tuchel, em janeiro. Em 22 jogos, sofreu só nove gols - mas cinco deles vieram em uma partida só, contra o West Bromwich, quando Thiago Silva foi expulso no comecinho. Ou seja, nos outros 21 jogos, incluindo o de hoje, foram quatro gols sofridos. É pouco, muito, muito, muito pouco.

O grande desafio do Real Madrid será esse em Londres, furar a defesa do Chelsea. Podemos dizer tranquilamente que esta é uma semifinal aberta. Pode cair para qualquer um dos lados.