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Julio Gomes

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Crespo merece elogios, mas erros e VAR arruinam o São Paulo

Rodrigo Nestor é expulso em partida do São Paulo contra a Chapecoense - FERNANDO ROBERTO/UAI FOTO/ESTADÃO CONTEÚD
Rodrigo Nestor é expulso em partida do São Paulo contra a Chapecoense Imagem: FERNANDO ROBERTO/UAI FOTO/ESTADÃO CONTEÚD

16/06/2021 20h58

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O São Paulo apenas empatou com um fraco time da Chapecoense por 1 a 1 na noite desta quarta, no Morumbi, e ampliou seu pior início da história dos pontos corridos para quatro rodadas.

Desde que o sistema de todos contra todos foi implementado no Brasileirão, em 2003, é apenas a segunda vez que o São Paulo começa o torneio com quatro jogos sem vitórias. Em 2008, perdeu a primeira, empatou as três seguintes e foi ganhar só na quinta rodada - acabaria campeão. Agora, em 2021, são dois empates e duas derrotas em quatro jogos. Portanto, a pior campanha deste século, com 2 pontos em 12 possíveis.

E só um gol feito. O gol de Éder, hoje, no primeiro tempo, após cruzamento de Rigoni. O São Paulo foi a campo com uma escalação ultraofensiva, com todas as armas que poderia utilizar. Só um zagueiro, meio de campo leve, uma espécie de 4-2-4 com Sara na lateral esquerda. Era uma escalação para vencer e vencer bem. Leitura perfeita de Crespo, era mesmo jogo para isso.

Aí surgiram os dois problemas que, lá na frente, foram resultar no empate ao final da partida.

Durante todo o primeiro tempo, o São Paulo criou menos chances reais de gol do que deveria. Fez um, deveria ter feito mais e encaminhado a vitória. Os erros técnicos, muito mais do que qualquer questão tática, foram os vilões. Se tivesse feito o que deveria, o time não ficaria suscetível ao que ocorreria no final da primeira etapa: VAR.

Aos 38min, Rodrigo Nestor levantou demais o pé, tocou na bola e, por acidente, houve o choque com a cabeça de Léo Gomes, da Chape. O árbitro Dyorgines de Andrade estava em cima do lance e fez o certo: mostrou cartão amarelo pela imprudência.

Mas, no Brasil, o VAR gosta é de aparecer. Em um lance interpretativo, visto pelo juiz de campo, mesmo assim o árbitro de vídeo decidiu que era lance para vermelho - um uso equivocado e intervencionista da ferramenta, que só se vê no Brasil (em larga escala) e na América do Sul (em média escala). O senhor Dyorgines não deveria nem mesmo ter ido à cabine. Não só foi como "afinou" e trocou o amarelo para vermelho.

Logo antes, Fernandinho, da Chape, havia sido derrubado na área. Lance de interpretação, tem árbitro que marcaria e árbitro que não marcaria a penalidade. Dyorgines de Andrade não viu pênalti e deixou o lance seguir. O VAR, na minha opinião, acertou ao não chamá-lo - afinal, lance interpretativo. Mas um ângulo por trás, que o juiz não tinha, poderia ter mudado a marcação. Não tem sentido algum o VAR chamar para um lance ser revisto e o outro, não. O correto, insisto, seria não chamar em lance algum. Chega deste intervencionismo tolo.

Resultado: a ofensividade do São Paulo ficou para terceiro plano. E o jogo virou um inferno disciplinar no segundo tempo. O São Paulo teve chances para ampliar antes de sofrer o empate, mas voltou a falhar - parece mais o time afobado de antes de sair da fila do que o que deveria estar mais tranquilo após o título paulista.

Nos instantes finais, com campo aberto, a Chapecoense desperdiçou várias chances de vencer. E o São Paulo acertou a trave.

O empate é um preço caro a pagar pelo São Paulo, que não pode reclamar do técnico e que vai falar muito de arbitragem. Mas que pode, sim, lamentar o excesso de erros de seus jogadores. É um início horroroso de Brasileiro e que preocupa - bem além do VAR.